O Bastardo (2019): Suspense belga retrata a dor da perda em uma intrigante narrativa social

“O Bastardo” está disponível nos catálogos do Now, Vivo Play, Looke, Apple TV, Microsoft Movies & TV e Google Play (Foto: Divulgação)

 

O Bastardo, filme belga dirigido por Mathieu Mortelmans, é um típico filme de suspense que prende o telespectador em sua proposta de narrativa desde de suas primeiras cenas. O núcleo do longa perpassa pelo trágico acidente automobilístico envolvendo os jovens Daan (Spencer Bogaert), Wes (Lukas Bulteel) e Robbie (Arne De Tremerie), que, após saírem de uma noitada regada por bebidas, perdem o controle do carro que usavam e acabam caindo em um rio. Neste fatídico acidente, Robbie acaba se afogando, perdendo sua vida, enquanto Daan (seu irmão) e Wes (seu amigo) sobrevivem ao fato.

Desta feita, sem qualquer tipo de desenvolvimento de seus personagens, a não ser a leve impressão fraternal existente entre os irmãos, o filme passa a se aproveitar de inúmeros elementos para apresentar seus intérpretes após 02 anos do ocorrido, desenvolvendo as marcas deixadas pela perda de um ente familiar e um amigo. Assim, um corte temporal é feito, e passamos a acompanhar a vida da família ainda lutada de Robbie, retratado por Nina (Tine Reymer) e Filip (Koen De Bouw), pais do falecido, como também a presumida metamorfose sofrida por Daan e Wes, que carregam o fardo de terem presenciado o fato e se sentirem, de certo modo, culpados pelo ocorrido.

Esta proposta funciona muito bem na primeira metade do filme, despertando uma curiosidade no telespectador em identificar os anseios de cada personagem em preencher a lacuna deixada pela dor da perda e culpa, introduzindo neste desígnio elementos de direção e fotografia, a exemplo da constante referência à água, usada já em sua primeira cena. Ademais, usou-se também angulações específicas, como a panorâmica, para indicar o sentimento de isolamento e confusão dos personagens. Assim, de maneira casual e despretensiosa, Nina e Daan conhecem Radja (Bjarne Devolder), morador de rua bem-afeiçoado, que é introduzido no âmago desta família como uma maneira de preencher o vazio deixado por Robbie.

Por óbvio, a falta de conhecimento da vida pregressa de Radja, somado a fragilidade dos integrantes da família lutada, resultam em uma trama intrigante que nos faz questionar a coerência na escolha de Nina – em acolher um indivíduo que nem sequer conhece – ou a reação de extrema cautela de Daan, que se mostra resistente ao ato em certos momentos por mero ciúme ou desconfiança exacerbada. Essa sutileza na sucessão e construção dos fatos, que resultam em uma sensação agradável de dúvida e desejo por mais esclarecimentos, acaba sendo minimizada na segunda metade do longa, onde os eventos já não surpreendem tanto e tendem a serem presumidos ou até questionados.

Entretanto, tal fato não retira os méritos do filme, que, para além de uma boa direção, conta com destacada atuação de seu protagonista – Spencer Bogaert. Desta forma, para os amantes de suspense e entusiastas pela interpretação dos comportamentos sociais, O Bastardo pode ser uma boa pedida.

 

DENI FILHO

 


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Sou Advogado, Empresário e Entusiasta da sétima arte. Para o canal Cinema & Companhia do ArteCult realizo a análise crítica sobre obras cinematográficas – filmes, séries e desenhos - inclusive pautada também pelo olhar jurídico (veja em artecult.com/author/cineelaw e siga meu Instagram @cineelaw).Neste caso, a proposta é uma abordagem leve, a fim de proporcionar um entendimento do tema pelo público em geral, trazendo em seu cerne uma dialética entre o mundo jurídico e a cultura pop contemporânea.

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