AC Entrevista – Polliana Aleixo: Atriz fala sobre seus 14 anos de carreira e sua estreia internacional na série “El Presidente”

Com apenas 11 anos, a atriz Polliana Aleixo fez sua estreia na televisão, em 2007, interpretando a personagem Lucélia no especial “O Segredo da Princesa Lili”, da Rede Globo, ao lado de Renato Aragão e dirigida por Marcus Figueiredo.

As coisas aconteceram de forma muito orgânica e gradual na minha vida profissional, pra minha sorte, hoje consigo ter essa percepção de forma mais clara. Eu tinha 11 anos e tudo que sabia era que gostava muito de estar no estúdio, ficava empolgada para ir trabalhar depois da aula, mas não tinha dimensão do tamanho disso ou um senso de responsabilidade tão grande. Aos 13 anos eu lembro de ter essa virada de chave na minha cabeça, de entender a proporção de fazer uma novela no Brasil, principalmente naquela época. Foi uma decisão que tomei internamente de que era isso que queria fazer para vida e é uma convicção que só cresce com o tempo. Ainda mais com o crescimento e reestruturação que estamos tendo no mercado, fico feliz e orgulhosa de ver o audiovisual brasileiro experimentando novos formatos e os entregando com excelência, somos muito capazes e acredito cada dia mais na globalização dentro da minha área.

Polliana Aleixo – Foto: Maju Magalhães

No ano seguinte, ela foi escalada para sua primeira novela, “Beleza Pura”, também da Globo, dando vida à Dominique, uma das filhas de Christiane Torloni na trama. Polliana seguiu por mais de três anos, emendando um trabalho no outro. Um desses trabalhos foi em “A Vida da Gente” em 2012, onde viveu a tenista obstinada Cecília Villaça. Por conta da pandemia a novela está sendo reprisada na faixa das 18h, mesmo horário da exibição original.

Em 2014 a atriz retorna à TV no horário nobre, na novela “Em Família”, da Globo, interpretando Bárbara, filha da personagem vivida por Vivianne Pasmanter, e que foi um divisor de águas em sua carreira, não apenas pela repercussão de seu núcleo e novela, mas por ser o primeiro trabalho de Polliana já com maioridade. Entre 2015 e 2017, Polliana cursou Publicidade e Propaganda na faculdade IBMR.

Eu não cheguei a me formar, justamente porque em um momento eu tive que me dedicar a um ou outro, e atuar sempre foi meu plano A. Mas o curso foi muito enriquecedor, nunca tive o objetivo de ter isso como uma outra carreira, mas sim de alinhar com a minha profissão de atriz. Entender o mercado, as dinâmicas, como tudo funciona, até o papel da própria mídia dentro do que faço, tudo isso foi fundamental para criar uma base sólida e a segurança que tenho com meu trabalho, sinto que hoje tenho um entendimento mais completo e até estratégico dos meus objetivos com a minha carreira, um pensamento que passa por todas as áreas, não só pela criação e atuação, e que é a longo prazo.

Em meados de 2018, estreia a novela “Jesus”, na Rede Record, em que traz a atriz no papel de Kesiah, novela que também está sendo reprisada. Também na Rede Record, Polliana participou de “Gênesis”, dando vida a Paltith, filha de Ló. Uma personagem que teve grande destaque na trama, rendendo ótimos elogios para a jovem.

Polliana Aleixo foi confirmada na série da Amazon, “El Presidente” do roteirista argentino Armando Bó, vencedor do Oscar em 2015 na categoria de Melhor Roteiro Original por “Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance)”.

Veja abaixo nossa entrevista completa com a atriz

Por conta da pandemia “A Vida da Gente” está sendo reprisada, você está assistindo? Se sim, como é assistir como público um trabalho de 10 anos atrás?
Agora que voltei pro Brasil, estou conseguindo acompanhar melhor, porque fora não tinha acesso e tempo, pois estava trabalhando. Conseguia ter uma noção básica do que ia ao ar pelas redes sociais, com as pessoas mandando mensagens e vídeos. Eu fiquei muito empolgada desde que soube da possibilidade de voltar a passar essa novela, porque foi um trabalho muito prazeroso e enriquecedor pra mim, e era uma novela deliciosa de assistir, sou fã dos textos da Lícia Manzo, adoro a sensibilidade dela e forma de falar sobre a vida e as relações. Está sendo uma delícia reviver isso e, consequentemente, revisitar lembranças dessa época. Sempre que vejo um trabalho antigo sinto que isso mexe comigo de uma forma muito grande, não no sentido crítico da coisa, mas mais de desfrutar dessa possibilidade de me ver numa outra época, em 10 anos muita coisa acontece e muda, é terapêutico viver isso. E é muito divertido que muitas pessoas que não estavam na minha vida há 10 anos atrás, mas fazem parte dela hoje em dia, vem falar comigo que assistiam a novela e adoravam. A gente sente o tempo quase que palpável nessas situações.

