Soldado Estrangeiro: Documentário nacional aborda as perspectivas que circundam a difícil escolha de torna-se integrante de um grupo armado internacional

Sob a direção/produção de José Joffily e Pedro Rossi, o documentário “Soldado Estrangeiro“, que estreará nos cinemas no dia 03 de dezembro, aborda uma temática pouco discutida no Brasil, muito em razão da falta de sintonia do sentimento nacionalista do brasileiro com as atividades militares, sendo, de certo modo, um nicho restrito àqueles que simpatizam com o assunto. O filme acompanha a história de três personagens e seus diferentes estágios para o ingresso em exércitos internacionais, escancara os anseios, a rotina e os efeitos decorrentes da escolha em ser integrante de um grupo armado.

A ingênua motivação heroica e homérica que se espera transparecer dos protagonistas, que optaram pela distância de seus lares e pelo risco do combate, apesar de não se perderem, haja vista nitidamente estarem presentes nos impulsos de Bruno, Mário e Felipe, acabam se esmaiando no decorrer do documentário, uma vez que o anseio de alcançar uma melhor condição de vida, construir uma carreira profissional ou até de empoderamento, se sobrepõem à vocação para o combate.

Cena de “Soldado Estrangeiro”. Foto: Divulgação.

Tal fato não retira em nada a honradez de tais escolhas, que, na verdade, denotam tamanha coragem daqueles que abdicaram de um mínimo conforto, para lançarem-se no desconhecido e no risco inerente à guerrilha. Acompanhado de citações do livro “Johnny Vai à Guerra”, a indagação sobre a coerência do confronto armado é evidente, permitindo ao telespectador pensar que, talvez, o verdadeiro confronto escancarado seja aquele travado na vida e nas dificuldades dela advindas.

Assim, dividido em três partes, apresenta-se primeiro o aspirante Bruno Silva, carioca, pai de uma garota, residente em zona suburbana e que anseia integrar a Legião Estrangeira, grupo armado sediado na França. Em seguida, conhece-se Mario Wasser, jovem de classe média que reside em Israel e exerce seu ofício no combate a atos terroristas. Por fim, surge Felipe Nascimento, brasileiro, veterano do exército naval estadunidense que carrega consigo as mazelas da guerra.

Cena de “Soldado Estrangeiro”. Foto: Divulgação.

Nesse ponto, o documentário ganha em perspectiva, explorando muito bem as várias facetas de seus protagonistas, que se mostram dicotômicos em seus comportamento e personalidades, mas que comungam de uma realidade similar, tratada pelo ingresso às forças armadas estrangeiras, cada um possuindo uma função representativa: temos o aspirante, o combatente e o veterano. O seu caráter antibélico também é genuíno, palpável pelo telespectador, mas, ao mesmo tempo, discreto; apoia-se mais na história vivida pelos três brasileiros e nos sentimentos por eles exalados.

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Soldado Estrangeiro, dessa forma, torna-se tocante e humano, revelando com sinceridade a realidade por detrás de uma escolha tida, de certa maneira, audaciosa e arriscada. A sintonia conquistada por cada um dos protagonistas também é um ponto positivo, haja vista que a história individualizada faz com que o telespectador reaja de uma maneira distinta e singular em relação a cada um deles. O olhar acurado para o humano torna-se a chave deste documentário, que sobrepuja a guerra e a cultura armamentista por vezes incitada pela população em geral.

 

DENI FILHO

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