MUNDO ESTRANHO: Animação da Disney que traz aventura no estilo de Júlio Verne

 

Mesmo não sendo uma adaptação assumida, Mundo Estranho da Disney usa claramente como fonte de referência a obra de Júlio Verne, Viagem ao Centro da Terra: um grupo de exploradores descobre um mundo subterrâneo habitado por criaturas extraordinárias e fantásticas. O filme, mesmo com a trama misturada com a identidade Disney e tendo o selo de qualidade do estúdio, acaba sendo uma animação bem razoável.

Cena de “Mundo Estranho”. Foto: Disney Pictures

Na história, o grande explorador Jaeger Clader (Dennis Quaid), tem um desentendimento com seu filho Searcher (Jake Gyllenhaal) após discutirem sobre as diferenças de interesses do que cada um quer para o seu futuro. Anos depois, Searcher é chamado para uma expedição com o objetivo de salvar a cidade que ele ajudou a prosperar, em uma aventura que leva ele, sua esposa Meridan (Gabrielle Union ) e seu filho Ethan (Jaboukie Young-White) para um mundo estranho no subterrâneo da cidade, encontrando novamente seu pai que viveu todos esses anos nesse mundo e que acaba ingressando na missão do filho, sem fugir do seu principal objetivo de explorar um mundo além das fronteiras da cidade.

Cena de “Mundo Estranho”. Foto: Disney Pictures

Além da obra de Verne, Mundo Estranho parece uma mistura de Indiana Jones e Avatar, que se nota diversos elementos desses filmes no enredo da animação, seja no estilo aventureiro dos personagens em se depararem em um lugar inacreditável, enfrentando perigos, com um leve tom cômico em alguns momentos, e também na temática que o filme quer passar que tudo na natureza está conectado, e uma coisa depende da outra para prosperar, que a ideia não é ruim, o problema é a execução que a direção toma, primeiro a forma como ele introduz o tema no filme de forma isolada e expositiva em vez de trabalhar isso dentro da narrativa através da interação e escolhas dos personagens, e quando o filme volta a abordar isso mais para perto do final, fica muito abrupto e sem sutileza, que também é outra coisa que faltou na hora de explorar mais o tema dentro d história, que assim como Avatar, que também fala sobre o mesmo assunto, no caso o James Cameron conseguiu mostrar o tema com agressividade e sutileza, diferente do diretor Don Hall (“Moana”, “Operação Big Hero”) que tem um conceito diferente, o que é algo bom, mas ele deixa tudo muito exposto e sem criar uma boa conexão com a temática e o enredo, ele apenas joga isso na historia para ter a lição de vida básica que um filme da Disney tem.

Cena de “Mundo Estranho”. Foto: Disney Pictures

O que é mais marcante no filme é o visual, tanto  da cidade utópica que mistura tecnologia avançada com o design que remete a uma cidade do início do século XX, quanto o mundo estranho, onde os cenários em si não impressionam tanto, porém as criaturas peculiares são bem feitas, com destaque para a criatura azul que acompanha o grupo. Seu visual, junto com as outras criaturas, faz sentido após o plot no terceiro ato, embora tenha como funcionalidade principal criar algo fofo que encante as crianças a ponto de comercializá-lo. Isso é até uma coisa dita no próprio filme, como se a Disney confessasse que criara o personagem especifico apenas com fins lucrativos voltado no merchandising.

Cena de “Mundo Estranho”. Foto: Disney Pictures

Alguns elementos básicos que o estúdio usa em todos os seus principais trabalhos são renovados nesse filme, ou até mesmo quebrados, como a questão da mãe morta dos protagonistas e quando o publico está prestes a pensar nessa hipótese, o roteiro entrega uma surpresa bem bolada. Será difícil lembrar da família Clades por seus traços de personalidade, é mais provável que lembrem pela ideia deles em quebrar o padrão ao acrescentar um casal interracial, o filho adolescente que deixa claro sua sexualidade, mas não a ponto de escancarar e nem de ficar apenas na insinuação O modo como o personagem é tratado é ótimo para um filme familiar, apresentando um personagem que fica constrangido e sem graça na frente de quem ele gosta, mas no ponto de vista do espectador é divertido e adorável.

Cena de “Mundo Estranho”. Foto: Disney Pictures

A estrutura criada para o desenrolar da história é afetada pela péssima montagem, que transforma os momentos de conflitos e desentendimentos em situações com poucas conexões, o roteiro apenas cria um rápido obstáculo e rapidamente é resolvido, ou simplesmente joga algo aleatório para motivar os personagens, deixando o filme episódico. O desentendimento familiar, que chega a ser crucial para o gancho inicial do filme, não é de todo mau, dentro de todos os arcos, esse é o que existe mais desenvolvimento, mostrando as três gerações dos Clades e o conflito entre eles ao mostrar que apesar das semelhanças, cada um quer construir o próprio legado distinto do que o pai do outro ergueu para si.

Cena de “Mundo Estranho”. Foto: Disney Pictures

 

CONFIRA O TRAILER:

Mundo Estranho é uma diversão passageira, uma das animações mais esquecíveis da Disney das últimas décadas, tendo personagens com personalidades fracas, e sendo mais um compilado de ideias recicladas que não apresenta nada de novo ou no mínimo divertido que possa agradar toda a família, mas talvez agrade as crianças pelo visual.

NOTA: 5,5

BRUNO MARTUCI

 


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Colaborador de CINEMA & SÉRIES dos sites ARTECULT.com, The Geeks, Bagulhos Sinistros, entre outros.

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