Polliana Aleixo – Foto: Maju Magalhães

Mesmo quando está gravando com a novela no ar, você tem o costume de assistir seus trabalhos?
Eu sempre assisto porque acredito que isso também faz parte do trabalho, mas confesso que até hoje não me acostumei e acho que nunca vou me acostumar. Agora com os novos formatos surgindo, é ainda mais desafiador, porque a novela é uma obra aberta e que acontece simultaneamente com as gravações, então você pode ir se assistindo e se corrigindo ao longo do processo. No cinema e nas séries é totalmente diferente, é algo que você só consegue ter uma noção quando lança, e uma vez que foi pro mundo, não muda mais.

Você estrelou “Jesus” em 2018, que também está sendo reprisado. Qual a maior lembrança que você tem de quando gravou essa novela?
Os encontros, sem dúvida. Foi um dos elencos mais amorosos e unidos que já fiz parte, somos todos grandes amigos até hoje, fiz amizades que são essenciais na minha vida. Temos um grupo só das mulheres também, que é super ativo e, antes da pandemia, nos encontrávamos sempre, temos um amigo secreto anual de natal. Inclusive, não vejo a hora de estarmos todas vacinadas para voltarmos com nossas reuniões, foram encontros poderosos e de muito amor.

A pandemia afetou o trabalho de todos de alguma maneira, e meio do entretenimento foi muito afetado, na TV inclusive com paralisação das gravações. Como a pandemia afetou você?
Me afetou mais pessoalmente que profissionalmente, na verdade. Logo que o mercado voltou, eu também voltei a trabalhar, e esse ano está sendo bem cheio, na verdade a minha agenda já está fechada desde o início do ano. Mas é absolutamente inevitável não se afetar, seja individualmente ou pelo o coletivo, tem sido pesado. Lidar com absoluta falta de controle diante disso tudo, é preciso muito estômago para acompanhar as noticias, tem dias que a gente acorda sem ânimo e é um exercício diário de responsabilidade coletiva e consigo mesmo, de lembrar e respeitar o momento que estamos passando, mas não abaixar a cabeça e se sentir vencido, ao mesmo tempo. Acredito que estamos vivendo algo que vai ficar marcado na história da humanidade. Agora que voltei para o Brasil, está sendo um novo processo de adaptação porque estava vivendo uma outra realidade fora do país, onde boa parte da população já estava vacinada com as duas doses, onde o movimento da vida voltando ao normal era uma visão menos turva do que aqui, atualmente. Usei desse tempo para ter mais atenção comigo, entender o que realmente controlo e o que está ao meu alcance, fiz a minha parte e tenho feito até agora respeitando as limitações que esse momento traz e acredito que o que fica de lição é a importância e o poder que temos como cidadãos, como pessoas que votam e elegem quem está no poder, quem cuida (ou deveria cuidar) de nós. Nunca estive tão ansiosa pelas eleições como estou agora, estamos vivendo um momento verdadeiramente sombrio, mas por outro lado, se tem um povo resiliente e forte, são os brasileiros. Espero que a gente saia disso feito fênix, pronto para um novo Brasil.

Teve como tirar algo positivo nesse momento de isolamento?
Eu não faria jus ao meu nome se dissesse que não absolutamente nada, tentar ver o copo meio cheio foi isso que me manteve no eixo até agora, inclusive. Pessoalmente, foi um momento de reflexão e de desacelerar, olhei para minha saúde como um todo, revendo hábitos e ajustando o que era necessário, eu fui conseguir colocar o exercício físico na minha rotina durante a quarentena, por exemplo, que era algo que já buscava mas que se tornou necessário nesse tempo, porque num dado momento, o corpo pediu para se mexer e ocupar espaços. Também faço terapia há muitos anos e segui cuidando da minha saúde mental nesse período, li muitos livros e não perdi a oportunidade de dizer “eu te amo” para as pessoas que importam na minha vida. Até a palavra “vida” ganhou um significado novo e muito mais profundo, porque chegamos numa situação tao crítica, que entendemos o valor e fragilidade da vida, ter saúde se tornou o centro da vida.

