E vamos de indicados do Prêmio Shell de teatro!

 

Confesso que estou mais feliz diante das indicações deste ano, pelo menos no primeiro semestre.

Assisti a quase todos os espetáculos e escrevi sobre a maioria deles. Os que não escrevi, vou escrever, como é o caso do espetáculo do artista Othon Bastos, que foi indicado e está “na briga” com Márcio Vitto, que defende seu trabalho “Claustrofobia”. A meu ver, isso mais parece um duelo de titãs, simples assim.

As indicações do Rio de Janeiro desta vez foram bem-vindas para mim. Como não indicar a dramaturga Silvia Gomez pelo texto “Lady Tempestade”? Aliás, Silvia é uma dramaturga premiada pela América Latina, e existem motivos latentes para isso. Independentemente de ser uma artista conhecida, ela sempre encanta os espectadores. Afirmo isso pelo espetáculo que esteve no Teatro Riachuelo, que contava a história de Dominguinhos. Teatro lotado, não poderia ser diferente, ela sempre acerta precisamente. Neste momento, seu texto está em uma montagem no Sesi Firjan, recebendo uma quantidade de público bem expressiva. O texto indicado fala sobre Mércia, uma mulher nordestina que atuou durante a ditadura ajudando mães a encontrarem seus filhos. Ótimo texto e, como se não bastasse, foi interpretado por Andrea Beltrão, que também foi indicada ao Prêmio Shell como melhor atriz. Pergunto mais uma vez: como não indicá-la?

Débora Falabella e Yara de Novaes estão juntas, também concorrendo aos prêmios por direção e melhor atriz. Aliás, Yara de Novaes é indicada por dois trabalhos, “Lady Tempestade” e “Prima Facie”. Yara dirigiu a atriz Débora em “Prima Facie”.

Já na cenografia, temos Cesar Augusto e Marieta Spada concorrendo. Ela, por “Um Filme Argentino”, e ele, por “Claustrofobia”. Aliás, não entendi por que Rogério Correa não foi indicado pela dramaturgia deste espetáculo. Marieta trouxe uma cenografia faraônica, algo que jamais imaginaria em um palco.

A iluminação de Fabiano Dadado de Freitas merece essa indicação. É fabulosa e chamou minha atenção no espetáculo “Arqueologias do Futuro”.

Quanto aos figurinos, temos dois profissionais indicados: Karen por seu trabalho em “Vedetes do Brasil”, o que acho justo, afinal, foi o que mais chamou atenção na obra, e Namatame por “Alguma Coisa Podre”. Eis aí outra “briga punk”.

Todos esses trabalhos que mencionei testemunhei em teatros cheios, com burburinhos da classe e também críticas de colegas que escrevem para o teatro, e merecem reconhecimento, o que infelizmente não vi em muitas indicações do ano passado. Entendo que o prêmio é um reconhecimento do melhor trabalho, e o melhor trabalho traz críticas, ingressos esgotados e muitos burburinhos…

Até levanto uma questão quanto às premiações do Shell Rio de Janeiro e São Paulo. Eu adoraria entender como o espetáculo “Brás Cubas”, do Armazém, não foi indicado na premiação de 2023, já que estreou na Cidade Maravilhosa, mas este ano foi indicado em dois quesitos pelo Shell SP: tanto cenário quanto melhor ator, o que não poderia ser diferente. Claro que não. Quem assistiu sabe do que estou falando. Posso dizer mais: fica difícil dizer no espetáculo quem é o melhor ator, todos estão excelentes. Mas os jurados de lá têm critérios diferentes dos do Rio de Janeiro? Se sim, percebo que seria ótimo que esses critérios fossem compartilhados com o júri do Rio. Afinal, temos um espetáculo que, além de estar rodando o país, já foi para o exterior e foi premiado pela APTR pela excelência de montagem que oferecem para todos nós que amamos o bom teatro.

A indicação do Shell SP também contemplou Namatame por “Tarsila”, e foram assertivos, pois o trabalho desse figurinista foi de um primor que nos arrebatou.

Agora, vamos esperar o próximo semestre!

