O Um, os uns, nós todos. As religiões e a vida – Parte III: Confira a terceira parte do artigo de Carlos Fernando Galvão sobre as principais religiões e seus ensinamentos

Conhecida como Ilha Santuário, Miyajima é conhecida por seu templo flutuante e pelo grande torii, portal típico japonês, que fica envolto pelo mar durante a maré alta

O Um, os uns, nós todos – parte III

“A compaixão não é um sentimento que transforma os outros em seres inferiores.” Tenzin Gyatso, mais conhecido como Dalai Lama, líder espiritual e governante exilado do Tibete

Mantendo nosso passeio ao redor do mundo e buscando valorizar não só a diversidade humana, riqueza da qual não devemos abrir mão, nunca, porque ela nos impulsiona à frente, nesta terceira parte do artigo vamos “viajar” um tanto por algumas religiões e cultos espiritualistas do que, sob muitos aspectos, parece ser “outro mundo”, o Oriente e suas interpretações bastante diferentes da vida, dos lugares e de seus fenômenos. São, quando expostos, ensinamentos que causam admiração, porém, ainda são menos conhecidos do que, penso, deveriam. Vamos conhecer um pouco da cultura oriental, analisando-o pelo prisma de alguns ensinamentos espirituais.

Zoroastrismo

O zoroastrismo é atribuído aos ensinamentos de Zoroastro, um profeta iraniano, que adorava Ahura Mazda (Senhor da Sabedoria) como seu Ser Supremo

Zoroastrismo ou Madaísmo ou Parsismo é uma antiga religião monoteísta da Pérsia. Fundada por Zaratustra ou, como o conheciam os gregos, Zoroastro, prega uma cosmogonia dualista, centrada na ideia do bem contra o mal. Zaratustra viveu na Pérsia, segundo estudiosos, no século VI a.C ou por volta de 15 séculos antes de Cristo, no entender de outros pesquisadores. Estimativas bem díspares. De modo semelhante à Maomé, de todo modo, por volta dos 30 anos, conta a história que Zaratustra teria visto um ser de luz cujo nome seria Vohu Manah, que quer dizer “bom pensamento”, que o teria conduzido à presença de Aúra Masda, ou seja, Deus, além de cinco outros seres igualmente luminosos, chamados de Amesa Espentas e deles teria recebido as revelações sagradas que guiam, até hoje, os zoroastristas, denominadas de Gatas. Esses seis seres iluminados representaria o bem e em contraponto aos Daivas ou Daevas, que teriam optado pelo mal – embora no Zoroastrismo indiano, parece ser o contrário. Algo como os anjos e demônios das denominações cristãs. É uma religião de não muitos adeptos pelo mundo, mas importante na Índia, junto como Budismo e o Hinduísmo.

Hinduísmo

O deus Brahma faz parte da principal trindade de divindades do hinduísmo e foi responsável por criar todo o Universo com seu poder

