O SOM DO SILÊNCIO: Drama protagonizado por Riz Ahmed agrada por sua profundidade e autenticidade

 

A vida é uma sucessão de fatos e sentimentos, moldada por inúmeras sensações que inundam nosso ser e ditam o sentido da nossa existência. Expressar-se em muito se relaciona com arte. O Som do Silêncio (The sound of metal) da Amazon Prime Video (já disponível na plataforma de streaming) e filme que concorre a seis Oscar (inclusive Melhor Filme e Melhor Ator), apresenta Ruben Stone (Riz Ahmed), baterista de uma banda de heavy metal que conta também com a vocalista Lou (Olivia Cooke), sua namorada.

A agressividade sonora, típica do estilo musical adotado pela dupla artística, é contrastada pela rotina pragmática e saudável imposta por Ruben, que reside em um trailer sob a companhia de sua companheira. Lou, de maneira distinta, mostra-se conduzida pelo protagonista a não cair no deleite da tendenciosa rotina desregrada típica de um “rockstar”.

Cena de O Som do Silêncio. Foto: divulgação.

O equilíbrio mostra-se como fator nuclear na personalidade do protagonista, que guarda parcimônia em sua essência, alimentada pelo gasto energético nas engenhosas viradas de bateria por ele executada. Apesar de pouco explorada, percebe-se que a pregressa história do instrumentista fora ditada por instabilidade, restando, por tanto, sua presente existência pautada em sua relação amorosa e no ofício musical.

Nessa perspectiva, a direção de Darius Marder (que assina também o roteiro que concorre ao Oscar de Melhor Roteiro Original) mostra-se objetiva e sem rodeios. Brota desta curta e preambular introdução da narrativa de Ruben um percalço que faz ruir a estrutura na qual pautava toda a sua estabilidade: a repentina perda auditiva.

O sentido, derivado do sistema sensorial, dita uma nova perspectiva após sua perda; Faz gerar em Ruben um embate por demais doloroso: consentir pela mudança e aceitar o árduo processo de aceitá-la. O som do silêncio, de certo modo, possui uma proposta de arrebatamento, que faz surgir empatia naquele que o assiste.

Ruben Stone (Riz Ahmed) em O Som do Silêncio. Foto: divulgação.

A vida não estaria atrelada à plena fruição dos tradicionais cinco sentidos do corpo humano; A sociedade, ordinariamente concebida, é estruturada para satisfazer as necessidades mínimas daqueles tidos como maioria. Analogicamente a “lei da selva”, empeira, portanto, sob aqueles que não se enquadram nesse modelo padrão de viver.

A concepção atual de uma sociedade solidária e com desígnios sociais, faz tornar necessário a integração daqueles tidos como “minoria” ao convívio social, valendo-se principalmente para isso de imperativos legais. A título ilustrativo, vale mencionar a Lei nº 10.436, promulgada em 2002, e que dispõe sobre a tão conhecida Língua Brasileira de Sinais – Libras.

Proporcionar aos deficientes auditivos compensações, a exemplo no âmbito da empregabilidade, por meio de cotas (empresas como mais de cem funcionários) ou da aposentadoria especial (critério de contagem diferenciada), só se faz necessário em razão dos ideias que pautam o ser em sua essência produtiva, fato comum para o sistema capitalista vigente.

Riz Ahmed (Ruben Stone) e Olivia Cooke (Lou) em O Som do Silêncio. Foto: divulgação.

O paradoxo proposto pela tradução brasileira do título original – o som do silêncio – ultrapassa o sentido da vulnerabilidade por vezes focalizada na tratativa deste tema, sendo mais ousada e profunda. O embate pessoal encabeçado pelo protagonista é revestido de questionamentos e de auto aceitação; uma tentativa de acolher o novo mundo apresentado, leia-se imposto.

Desta forma, o longa possui muito mérito na construção de sua narrativa, merecendo destaque a atuação de Riz Ahmed, que, sem dúvidas, tem agora uma de suas melhores interpretações no currículo. A prática do silêncio por demais é penosa, faz com que fiquemos atentos aos ecos que circulam por nosso ser. Que possamos encontrar nosso refúgio interno e que ele seja de paz!

CONFIRA O TRAILER:

 

DENI FILHO – CINE & LAW

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