Sob o olhar do outro… o MUITO!

Há anos tenho um projeto em mente. E se tem algo que aprendi com os meus projetos é que eles precisam ser coletivos. Eu dou uma leve direcionada, como um rascunho, e o entrego. Para o todo. Assim eles funcionam.

Já escrevi aqui sobre meu senso de coletividade. Aqui vai mais um. O tema é esse que está no título. Sob o olhar do outro o Muito! É uma ideia antiga, de querer conhecer o outro através de si. Penso o seguinte: todos nós somos muito. E sempre incompletos. Todos somos músicos, atores, pintores, professores, médicos, artistas das mais distintas qualidades e iguarias intelectuais. Todos temos um talento. Qualquer que seja.

A ideia é usar a positividade do talento sob a ótica do outro. É o seguinte: dar a chance de conhecer alguém, totalmente novo, uma pessoa que é estranha, na rua, andarilha, qualquer uma que dê pressa a seu cotidiano. Dar a essa pessoa a chance de produzir algo, junto contigo. Pará-la. E dizer:

O que você sempre quis pintar / escrever / compor / atuar / professar ?

E junto com ela, produzir.

Ela diz, você faz, semelhante àquelas antigas escritoras de cartas em pequenas cidades, escrevendo para pessoas analfabetas, mas que sempre tinham algo a escrever. Claro, não cobrar por isso. O prazer estaria na produção que se coletiviza. Entender o olhar do outro. Sob a sua ótica. Ou esquecer sua ótica. E entender o olhar do outro, o pensamento do outro, o talento oculto do outro. É como unir mundos. Colidi-los. Se pensarmos bem brevemente, todos os grandes projetos são assim. Mas a ideia não é somar, é transmutar. Dar ao outro aquilo que é você. E deixar o outro te conduzir, usando o talento que você tem.

Difícil entender? Não sei. Mas esta me é uma ideia antiga. Claro que é presunçosa. No entanto, não vem ao caso. Eleger quem pode usar e quem pode ser usado é meio assim mesmo. A ideia, no fundo, é dar um sentido de coletividade, ver o que daí sairia. Ideias são presunções do que pode dar certo. Em um mundo assim tão desconexo, apesar de tantas pontes, querer fornecer um ar de sedimento, dar maior rigidez a essas pontes. Fugir um pouco do ideal de descartabilidade, tão inerente aos dias de hoje. Como seria um poema pensado por outro, mas escrito sob sua mão? E a pintura? Como ela seria sob a ótica do outro, sob o pensamento do outro? O que Picasso pintaria ouvindo uma outra pessoa? E Chopin?

Amo conhecer talentos. Lê-los, entremeá-los e trazer um pouco para mim é um caminho natural de quem busca descobertas. Descobrir-se. Des-cobrir-se. Mas e quando há protagonismo das partes? Ao invés de não se conhecer, estarem juntas? Essa é a ideia primordial desta ótica que quero propor aqui. Fazer deste um projeto que vise à coletividade. Ao fundo não seriam quatro mãos. Seriam sempre duas unidas e perfiladas. É deixar esse coletivo nascer no sentimento.

Será que é difícil conseguir?

MARCIO CALIXTO

Fonte das imagens:

  1.  http://www.centrodaterra.com.br/cultura/sp/em_cartaz/kaim/
  2.  http://portal730.com.br/images/stories/2018/janeiro/30/unnamed.jpg

Author

Fundador, CEO e Editor-Geral do ArteCult.com (@artecult), Sócio-fundador e Editor-Geral do QuadriMundi (Quadrinhos, Mangás e Animações) @quadrimundi , sócio-diretor do CinemaeCompanhia (@cinemaecompanhia), admin do @portalteamigo no Instagram. Apaixonado pela sua família, por tecnologia e por todas as formas de ARTE e CULTURA.

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