O Hinduísmo é, além de uma das tradições religiosas politeístas mais antigas do planeta, a terceira maior, não em alcance territorial, mas em termos numéricos. O sistema religioso hinduísta prega o Dharma (ética e deveres), a Samsara (renascimento/reencarnação), o Karma (ação correta), a Moksha (liberação do ciclo de Samsara), as tradições espirituais em geral (vacas são sagradas…). Outra característica apresentada pelo hinduísmo é o sistema de castas, praticado principalmente na Índia (segundo país mais populoso do mundo; só perde para a China) e a separação entre as pessoas, por castas, é definida de acordo com critérios hereditários e de condições sociais.
As Castas Hindus, acima referidas, são assim divididas: Xátrias (guerreiros), Brâmanes (sacerdotes), Vaicias (comerciantes), Sudras (operários) e os Dalit (inferiores), considerados intocáveis. Apesar de ter sido proibida desde o ano de 1950, durante o período de independência, a ideia de “hierarquia social” ainda está enraizada na cultura indiana. Muitos historiadores afirmam que a prática era reforçada e incentivada pelos britânicos durante a colonização.
Pesquisadores dão como marco inicial do Hinduísmo o ano de 1.500 a.C, com a queda da antiga Civilização do Vale do Indo – povos baseados nas proximidades do Rio Indo, fronteira entre a Índia e o Paquistão, que lá viveu durante a Idade do Bronze, entre 3.300 a.C. e 1.300 a.C., sendo que atingiu seu auge entre 2.600 e 1.900 a.C… Acredita-se que essa civilização Pré-Védica (povos anteriores à atual Civilização Indiana) tenha influenciado expressivamente a formação do hinduísmo como conhecemos hoje.
Krishna (deus máximo e criador de todas as coisas) é secundado, por assim dizer, por três divindades (os Trimurdi) que são tidas como encarnações de aspectos variados na Natureza, sendo elas: Brahma (deus do intelecto e da criatividade); Vishnu (deus da verdade e da ordem) e Shiva (divindade da destruição e que recria as coisas do mundo). O famoso mantra “Ommmm…” teria sido o som sagrado e supremo da criação do Universo e deste nosso mundo, simbolizando o sopro que deu origem origem à vida. As escrituras sagradas do Hinduísmo são representadas sob a forma de livros, dos quais temos: os Vedas, os Upanishads, Mahabharata e o Ramayana. Todos esses documentos estão escritos em sânscrito. A língua é considerada sagrada, sendo utilizada nos templos e ritos religiosos. Aparentemente compostos entre os anos de 1.500 e 1.000 a.C, o livro dos Vedas é um conjunto de hinos e textos religiosos, subdivididos em quatro partes: o Samaveda, Rigveda, Atharvaveda e o Yajurveda. Os Upanishads, também uma coleção de textos, trata de assuntos ligados a Brahma e as questões da alma. São considerados as bases das tradições filosóficas hindus.
Existem outras obras igualmente importantes para a cultura hindu. A primeira, antes mencionada, é o Mahabharata, que é, a bem da verdade, uma compilação de vários outros livros, tal como a Bíblia, que relata a história da guerra entre Kurukshetra e os Pandava e Kaurava, além de tratar de questões de cunho filosófico (é um livro enorme, com 1,8 milhões de palavras), sendo o Bhagavad Gita (que inspirou o músico Raul Seixas em um de seus maiores sucessos, Gita). E o segundo é um poema também impressionante, o Ramayana, que narra a história do príncipe Rama que, após ser expulso do reino pelo próprio pai, parte em uma viagem com sua esposa, Sita e seu irmão, Lakshmana, por toda a Índia. Durante o caminho, Sita é sequestrada pelo demônio Ravana. Na narrativa poética, Rama derrota o inimigo e volta para seu reino natal, onde é coroado o novo rei.

 

Jainismo

ARHAT: símbolo jainista que simboliza o entedimento profundo da verdadeira natureza da existência. Note que o símbolo da suástica era então muito mais antigo e profundo, antes de ser apropriado pelos nazistas.

Outra religião antiga da antiga Índia, cuja origem remonta, para estudiosos, estima-se, a algo perto de 1.000 a.C., junto com o Hinduísmo, o Zoroastrismo e o Budismo e partilha com este último, a crença na ausência de um Deus único como criador do mundo e da vida. Alguns pesquisadores, contudo, ainda o consideram como uma espécie de ramificação do Hinduísmo. A palavra Jainista vem do sânscrito, antiga língua Hindu, e que dizer “conquistador”. A vida, para os janistas, é uma conquista diária para alcançarmos a iluminação e a libertação da secularidade ou mundanidade. Também possui, como no Zoroastrismo, uma visão dualista da vida; prega que existe a matéria e a mônada vital ou Jiva. Ao longo da vida, o ser vivente ou existente, por assim classificá-los, animado ou inanimado, imprime em sua mônada, algo como o espírito das demais religiões, aquilo de bom ou ruim que fizeram em vida e, por esta razão, muitos jainistas, aos menos os mais ortodoxos, pregam o ascetismo e as ações não violentas, que chamam de Ahimsa. De modo similar ao Xintoísmo e ao Taoísmo, para os jainistas, tudo possui o seu Jiva: pessoas, animais, plantas, rochas, rios, cachoeiras… todos estão interligados em uma teia Kármica. Essas ideias vêm daqueles a quem alguns jainistas afirmam ser o fundador desta religião, embora outros o considerem apenas aquele que lhe deu a forma definitiva, Mahavira (estima-se, 599 a.C. – 527 a.C.), que pode ter sido, assim, mais ou menos contemporâneo do Sidharta Guatama, o primeiro Buda, o primeiro asceta desta religião, que até hoje prega que a iluminação é atingida pelo asceticismo. É outra religião desta parte do planeta que, ainda forte por lá, não possui muitos adeptos, mundo afora.