 

Conheça os indicados do primeiro período:

 

SELEÇÃO JÚRI SP

DRAMATURGIA

Victor Nóvoa por “E se Fôssemos Baleias”

Jhonny Salaberg por “Parto Pavilhão”

DIREÇÃO

José Fernando Peixoto de Azevedo por “Depois do Ensaio, Nora, Persona”

Naruna Costa por “Parto Pavilhão”

ATOR 

Sidney Santiago Kuanza por “A Solidão do Feio”

 Bruno Lourenço por “Brás Cubas”

ATRIZ

 Noemi Marinho por “O Vazio na Mala”

Mel Lisboa – “Rita Lee, uma Autobiografia Musical”

CENÁRIO 

Carla Berri e Paulo de Moraes por “Brás Cubas”

J.C. Serroni por “Primeiro Hamlet”

FIGURINO

Márcio Medina por “Cabaré Coragem”

 Fábio Namatame por “Tarsila, a Brasileira”

ILUMINAÇÃO 

Wagner Antônio por “Um Jaguar por Noite”

 Gabriele Souza por “Cabaret”

MÚSICA

 Zeca Baleiro pela trilha original de “O Ninho, um Recado da Raiz”

 Jonathan Silva, Adilson Fernandes, Bruno Garcia, Carol Nascimento, Dani Nega e Flávio Rodrigues pela direção musical e trilha original de “Maria Auxiliadora”

ENERGIA QUE VEM DA GENTE

Teatro Oficina Uzyna Uzona, pelo êxito da mobilização cultural e social para a criação do Parque do Bixiga, marco para a história teatral e artística de São Paulo.

  IBT – Instituto Brasileiro de Teatro, pela abrangência de suas ações como agente de captação de recursos e de incentivo à produção e divulgação das artes cênicas.

 

SELEÇÃO JÚRI RJ

DRAMATURGIA

Silvia Gomez por “Lady Tempestade”

Mauricio Lima e Dadado de Freitas por “Arqueologias do Futuro”

DIREÇÃO

Mauricio Lima e Dadado de Freitas por “Arqueologias do Futuro”

Yara de Novaes por “Lady Tempestade” e por “Prima Facie”

ATOR

Renato Livera por “Deserto”

Othon Bastos por “Não me Entrego, Não!”

Márcio Vito por “Claustrofobia”

ATRIZ

Débora Falabella por “Prima Facie”

 Andrea Beltrão por “Lady Tempestade”

CENÁRIO

 Cesar Augusto e Beli Araujo por “Claustrofobia”

Marieta Spada por “Um Filme Argentino”

FIGURINO

Karen Brustolin por “A Vedete do Brasil”

Fábio Namatame por “Alguma Coisa Podre”

ILUMINAÇÃO

Fabiano Dadado de Freitas por “Arqueologias do Futuro”

Adriana Ortiz por “Um Filme Argentino”

MÚSICA

Morris por “Prima Facie”

Dani Nega por “Eu Sou um Hamlet”

ENERGIA QUE VEM DA GENTE 

·         João Vicente Estrada, Lana Sultani e Ricardo Loureiro, pela criação de uma experiência poética transformadora em “tudo é minúsculo tudo é presença”, a partir das percepções do artista João Vicente, diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA) desde 2020.

·         Programa Enfermaria do Riso – UNIRIO, por desenvolver desde 1998 uma ação de extensão integrada entre os cursos de Teatro e Medicina para formação e pesquisa em torno de intervenções artísticas de palhaçaria em hospitais.

 

Paty Lopes (@arteriaingressos). Foto: Divulgação.

 

Facebook: @PortalAtuando

 

 

 

 

 

Author

Dramaturga, com textos contemplados em editais do governo do estado do Rio de Janeiro, Teatro Prudential e literatura no Sesi Firjan/RJ. Autora do texto Maria Bonita e a Peleja com o Sol apresentado na Funarj e Luz e Fogo, no edital da prefeitura para o projeto Paixão de Ler. Contemplada no edital de literatura Sesi Fiesp/Avenida Paulista, onde conta a História de Maria Felipa par Crianças em 2024. Curadora e idealizadora da Exposição Radio Negro em 2022 no MIS - Museu de Imagem e Som, duas passagens pelo Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com montagem teatral e de dança. Contemplada com o projeto "A Menina Dança" para o público infantil para o SESC e Funarte (Retomada Cultural/2024). Formadora de plateia e incentivadora cultural da cidade.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *