SUSPÍRIA – A DANÇA DO MEDO, nova produção da PlayArte, é um remake do clássico de 1977. Funcionando como uma grande homenagem à obra de Dario Argento, possui particularidades e apostas que se diferenciam do seu antecessor. A realização de um remake sempre implica em bastante desafios, pois as produções em geral devem manter o nível de qualidade do trabalho original e acrescentar algo a mais. Aqui podemos ver a marca de direção de Luca Guadagnino e podemos ter a notória percepção de que esta adaptação do clássico acrescenta uma nova abordagem ao produto original dos anos 70. Confira abaixo nossa crítica.
A proposta desta versão do diretor Guadagnino, tem o foco maior, não no aspecto terror que era o foco do clássico, mas sim, em acompanhar e se aprofundar nos seus personagens principais que são o material de maior composição da trama que traz a história de uma dançarina americana chamada Susie Bannion interpretada aqui pela atriz Dakota Johnson, que após se mudar para Berlim no final da década de 70 ingressa em uma renomada academia de dança. Esta academia tem como principal segredo uma seita ocultista com instrutoras que possuem interesses em seus membros para utilizar em rituais malignos. A professora Madame Blanc é a figura principal desta academia, sendo interpretada magistralmente pela atriz Tilda Swinton, que além de interpretar Madame Blanc, dá vida a outros três papéis no filme, incluindo o psicólogo Dr. Josef Klemperer, logo a atriz mostra bastante versatilidade nestes tipos de trabalhos, pois consegue se moldar a todos esses personagens com maestria.
A alma desta releitura com a visão do diretor Guadagnino, baseia-se nos seus simbolismos e detalhes apresentados, provocando a atenção do telespectador a todo instante. Interessante perceber os recursos utilizados, como as cenas de dança que são cortadas para uma cena de tensão e abordada através de um ritual, tudo isso sendo realizado de maneira orgânica e fluída.
A fotografia, junto à excelente trilha sonora e momentos onde o silêncio impera, traduzem-se como uma orquestra onde o maestro sabe muito bem onde quer chegar. Por outro lado, o filme sofre com a sucessão de acontecimentos que despejam a todo instante informações desordenadas para o público que pode ficar um pouco confuso com o conduzir da história.
Em relação às atuações, as atrizes Dakota Johnson e Tilda Swinton são fundamentais no desenvolvimento da trama e na demonstração das camadas de suas personagens. As respectivas interpretações são ainda mais enriquecidas pelo ótimo trabalho de figurino e as alternâncias entre o culto e o sagrado.
Confira o Trailer
Apesar de se firmar no elemento de horror, SUSPÍRIA – A DANÇA DO MEDO não se preocupa em aterrorizar e sim, conduzir o público a uma atmosfera de tensão repleta de detalhes e personagens bem aprofundados. Os fãs mais rígidos que esperam ver novamente o que foi abordado no clássico de 1977 poderão sair um pouco frustrados da sessão, pois propõe a trazer uma releitura do original, com marcas e características diferenciadas e que valem muito a pena ser conferidas, ou seja, uma proposta de sermos apresentados ao novo horror contemporâneo.
LUAN RIBEIRO
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