 

Taoísmo

O Taoísmo é uma religião e uma filosofia de vida, parte importante da antiga tradição japonesa e chinesa. Os taoístas seguem a busca pelo Tao, conceito que representa a força cósmica que cria o Universo e todas as coisas. O ideograma chinês para “tao” pode ser traduzido para o português por “caminho”, mas sua ideia é mais ampla. É um fluxo natural dos acontecimentos da vida que todos devem seguir, sendo a fonte do Universo. Não existe, para os taoístas, um único deus, mas divindades, é, pois, uma religião politeísta. O Taoísmo surgiu na China, durante o século II, na dinastia do imperador Han. Os ensinamentos deste sistema religioso são atribuídos ao filósofo Lao Tsé ou Lao Tzu ou Lao Zi (não se sabe ao certo o nome, nem o período de vida, mas especula-se algo entre 604 a.C. e 571 a.C.), contemporâneo de outro importante filósofo chinês, Confúcio e, enquanto este último pregava o cumprimento das obrigações em sociedade e a disciplina como única forma de viver a vida, Lao Tsé, com o Taoísmo, pregava que é no contato contemplativo e interativo com a Natureza que atingiríamos a iluminação. Não necessariamente ideias excludentes, mas cada um dos sistemas possui uma identidade própria.

O poder maior é, no Taoísmo, o da Natureza e o Homem deve deixá-la seguir o seu caminho e viver em equilíbrio e harmonia para obter felicidade e longevidade. Todas as coisas, no Universo e no mundo, dos seres vivos aos objetos inanimados, possuem uma divindade correspondente, o que caracteriza o Taoísmo como um sistema de crença Animista (do latim “animus”, ou seja, alma, vida; daí a palavra “animação”). O Animismo é a ideia de que todas as coisas, pessoas, animais, acidentes geográficos (montanhas, florestas etc.), possuem um espírito que os conecta uns aos outros. Nas comunidades tribais indígenas australianas, por exemplo, existe uma forte tradição Totemista. O totem, geralmente uma planta ou um animal, possui poderes sobrenaturais e é considerado sagrado como um símbolo da comunidade tribal. A fonte do espírito do Totem é considerada uma entidade viva, como uma planta ou um animal, e não um objeto inanimado. Dentro desta perspectiva, São dois os elementos centrais da vida taoística: o Yin (noite, princípio fraco) e o Yang (dia, princípio forte, da energia). Essas duas forças representam, no geral, as dualidades contidas na natureza: além de claro e escuro, o feminino e o masculino, o bem e o mal etc. O taoísmo e seus ensinamentos foram popularizados em todo o mundo devido à prática de artes marciais, como o Kung Fu, o Karatê, o Judô e o Tai-Chi-Chuan, entre outras modalidades não tão conhecidas.
A doutrina taoísta prega que não devemos tentar entender as estruturas da Natureza e sim sujeitar-mo-nos às suas “leis naturais” e baseia, em seus preceitos para o comportamento humano, na busca pelo equilíbrio e harmonia, no que é denominado de “Três Joias ou Tesouros”: compaixão, frugalidade ou simplicidade. Entre as formas para alcançarmos a plenitude espiritual está a meditação, a prática do Feng Shui (arte milenar da harmonização energética dos ambientes, em que se busca o Chi, energia própria a cada ambiente e que determina o local certo para cada coisa), a leitura dos textos sagrados e a leitura da sorte ou adivinhação. Um dos principais ensinamentos do Taoísmo prega o desprendimento dos bens materiais como forma de o ser humano alcançar o seu caminho, tal como exposto em livros como o I Ching (compilado há algo entre 3.000 a 4.000 a.C. como um livro de advinhações, conhecido como Livro das Mutações; que versa sobre as coisas da vida) e o Tao Te Ching (livro de reflexões filosóficas sobre a vida). A acupuntura também aplica diversos ensinamentos do Taoísmo, usando as agulhas para equilibrar as energias do corpo, pois acreditam que quando o Yin e o Yang estão em desarmonia no corpo é que surgem as doenças.

 

Xintoísmo

O Xintoísmo é uma crença religiosa que surgiu no Japão e basicamente, é por lá professada, sendo formado, originariamente, por uma série de lendas e mitos que explicam a origem do mundo e da vida. De acordo com o Xintoísmo, os deuses vivem em um lugar chamado Takama-no-hara, que significa “Alta Planície do Céu”. Tendo surgido antes do Budismo, no entanto os xintoístas acabaram por absorver muitas de suas crenças e filosofia. Especula-se que a palavra “Xintoísmo” surgiu da expressão Kami-no-Michi, que significa “Caminho dos deuses”.

