O ator Jean Marcel Gatti tem bons motivos para celebrar a atual fase de sua carreira. Recentemente, ele foi premiado em festivais como ator e diretor de produções audiovisuais, foi citado na mídia internacional, nos próximos meses tem duas estreias teatrais agendadas e está no elenco da série Pico da Neblina, no ar pelo canal HBO Max (produção da O2 Filmes), e do longa The Seven Sorrows of Mary (diretor português Pedro Varela).
No dia 7 de julho, estreia, no SESC Copacabana, a peça O Balcão (texto de 1956 que é considerado uma obra-prima do dramaturgo francês Jean Genet). Jean vai interpretar quatro personagens: A Morte, O Escravo, O Fotógrafo e O Rebelde. Em setembro, ele volta aos palcos com a estreia de Animal Farm, peça adaptada do livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell, com direção de Bruce Gomlevsky, no Teatro Sérgio Porto.
No primeiro semestre do ano que vem, ele estará no ar em duas produções. Na 4ª temporada da série Impuros, na pele do vilão Coisa Ruim, que aparece na trama para atrapalhar a vida de Evandro do Dendê, interpretado por Raphael Logam. E no média-metragem Essa Noite Seremos Felizes, interpretando Hugo – barman que é confidente e melhor amigo do personagem Seu Carlos, interpretado por Othon Bastos (direção de Diego dos Anjos).

Diego dos Anjos, Jean Marcel Gatti e Raul Tamayo Estrada. Foto: Divulgação.
Na prateleira, Jean acumula os prêmios de Melhor Média Metragem recebido no Festival Internacional de Cinema do Caeté (2021) – por ter protagonizado Não dá pra viver só de Amor (dir. Diego dos Anjos), e também o de Melhor Curta Metragem, recebido no Festival Libélula (2022), com Inanição, dirigido por ele próprio. Ele também foi indicado ao prêmio de Melhor Ator Coadjuvante pelo filme Juízo, Menino nos Festivais OffCine e CineMAZ.
Vale mencionar o curta El BAÑO (2021), produzido, dirigido e protagonizado por Gatti, que foi destaque no Festival Internacional El Grito de Los Sin Voz (Espanha), por ser um dos 10 curtas mais assistidos do evento em Madri.
CONFIRA A ENTREVISTA
ArteCult: Na peça O Balcão, de Jean Genet, você vai interpretar 4 personagens: a Morte, o Escravo, o Fotógrafo e o Rebelde. Como tem sido o processo de preparação desses personagens? É um desafio muito grande interpretar tantos personagens em uma peça?
Na verdade, o desafio mesmo é montar Genet, que está sendo um dos espetáculos mais complexos que já fiz. “O Balcão” nos revela algo inesperado, tem a cara de pau de nos dizer que não vamos conseguir dar conta e é por isso que continuamos. Estamos ensaiando há três meses, de 2ª a sábado, cerca de 6 horas por dia. É um trabalho que exige de nós atores uma intensa preparação física e mental. E o interessante é que desses 4 personagens, um não existe no texto original. Eu e o diretor do espetáculo, Renato Carrera, criamos “a Morte” – ela é citada em muitos momentos do texto e então pensamos, “porque não trazê-la em forma de personagem”? Foi assim que ela surgiu.

Jean Marcel Gattina Peça O Balcão. Foto: Divulgação.
ArteCult: Você tem um trabalho com a palhaçaria mas ultimamente tem interpretado personagens dramáticos. De que forma trabalhar com o humor te ajuda a construir personagens tão distintos e fora do universo da comédia?
Digo sempre que o palhaço foi quem me aproximou do meu verdadeiro eu, me fez aceitar quem realmente sou. Não é pelo humor do palhaço e sim pela sua verdade, pela minha verdade, e com a minha verdade eu vivo a história dos personagens que me escolhem. Palhaço não é só alegria, piadas e risadas, tem um outro lado dessa nobre arte que existe por detrás do nariz vermelho que muitos não conhecem, falo da aceitação, que apesar dos seus defeitos é se olhar no espelho e se aceitar como você verdadeiramente é. É aí que está a cereja do bolo, por que você acha que tem tanta gente que tem medo de palhaço?

Jean Marcel Gatti Série Sob Pressão. Foto: Divulgação
ArteCult: Recentemente você fez sua estreia como diretor no audiovisual, nos curtas El Baño e Inanição, ambos premiados em festivais. Como é sair do lugar do ator e dirigir? Como foi essa mudança “de papel”?
Na verdade, a pandemia me fez diretor (risos). Eu queria fazer um filme e não tinha ninguém para me dirigir, então eu mesmo dirigi e atuei, inscrevi o filme “El Baño” no festival “El Grito de los Sin Voz” em Madri-Espanha e fui um dos 10 premiados. Tomei gosto mesmo pela direção quando gravamos “INANIÇÃO”, digo que minha estreia como diretor foi nesse filme. O filme foi produzido pelo coletivo “Se essa rua fosse minha”, do qual faço parte ao lado dos meus parceiros Hugo Germano e Ricardo Lopes e em 1 ano “Inanição” já ganhou dois festivais. Então não se trata sair do lugar de ator, acho que nunca saí. Dirigir veio como um complemento do ator que eu sou.

Bastidores Série Sob Pressão
ArteCult: Você interpreta tantos personagens diferentes e ainda encontra tempo para os projetos independentes como diretor. Quais atividades te fazem voltar para o seu centro, te fazem sair do personagem e voltar para a sua identidade?
Nada melhor que, após finalizar um filme, uma série ou uma temporada em um teatro, voltar para o interior de São Paulo, para a casa dos meus pais. Minha identidade está ali, nos dois, na minha família.

Ator Jean Marcel Gatti. Foto: Divulgação.
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