Você ainda não conhece o AC Encontros Literários? Se a resposta for sim, não sabe o que está perdendo.
Esse vitorioso projeto (prêmio APPERJ ? Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro na categoria Encontros Literários on-line), que conta com a curadoria do fera César Manzolillo, recebe semanalmente um escritor (ou escritora, é claro) brasileiro.
Primeiro, uma entrevista é publicada. Em seguida, uma live, realizada.
Todo esse material segue disponível para quem quiser ler e reler, ver e rever sempre que tiver vontade. As entrevistas, no site do portal ArteCult (digite AC Encontros Literários na pesquisa). Já as lives ficam armazenadas no nosso canal do YouTube (na playlist AC Encontros Literários).
Pra que você tenha um gostinho do que já aconteceu nesses encontros, dá uma olhada nas dicas e conselhos que alguns dos nossos convidados deram aos novos escritores:
Como sou do time que acha que a criação literária depende unicamente de 1% de inspiração e 99% de transpiração, acrescento o seguinte: Escrever não é fácil. Mas se fosse, que graça teria? (ANTÔNIO TORRES)
Não vou usar a velha frase feita “não sigam conselhos de ninguém”. Sigam conselhos sim, mas sempre com uma visão crítica. O importante não são as respostas, mas as perguntas. Eu acho que qualquer trabalho, qualquer fazer humano, tem uma história, seus instrumentos e, na mistura desses dois, resultam várias formas do fazer. A literatura é um desses fazeres humanos. Então, precisamos conhecer sua história, seus instrumentos e suas várias formas. E é muito difícil viver de literatura, no sentido financeiro. Eu não vivo. Como disse, o que me dá dinheiro são os roteiros para a TV. A literatura e os roteiros têm semelhanças e interseções. E os dois me dão enorme prazer. Como disse Manuel Bandeira, no poema Testamento: Vi terras de minha terra / Por outras terras andei / Mas o que ficou marcado / No meu olhar fatigado / Foram terras que inventei. E como eu disse, conversando com esse poema: que as terras que eu não inventei me sejam leves. (CESAR CARDOSO)
Se deseja escrever, trate de escrever. Não adie, não deixe para amanhã o que pode fazer hoje. Procure ter método e disciplina, dê um jeito de ter uma rotina, escreva sempre. Para se aperfeiçoar e adquirir domínio sobre o ofício – como músico que todo dia estuda e toca escalas, ou como atleta que precisa fazer exercícios diariamente. Não tenha pressa nenhuma em publicar. Aquela coisa que o Drummond ensinou: “Não forces o poema a desprender-se do limbo”. Alias, acho que a maior recomendação seria : encontre esse poema dele (“Procura da poesia”), leia, releia, assimile e siga religiosamente. Não conheço melhor conselho ou dica. (ANA MARIA MACHADO)
Meu conselho não é nada original, repito o que muitos costumam recomendar: leiam bastante e não tenham pressa de publicar. (LUÍS PIMENTEL)
Primeiro, que leia muito, e não leia apenas na área onde pretende escrever. Amplie seus horizontes. Se quer ser romancista, leia romances, mas não só eles: leia muita poesia. Se quer ser poeta, leia poesia, mas leia também a prosa de ficção. E assim por diante. (BRAULIO TAVARES)
Leia de tudo, não tenha preconceitos, não tenha arrogância, tente descobrir a sua própria fórmula de leitura criativa (não acredite em escrita criativa, acredite em leitura criativa) e tente suportar, com maturidade, a solidão que leva a essa fórmula, a essa condição. (PAULO SCOTT)
Sugiro que leiam meu livro Esses livros dentro da gente – uma conversa com a pessoa que escreve, que sairá em nova edição pela Imperial Novo Milênio nos próximos dias. Por meio de linguagem poética, esse livro dá dicas para quem deseja escrever. (STELLA MARIS REZENDE)
Leiam muito, muito, antes de escrever, e escrevam muito, muito, antes de publicar. (PAULO HENRIQUES BRITTO)
Leia muito e escreva. Os dois processos, ao mesmo tempo. Seja exigente consigo mesmo. Se alguma coisa te desagrada no texto, risque: sem dó nem piedade. Leia em voz alta. A música das palavras é importante. Mesmo para a prosa. E tenha em si que a literatura é um ato solitário. Seja, portanto, paciente e tenaz. Se é verdadeiramente isso que você quer; se você tem realmente necessidade, uma necessidade profunda de se exprimir por meio de palavras. (JORGE SÁ EARP)
A gente deve tentar habitar a cena que descreve, se colocar dentro dela. Preferir o específico ao genérico. Esquecer (não é nada fácil) que aqueles personagens são inventados, e gostar ou desgostar deles como se fossem tão reais quanto nossos amigos, vizinhos, parentes. Se você não tiver uma fé profunda na verdade do que narra, como esperar que o leitor tenha? Mas ter fé não basta. Para convencer o leitor, é preciso investir um tempo imenso no acabamento da escrita, nos mínimos detalhes, na escolha do que é essencial. Reescrever, deixar um tempo esfriando e reescrever um pouco mais, quantas vezes for necessário. Não ter pena de cortar nem pressa de publicar. (SÉRGIO RODRIGUES)