Sua personagem Paltith em Gênesis foi um dos destaques da fase da novela. Como foi sua preparação para viver essa personagem?
Foi um desafio que amei desde o primeiro momento. Em trabalhos de época, existe um estudo histórico e cultural, pra poder entender o contexto da época, como as pessoas agiam e pensavam, é sempre interessante porque você acaba entendendo mais o presente quando estuda sobre o passado, isso tudo te prepara para o futuro também. E a união entre o elenco foi essencial, foi uma convivência e troca intensa que tivemos e eu acredito muito no poder do trabalho e criação coletiva, não acho que a gente faça nada realmente bom sozinho, porque mais pontos de vista trazem mais sensibilidade e identificação a qualquer obra. A Paltith me deu a chance de passear por lugares novos, como a sensualidade e acidez, ela tinha um quê rebelde também, eu adorei fazer. Pra mim, quanto mais distante da minha realidade, melhor.

Polliana Aleixo – Foto: Maju Magalhães

Quais são os próximos projetos?
A partir dessa semana tiro umas férias já que acabo de chegar de uma temporada no Uruguai gravando a série El Presidente, da Amazon, mas em setembro ja volto às gravações de um longa para o streaming, mas por enquanto é tudo que posso falar.

Tem alguma atriz em quem você se inspire?
Muitas! Minha maior referência no Brasil é a Marjorie Estiano e sou tenho absoluta admiração pela trajetória da Vera Holtz e Fernanda Montenegro.

Você foi confirmada na série da Amazon Prime “El Presidente”. Como está sendo sua preparação para a série?
Acabei há pouco tempo, voltei para o Brasil agora, dia 18. Ainda estou absorvendo tudo! Todo o processo foi muito coletivo, a narrativa e forma de trabalhar era mais voltada para a obra em si do que para cada personagem individualmente. Eu já falava inglês fluentemente e minha personagem fala em português em cena, mas acabei aprendendo espanhol por conta da equipe e produção, pois o set girava em torno dessas três línguas, mas majoritariamente em espanhol. Foi uma preparação coletiva, pautada muito na observação, tive uma parceria incrível com pessoas que admirei minha vida toda e aprendi e absorvi muito.

Essa será, digamos, sua estreia mundial. Como foi quando recebeu o convite para participar desse elenco que tem tantos nomes de peso?
Na época fui testada para dois papéis, confesso que não coloquei tanta fé que passaria, ate porque um dos testes era para uma personagem inglesa. Lembro perfeitamente até hoje de quando recebi a notícia, estava literalmente entrando em casa, voltando de uma viagem das gravações de Gênesis e super cansada, meu empresário ligou para dizer que tinha passado. Eu lembro que fiquei sem reação na hora e eu comecei a chorar de emoção no sofá depois de um tempo refletindo. Eu fiquei assustada e feliz, ao mesmo tempo. Não importa quanto tempo de carreira se tenha, existe sempre um sentimento de “será que eu vou conseguir?” a cada trabalho, e acho que isso é bom, acende nosso brio. Foi desafiador em níveis bem grandes, mas eu sempre amei desafios. Mas acho que a minha ficha só vai cair mesmo, quando eu assistir a série pronta. Mas essa sensação de dever cumprido, me preenche por inteiro.

Sei que ainda não pode falar sobre sua personagem ou muito sobre a série, mas você já consegue ter uma ideia do que esse trabalho vai significar para sua carreira?
Eu sinto que será uma nova fase, foi uma personagem que me enriqueceu muito como atriz, a sensação é a de ter feito uma faculdade, é engraçado como, hoje em dia, assistindo a alguns filmes de fora, eu consigo imaginar exatamente como aquela cena foi gravada. Estou me sentindo mais disposta do que nunca para colocar em prática tudo que aprendi e vivi nesse trabalho, e numa ansiedade enorme para ver o resultado.

 


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