Xintoismo – Portão Miyajima Torii Japão

O Xintoísmo é uma religião baseada no culto à Natureza, no que mimetiza, um tanto, o Taoísmo e a relação homem-natureza é seu ponto central, sendo, igualmente, uma crença Panteísta, ou seja, acredita que todos os elementos são Deuses, ou melhor, que tudo é Deus e que Deus está em tudo (é composto pelas substâncias, forças e leis da Natureza). Assim sendo, não há, para os xintoístas, um Deus personificado e consciente, como no caso da maior parte das religiões; Deus é o próprio Universo, ao invés de tê-lo criado. O panteísmo xintoísta, assim, diverge tanto do monoteísmo cristão, muçulmano e judaico, quanto do politeísmo hindu, como também do animismo taoísta. No universo religioso dos xintoístas, existem vários deuses (Kami), cada um responsável por um elemento específico da natureza e do Cosmos. Os Kamis podem ter as mais variadas formas, desde seres humanos, passando por animais, tempestades, pedras, rios, estrelas etc. No entanto, sem ser a única, a principal divindade do xintoísmo é a deusa Sol Amaterasu Omikami, a qual, de acordo com a cosmogonia xintoísta, nasceu a partir do olho esquerdo do deus da criação, Azanagui, outra importante divindade do Xintoísmo.

Não é consensual que o Xintoísmo seja uma religião, pois não possui dogmas pré-estabelecidos, escrituras sagradas, código moral ou profeta fundador, a exemplo de outras religiões e cultos espiritualistas. Talvez por isso, a receptividade a novas culturas e religiões também seja uma de suas características. Há templos xintoístas, mas são permitidos cultos caseiros e são quatro, suas principais etapas: a purificação (limpeza da boca e das mãos com água); as oferendas (pequenos amuletos, pinturas e demais objetos); as preces e a festa. Para chegar ao equilíbrio e à iluminação, é necessária a purificação do corpo e da alma.

 

Confucionismo

Confúcio

O Confucionismo é considerado como um sistema ético e filosófico chinês, fundado por Confúcio (551 a.C. – 479 a.C.). Alguns o consideram, também, uma religião, embora outros, a maioria, creio, assim não o considerem, posto não haver igrejas ou templos, não existirem livros sagrados, inexistirem líderes espirituais, não haver ramificações que disputem seu legado espiritual e não adorarem, os confucionistas, divindades ou crença em vida após a morte. O Confucionismo também prega a busca pelo Tao, quer dizer, na iluminação dos seres para galgarem e percorrerem o caminho superior, rumo à iluminação que todos devemos buscar. Confúcio cria, ainda, que o estado essencial de iluminação adviria do equilíbrio entre a vida secular e a espiritual e na boa relação entre o homem e a Natureza. Além disso, o princípio básico do confucionismo, conhecido como Junchaio, leva à busca pelo “ensinamento dos sábios”.
Para Confúcio, somos, os seres humanos, formados por quatro dimensões: o eu, a comunidade, a Natureza e o céu. Também cria que somos compostos por cinco virtudes essenciais e que por elas deveria nos guiar: 1 – amar o próximo; 2 – sermos justos; 3 – comportar-mo-nos adequadamente; 4 – conscientizar-mo-nos da vontade do céu e 5 – cultivar a sabedoria e a sinceridade desinteressadas.

Budismo

Tido por muitos como filosofia de vida, tal como o Confucionismo, o Budismo é, entretanto, considerado pela maioria como um sistema igualmente religioso e baseia-se nos ensinamentos de Sidarta Gautama (nascido em território hoje pertencente ao Nepal entre 563 a.C. e 483 a.C), considerado o Primeiro Buda, ou seja, o Primeiro Iluminado. Gautama era um príncipe hindu que, criado para governar e ser um guerreiro, cresceu trancafiado em seu pequeno paraíso terrestre, longe das agruras do mundo, incluindo doenças e a própria morte. Conta a História budista que aos 29 anos, curioso para ver o havia além dos muros de seu palácio, ao percorrer seus arredores, viu dor, pobreza, doença e morte, visões que o teriam abalado profundamente e o teriam compelido a iniciar estudos com ascetas hindus (pessoas que optam por se afastar dos prazeres mundanos e se dedicam a uma vida de orações e mesmo, flagelos auto-impingidos), até lançar-se em uma jornada que duraria anos, com o objetivo de atingir a iluminação, em vida. A partir de determinado momento dessa busca, tido como um sábio, passou a ser conhecido como Buda Sakyamuni.

