Dia da Dança na Chapada dos Veadeiros

 

29 de abril foi o dia internacional da Dança, e o Coletivo de Bailarinos da Cidade de Alto Paraíso de Goiás organizou um final de semana cheio de atrações para o corpo em movimento.

Cartaz Dia da Dança

Além de paisagens exuberantes, ondas migratórias e intensidades no misticismo, o território da Chapada dos Veadeiros surpreende também pela quantidade de artistas vivendo na região, e esses artistas são de diversas partes do mundo, já que a Chapada é  um refúgio internacional em meio ao berço das águas.  Assim, o dia da dança não passou despercebido pelos bailarinos de Alto Paraíso, que ocuparam as praças da cidade com oficinas de dança e projeções de videodança produzidos no local.

As oficinas foram oferecidas na praça do Bambu de forma gratuita para acessibilidade da população local. A primeira aula do dia foi de dança Afro com a professora Adriana Castelhano, mexicana de nascimento atualmente reside na Chapada dos Veadeiros. (Licenciada em Dança Folclórica Mexicana pelo Instituto Nacional de Belas Artes.) A segunda  foi ministrada por Andreia Evangelista (Licenciada em Dança pela Faculdade Angel Vianna), que foi a oficina de Cavalo Marinho, dança popular brasileira que faz parte do vasto grupo de manifestações populares em que reúne música, dança, poesia e interpretação teatral. A aula se desdobrou com foco no mergulhão, momento do folguedo em que os brincantes cortam o espaço em um belíssimo sapateado nordestino.

Oficina de Cavalo Marinho

Seguida a aula de Cavalo Marinho aconteceu a oficina de Dança e Consciência Corporal com Eva Santoro,  que é uma dançante do campo da somática, dança baseada na sinergia entre consciência, aspecto biológico e meio ambiente. E a última oficina do dia foi Dança para crianças com Isabela Garios  (licenciada em Dança pela Faculdade Angel Vianna), que é também professora de dança no Ipê  Artes, a aula foi um sucesso,  divertida e cheia de ludicidade.

Dança e Consciência Corporal

A região tem ainda suas danças tradicionais como a Sussa e a Catira.  Sussa é uma dança tradicional quilombola presente nas comunidades Kalunga do nordeste goiano. É protagonizada por mulheres que dançam com saias coloridas de chita em torno do tambor onça, a dança sussa é composta por passos sapateados, semelhantes ao samba de roda ou dança de coco. E isso me faz pensar no pesquisador de performances brasileiras, Zeca Ligiéro, que informa sobre performances afro-brasileiras sempre terem canto, dança e batucada. Abaixo, a bailarina nativa do Sertão dançando sussa:

 

A Catira trata-se de uma manifestação cultural mais comum em cidades do interior e que está associada ao universo sertanejo. É possível encontrar muitos grupos formados apenas por homens que recebem o nome de catireiros. Sofre influência indígena, europeia e africana em seus gestos e passos, segue o padrão de batidas de mãos e pés dos dançarinos, remonta a época dos Bandeirantes, foram eles os primeiros a realizar os passos.

Maria Helena Anjos, arte Educadora.

A noite teria exibição de videodança  na Praça do CAT, a mostra aconteceria para expor os trabalhos das intérpretes-bailarinas que produziram enquanto moradoras da Chapada. No entanto, foi um  feriado prolongado, e isso significa que a cidade de Alto Paraíso estava cheia de turistas, e no horário das projeções aconteceram quedas abruptas de energia, colocando em risco uma boa apresentação, assim, a exposição foi remarcada para o próximo sábado dia 06 de maio, às 20h no ponto de acolhimento Chapada das Veadas. Abaixo as sinopses dos videodanças:

 

Água Viva de Eva Santoro

Videodança Água Viva

A dança faz emergir memórias corporais através da percepção biológica da origem da vida na Terra.
Agua Viva traz a tona uma estética, poética e padrões de movimentos a partir da relação entre o desenvolvimento dos seres vivos e os elementos naturais.  O movimento que invoca a ancestralidade, o presente e o amanhã no contínuo ciclo entre o nascimento, a vida e a morte. Se expressa como potência para o fortalecimento de vínculos com outras dimensões cósmicas. Anuncia a presença das entidades da água em momentos do surgimento da vida no planeta, manifestando a sensação de pertencimento em uma dança constante com a força de gravidade, o vínculo que nos conecta com a Terra, reconhecida como a mãe primordial.

 

CHAPADA – paisagens dos gestos de Andreia Evangelista

CHAPADA – paisagens dos gestos

O projeto, Chapada – paisagens dos gestos, trata-se do solo em dança contemporânea apresentado em formato de videodança, baseado na experiência gestual da bailarina Andreia Evangelista após passar a viver e interagir com a paisagem da Chapada dos Veadeiros. A chegada num território tão peculiar e de exigente capacidade de resiliência ao clima cerradeiro gerou a ampliação do olhar atento às transformações naturais na visualidade desse território.

Assim, a bailarina observou sua corporeidade alterando-se por meio das danças que realizou em diversas paisagens da Chapada, como cachoeiras, morros, abismos e crateras. Notou que as mudanças corporais se relacionavam com a transformação na visualidade da natureza por consequência dos ciclos de chuva e seca, sentiu alterar, não apenas a percepção do seu corpo, mas também sua criação de movimentos.

 

Lou(cura) de Rosa Aline

A comemoração foi até o dia seguinte, pois no domingo, dia 30, o Coletivo de Bailarinos de Alto Paraíso se reuniu na praça do CAT para o encerramento com dança afro e percussão ao vivo guiados pela professora Adriana Castelhano.

Dança Afro

 

ANDREIA EVANGELISTA

 

 

 

 

 

 

 

 

Author

Andréia Evangelista é Geminiana com ascendente em Libra e lua em Peixes, da leva de 1983, mestranda em Artes Visuais pelo PPGAV- EBA - UFRJ (Pesquisa: "O corpo como continente de espectros: o contorno nos processos performativos"), atriz, bailarina, e coreógrafa formada pela CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) – 2005, licenciada em dança pela faculdade Angel Vianna – 2010. Colaborou como bailarina no núcleo de pesquisa da FAV (Faculdade Angel Vianna), com a direção de Ana Bevilaqua. No teatro foi premiada como melhor atriz com a peça "Viva o Cordel Encantado" de autoria e direção de Benvindo Sequeira - 2006. Participou por três anos do festival de performance em Cuba, pelo qual apresentou trabalhos em dança contemporânea, teatro físico e cavalo marinho (dança folclórica da região zona da mata de Pernambuco). Atualmente ministra aulas de dança contemporânea e terapia através do movimento.

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