A Favorita : Crítica

A época a nós apresentada é o reinado da rainha Anne (1665-1714), a última monarca da dinastia Stuart interpretada pela atriz britânica Olivia Colman . Na sua corte, estão a duquesa de Marlborough Sarah Churchill (parente da qual descendem o Primeiro Ministro inglês Wilston Churchill e Diana, a princesa de Gales) seu marido, comandante do exército e Robert Harley, o parlamentar do partido dos Thories, conservadores. A esses personagens se agrega Abigail Hill, prima da duquesa em busca de trabalho no palácio. É nesse palco do poder que o diretor nos joga.

O longa nos envereda pelos corredores e cômodos privados do palácio, levando as suas personagens principais, o triunvirato formado pelas protagonistas – a rainha, a duquesa e a dama de honra – no labirinto do poder àquela época. São os espaços usados, na narrativa, para nos mostrar onde as decisões palacianas são tomadas e onde a batalha pelo poder é travada entre as duas aristocratas para conseguir a atenção da soberana e, ao mesmo tempo, influenciá-la de forma a trazê-la, ora para um lado – thories – ora para o outro – wings.

Das atuações, indiscutivelmente, a de Olivia Colman é a que mais salta aos olhos. A atriz dá vida a uma rainha carente e frágil na saúde que se torna um joguete na disputa das duas damas pela sua atenção e, ao mesmo tempo, se deleita com essa batalha de egos.

Olivia vai para o Oscar fortalecida pelas premiações recebidas no Globo de Ouro e no Bafta (o Oscar britânico).

As duas ladies interpretadas por Rachel Weisz – a duquesa – e pela sardentinha Emma Stone – a prima distante – também têm atuações destacadas. Weisz, como o cérebro e a articuladora aristocrata que comanda o xadrez político da alcova real, entrega uma interpretação comedida e apropriada. A experiente atriz britânica faz jus às premiações que vem recebendo (a mais recente, o Bafta britânico, como Atriz Coadjuvante). Stonne, por sua vez, em ascensão desde Birdman (2014), atua convincentemente dando voz a uma alpinista social que busca, por várias vias – às vezes dolorosas – ter a atenção da monarca e ter seu lugar ao sol como a sua oponente.

Vale destacar a fotografia de Robbie Ryan que se vale da luz natural para tornar a época mais próxima de nós, especialmente as cenas que se desenvolvem dentro do palácio ou do Parlamento. Assim, são iluminadas pelas janelas em takes diurnos e, em noturnos, pelas luz de velas (ah… os prodígios do cinema digital …). A encenação, portanto, fica bem realista, já que a ambientação, àquela época, deveria ser assim.

 

Abigail, rainha Anne e Sarah – Fox Film do Brasil/Divulgação

 

Outro destaque é a direção de arte por Fiona Crombie. O figurino de Sandy Powell desfila vestidos, perucas, objetos de cenas que são de uma qualidade impecável, algo comum nos filmes de Lanthimos. Podemos observar pelas roupas que as mulheres da corte, inclusive a rainha, veste branco e preto. Em contra partida, os homens vestem roupas de cores vibrantes e têm uma maquiagem vistosa. Em tempos de #metoo e #time’sup o diretor mandou uma mensagem na tela: a imperceptibilidade feminina, mesmo naqueles tempos, são compensadas pelas suas atitudes e suas iniciativas (nem sempre justificáveis) pelo poder são postas sob os holofotes.

Confira o Trailer:

 

 

 

 

No geral, portanto, é um bom filme que nos leva à reflexão e ao entretenimento, especialmente para aqueles que gostam de um filme de época.

ANDRÉA ASSIS

 

Dados do Filme:

  • Estreou: 24.01.2019
  • Drama
  • Direção: Yorgos Lanthimos
  • Elenco: Olivia Colman, Rachel Weisz, Emma Stone, Nicholas Hoult, James Smith, Mark Gatiss, Jennifer White, Lilly Rose Stevens
  • Roteiro: Deborah Davis, Tony McNamara
  • Duração: 119 min.

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Author

Carioca, mas paulistana da gema radicada há mais de 20 anos na capital. Formada em Relações Internacionais, tem mestrado em Administração de Empresas em Lyon, na França. Orgulhosa da cidade onde vive, adora mostrá-la aos visitantes, sejam eles brasileiros ou não. Procura sempre descobrir lugares novos e diferentes, por isso sempre se mantém atualizada sobre o que acontece nestas bandas. Para isso, vai sempre às exposições que pipocam aqui e acolá e é sobre elas que pretende lançar seu olhar crítico que não se restringe só às obras, aos trabalhos expostos, mas também ao ambiente: como estão organizadas, se existem informações para os visitantes, enfim, se vale a pena o leitor investir o seu tempo para ir vê-las. Eventualmente, faz críticas de filmes, mas prefere deixá-las aos mais habilitados. Mas não deixa de acompanhar os lançamentos. Humildemente, pede ao leitor paciência para com o que ele lê aqui no espaço, pois a escritura e análise pedem apuro ao longo do tempo.

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