Bhavacakra ou Roda do Devir/Roda da Vida é uma forma de mandala ou tanka (pintura de parede pintada), usada principalmente no budismo tibetano. A pintura de um tanka é em si uma forma de mediação. Seu significado é muito complexo, e pode ser lido para representar pelo menos três reinos diferentes de efeitos manifestos de ações cármicas. Pode ser lido como um diagrama para os seis diferentes tipos de existência em que se pode nascer durante as rodadas intermediárias do samsara. Pode ser lido como simbolizando cada um dos diferentes reinos da existência humana, vivido por certos tipos de pessoas de acordo com suas fortunas cármicas de tipo de personalidade e status socioeconômico. Ou pode ser lido como uma descrição de situações ou estados de consciência pelos quais todos passam repetidamente no decorrer de um único dia.

O Budismo, muito praticado em países como Índia, China, Tibete (ocupado pela China) e Japão, prega o que chamam de As Quatro Nobre Verdades.

A Primeira Nobre Verdade é que devemos escapar de sofrimentos que desestabilizam corpo e mente.

A Segunda Nobre Verdade é que não devemos nos fixar em objetivos materiais excessivos, que podem envenenar corpo e mente; o que se tenta, aqui, é entender o que nos causa sofrimentos.

A Terceira Nobre Verdade é que devemos eliminar os motivos de nossa insatisfação, buscando alternativas que nos levem à lucidez e ao discernimento.

A Quarta Nobre Verdade é o coroamento do processo de sabedoria de vida, para o Budismo, quando devemos seguir o que foi denominado por Buda Sakyamuni como Os Oito Passos para a Iluminação. Resumindo-os (o fiz de modo livre e a partir de minhas próprias interpretações):

1 – Perfeita Compreensão, devemos ter poucos desejos mundanos e estudar a doutrina budista, para atingir a mais perfeita compreensão possível;
2 – Perfeita Aspiração, devemos nos sentir satisfeitos com o que temos e perseverar no caminho budista, até alcançarmos a iluminação espiritual;
3 – Perfeita Fala, apreciar a quietude, meditar e pronunciar-se com sinceridade e de modo cortês, almejando a verdade;
4 – Perfeita Conduta, temos que ser diligentes e nos conduzirmos com adequação, o que significa, por exemplo, não sermos agressivos, não roubarmos e não mentirmos;
5 – Perfeito Meio de Subsistência, é necessário buscar, sempre, os bons gestos, dentro de atividades que não entrem em conflito com esses ensinamentos;
6 – Perfeito Esforço, há que mirarmos no atingimento de nosso propósito de vida, sempre buscando o bem, o equilíbrio e a harmonia;
7 – Perfeita Atenção, devemos manter, com firmeza, o caminho da sabedoria e da autocrítica e autocorreção
8 – Perfeita Contemplação, não nos distrair com prazeres mundanos em excesso, para não sairmos do caminho para a iluminação.

Uma vez que tenhamos estudado, ainda que um tanto superficialmente, conceitos e valores da espiritualidade das duas grandes vertentes da civilização humana, a lembrar, a Ocidental e a Oriental, o que podemos aproveitar disso tudo? Como valorizar a diferença, fazendo dela, não um obstáculo instransponível, mas uma plataforma de lançamento de debates de ideias e de troca de sentimentos, para que possamos construir ações conjuntas, que a todos beneficiem, mantendo o respeito mútuo a nós mesmos, à vida como um todo, no planeta e ao próprio planeta, se pensarmos em termos ambientais, posto que transformar a diferença em característica de um inimigo, nos embota o pensamento e, principalmente, o coração? Será esta a temática a quarta e última parte deste artigo.

 

CONFIRA A PARTE I desse artigo

CONFIRA A PARTE II desse artigo

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Carlos Fernando Galvão,
Geógrafo, Doutor em Ciências Sociais e Pós Doutor em Geografia Humana
cfgalvao@terra.com.br

 

 

 

 

 

 

Author

Carlos Fernando Galvão é carioca, Bacharel e Licenciado em Geografia (UFF), Especialista em Gestão Escolar (UFJF), Mestre em Ciência da Informação (UFRJ/CNPq), Doutor em Ciências Sociais (UERJ) e Pós Doutor em Geografia Humana (UFF). Autor de mais de 120 artigos, entre textos científicos e jornalísticos, tendo escrito para periódicos como O Globo, Jornal do Brasil, Folha de São Paulo e Le Monde Diplomatique Brasil (atual colaboração), também foi colaborador do Portal Acadêmico da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) entre 2015 e 2018. Além deste, o autor publicou outros 9 livros, textos acadêmicos e literários.

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