‘Se eu fechar os olhos agora’, nova minissérie da Globo retrata a hipocrisia do jogo de aparências.

Uma sociedade em que não basta ser. É preciso parecer. O ano é 1960, mas poderia muito bem ser 2019. O figurino é diferente, os carros menos modernos, a tecnologia ainda nem tão avançada aos chips e celulares, mas as temáticas, estas ultrapassam a barreira do tempo. Em ‘Se eu fechar os olhos agora’, minissérie de Ricardo Linhares, inspirada no livro homônimo de Edney Silvestre, com direção artística de Carlos Manga Jr., temas como racismo, intolerância e mulheres à frente do seu tempo estão presentes na narrativa de diversos personagens.

“Eu abordo a forte repressão da época. A sociedade era controlada pelo patriarcado branco, que ditava a hipocrisia do jogo de aparências”, explica Linhares. “A trama trata da dificuldade dos relacionamentos amorosos, familiares e sociais, e dos segredos que cada um esconde para representar o seu papel na comunidade. São Miguel é um microcosmo do Brasil, das relações de poder e opressão. A discriminação, a intolerância com comportamentos que desafiam as regras e o racismo são questões atuais, cujas raízes estão no passado”, completa o autor.

Adriano (Murilo Benício), Gabino (Antônio Grassi), Adalgisa (Mariana Ximenes), Isabel (Débora Falabella) e Geraldo (Gabriel Braga Nunes) na inauguração do Busto na cidade – Crédito: Globo/ Maurício Fidalgo

Com o livro que inspirou a minissérie, Edney Silvestre venceu o Prêmio Jabuti de Melhor Romance e o Prêmio São Paulo de Literatura na categoria Estreante, a ideia de adaptar para a TV partiu de Ricardo Linhares, que acabou se tornando amigo do jornalista ao longo do percurso. “Ele foi fiel ao argumento do livro, mas fez todas as modificações necessárias para criar um belo roteiro para uma obra dramatúrgica na TV. O Ricardo sublinhou os temas do racismo e da intolerância do meu romance. Eu lia sempre muito curioso para saber como ele transformaria aquele história. Amei o resultado”, comenta Edney.

A história é contada através das lembranças de Paulo (João Gabriel D’Aleluia/Milton Gonçalves), na fictícia São Miguel. Ao lado do amigo Eduardo (Xande Valois), o jovem Paulo aprende que as relações no “mundo dos adultos” são muito mais complexas do que parecem. “No início, parece uma trama inocente, focada no Paulo e no Eduardo, mas aos poucos vai revelando toda a crueldade que existe no mundo dos adultos”, instiga Linhares.

Isabel (Débora Falabella) – Crédito: Globo/ Maurício Fidalgo

A mudança acontece no momento em que os adolescentes encontram o corpo da jovem Anita (Thainá Duarte) à margem de um lago. Acusados de um crime que não cometeram, eles percebem que existe um mistério em torno do caso, envolvendo figuras importantes da sociedade de São Miguel, como o prefeito Adriano Marques Torres (Murilo Benício), a primeira-dama Isabel (Débora Falabella), o empresário Geraldo Bastos (Gabriel Braga Nunes) e sua esposa Adalgisa (Mariana Ximenes), além do dentista e marido da vítima, Francisco (Renato Borghi). Todos mantinham relações obscuras e dúbias com Anita. Por conta própria, os garotos iniciam uma perigosa investigação e acabam conhecendo o enigmático Ubiratan (Antônio Fagundes), a quem pedem ajuda. “O principal na história não é quem matou Anita, e sim por que existe tanto silêncio em torno do passado daquela mulher”, explica Ricardo.

Paulo (João Gabriel D´Aleluia) Crédito: Globo/ Maurício Fidalgo

Ao longo da minissérie, outros crimes acontecem. Paulo, Eduardo e Ubiratan precisam esclarecê-los para não se tornarem as próximas vítimas. Eles se envolvem em um enredo que ameaça o jogo político e social de São Miguel. Para os garotos, encarar os motivos que fizeram com que Anita fosse morta será um terrível caminho sem volta de amadurecimento e chegada à vida adulta. “Os personagens disfarçam para serem aceitos na sociedade. Aos poucos, a minissérie vai desvendando os segredos de cada um”, afirma Linhares.

 

É o caso da primeira-dama de São Miguel. Aos olhos de todos, Isabel (Débora Falabella) cumpre com perfeição as funções de esposa e mãe, mas nem por isso deixa de ter seus conflitos íntimos. “É uma série que se passa na década de 60, mas com muita identificação com o que a gente vive hoje. As mulheres da história são muito reprimidas e tentam, a todo custo, sair dessa bolha”, adianta Débora.

Antonio Fagundes já tinha relação com ‘Se eu Fechar os Olhos Agora’. Antes de dar vida a Ubiratan na minissérie, ele fez o audiobook do livro. “A história tem uma atualidade, embora se passe em outra década. É uma história fascinante, que o Ricardo Linhares conseguiu tornar ainda mais instigante. Ele descobriu outros caminhos que enriqueceram a minissérie”.

Com estreia prevista para abril na Globo e no Globoplay, ‘Se eu fechar os olhos agora’ é uma minissérie de Ricardo Linhares com direção artística de Carlos Manga Jr. A obra é inspirada no premiado livro homônimo de Edney Silvestre. No elenco estão ainda nomes como Jonas Bloch, Betty Faria, Antônio Grassi, Paulo Rocha, Enzo Romani, Eike Duarte, Lidi Lisboa, Vitor Thiré, Gabriel Falcão, Marcela Fetter, Leonardo Machado, Martha Nowill, entre outros.

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Jornalista por paixão. Música, Novelas, Cinema e Entrevistas. Designer de Moda que não liga para tendência. Apaixonada por música e cinema. Colunista, critica de cinema e da vida dos outros também. Tudo em dobro por favor, inclusive café, pizza e cerveja.

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