Escreva! Só se aprende a escrever, escrevendo! Tire alguns minutos por dia para exercitar seu texto, sua imaginação, sua musculatura criativa. Um “abdominal mental” !!! Mesmo que delete tudo depois. Sou do tempo da máquina de escrever e o que joguei de papel, de lauda, fora daria para cobrir a baía da Guanabara. Comece escrevendo sobre temas próximos a você, histórias de família, amizades, namoros, escola, episódios pessoais. Tente botar suas impressões digitais nesses textos sem se preocupar com a verdade dos fatos. Todo ficcionista é um mentiroso, posto que inventa suas narrativas. (CARLOS EDUARDO NOVAES)
Só se dediquem à literatura se tiverem absoluta e inafastável convicção de que ela é uma vocação autêntica, e que pode redundar em algo que merece existir, que deve existir. Fora tal caso, afastem-se totalmente dela, no sentido ativo, sejam apenas grandes leitores, pois dedicar a vida à literatura num país periférico, mentalmente colonizado e visceralmente ignorante como o Brasil é uma desgraça. (ALEXEI BUENO)
Ler muito, escrever muito e não esperar nada em troca. (CLAUFE RODRIGUES)
Escrever como se não fosse publicar. Em algum momento, essa experiência merece ser vivida, a selvageria da linguagem. (ANDRÉA DEL FUEGO)
Meu conselho é que vocês leiam muito, leiam autores brasileiros e estrangeiros, clássicos e contemporâneos. Ninguém se torna um bom escritor sem muita leitura. Depois escrevam e submetam seus textos ao olhar de alguém mais experiente, que possa te mostrar os erros e acertos. Para isso, as oficinas de literatura são muito úteis. Aliás, se você quiser uma oficina para escrever bastante e ouvir muitos palpites sobre seus textos, estou às ordens. (IVANA ARRUDA LEITE)
Acho que o conselho mais precioso que se pode dar a alguém que queira escrever é que leia. Mas leia muito. E que saiba que a carreira vai exigir humildade e paciência. É uma carreira linda mas trabalhosa e, muitas vezes, de uma solidão devastadora. (CÍNTIA MOSCOVICH)
A pergunta mais difícil… Nas oficinas, quando me pedem um conselho, ou até mais de um, quando me pedem os “dez mandamentos do bom escritor”, decálogo que os escritores bem-sucedidos costumam divulgar sem qualquer pudor, na verdade o que estão querendo é a misteriosa receita do sucesso. Deixando de lado o fato comprovadíssimo de que muitos autores talentosos jamais seguem os conselhos que tão generosamente oferecem… A arte e a literatura estão muito longe do campo das ciências exatas. Autores, aceitem a verdade: talento, disciplina, persistência, muitas obras de inegável valor, prêmios literários, nada disso salvará a maioria de chegar ao final da vida com menos de cinquenta leitores. Então, meu conselho é: tenham sorte. Esse é o único ingrediente infalível na receita do sucesso. Que tipo de sorte? Num universo determinista, a sorte de seu sucesso já ter sido previsto no roteiro pré-determinado no primeiro segundo do big bang. (NELSON DE OLIVEIRA)
Ler muito. Mostrar nas redes o que escreve. (ROSEANA MURRAY)
Digo que, em começo de carreira, não sejam tão exigentes com suas produções. Há hora para tudo. E o excesso de autocobrança e perfeccionismo pode ser tóxico no início, porque, perceba, há um descompasso. Sonhamos alto, nossas pretensões literárias podem ser grandes, nos inspiramos em autoras e autores que admiramos. Em contrapartida, salvo raras exceções, ainda não temos o conhecimento, o talento trabalhado, a mão firme, a experiência para alcançar tudo isso, de modo que nos frustramos. Aconselho que não joguem fora suas produções. E passem para a próxima e para a próxima. Algum tempo depois, voltem a elas. Ali pode estar a semente para algo melhor, mais maduro. Não se apressem em publicar. É preciso um tanto de paciência e persistência, mas em algum momento o esforço começa a gerar resultado. (ANDRÉ TIMM)
Não sei se é assim com todo mundo que escreve, mas creio que o que faz a gente crescer como escritor é estar sempre pensando em escrever algo único, que não se pareça com nada, especialmente com os autores que mais exerceram influência. Que sejam artistas. O Godard, cineasta, diz que “cultura é regra, enquanto arte é exceção”. (ANDRÉ SANT’ANNA)
Não tenha pressa para publicar, é importante conviver longamente com um livro antes de entregá-lo ao público. E só escreva se você realmente se sentir sufocado por uma história, como se estivesse engasgado, com um osso de galinha. (MIGUEL SANCHES NETO)
Confira o convite de César Manzolillo e veja alguns dos escritores que já passaram pelo AC Encontros Literários:
Clique abaixo para ler as demais entrevistas exclusivas do projeto!
Não deixe de ver também:
AC Encontros Literários tem curadoria e apresentação (lives) de César Manzolillo (@cesarmanzolillo).