Quadrinhar: Itaú Cultural Play inaugura mostra com filmes inspirados em quadrinistas brasileiros

Obras dos cartunistas  Laerte e Angeli são o ponto de partida para criações de algumas dessas produções, que passam a fazer parte do catálogo da plataforma. Destaque para Dossiê Rê Bordosa, documentário fictício sobre a morte de uma das personagens mais famosas dos quadrinhos nacionais. Em outro recorte, Café com Canela, produção baiana de Ary Rosa e Glenda Nicácio, diretores homenageados na Mostra Tiradentes deste ano, integra a seleção de produções do cinema negro brasileiro.    

A partir do dia 27 de janeiro (sexta-feira), a Itaú Cultural Play inaugura a mostra Quadrinhar, uma seleção de filmes pensada em homenagem ao Dia do Quadrinho Nacional, celebrado no dia 30. Essa seleção reúne sete filmes que reforçam a relação de décadas entre quadrinhos e cinema, que tem se desdobrado na parceria entre cineastas, roteiristas e desenhistas, na produção de filmes sobre o tema e nas tradicionais adaptações para a tela grande.

Antes disso, no dia 24 (terça-feira), a plataforma inclui em seu catálogo o filme Café com Canela, obra que reflete sobre a dor do luto e da perda ao retratar personagens do recôncavo baiano. O filme terá agora os diretores Ary Rosa e Glenda Nicácio homenageados na edição da 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em Minas Gerais, que acontece até o dia 28, com apoio do Banco Itaú.

A Itaú Cultural Play é voltada exclusivamente para o audiovisual brasileiro, e conta com mais de 500 títulos disponíveis de todas as regiões do Brasil. A plataforma é gratuita, podendo ser acessada pelo site www.itauculturalplay.com.br ou pelo App nos dispositivos móveis Android e IOS.

Quadrinhos na grande tela 

Entre a seleção de filmes que mostra a paixão do cinema brasileiro pelos quadrinhos nacionais está Dossiê Rê Bordosa (2008). Com direção de Cesar Cabral, este curta-metragem premiado dentro e fora do Brasil é considerado um clássico do cinema de animação brasileiro para adultos.

Com paródias e depoimentos animados de Laerte e do próprio Angeli, tenta desvendar o porquê do fim da Rê Bordosa – na época a personagem mais popular de Angeli –, em 1987. A história sonda as motivações de um artista para matar sua principal criação.

Outro destaque fica por conta da animação Wood & Stock – sexo, orégano e rock’n’roll (2006). Com direção de Otto Guerra, o longa-metragem mostra uma aventura de desbunde, psicodelia, paz e amor, estrelada por duas personagens queridas do quadrinista Angeli: os hippies Wood & Stock.

No filme, passado o barato dos anos 1970, o clima é de cuidar da família e trabalhar, até uma nova banda de rock fazer o espírito daqueles anos ressuscitar. Com a participação de Rita Lee e Tom Zé como Rê Bordosa e Raul Seixas, trata-se de uma escrachada comédia para os adultos saudosos e jovens dispostos a se divertir.

Também com direção de Guerra, A Cidade dos Piratas (2018) desafia os lugares comuns do cinema comercial de animação, misturando ficção e documentário. O enredo acompanha um diretor de cinema em crise criativa, um político homofóbico e quixotesco, personagens dos quadrinhos de Piratas do Tietê e o Brasil conservador dos últimos anos. Por trás deste labirinto de histórias, está a vida e a obra de Laerte Coutinho, uma artista corajosa e iconoclasta que marca gerações.

A produção recebeu Menção Honrosa no 46º Festival de Cinema de Gramado, em 2018. No mesmo ano, ganhou os prêmios de Melhor Direção e Roteiro no 25º Festival de Cinema de Vitória, no mesmo ano.

Outro filme elogiado pela crítica e que pode ser visto na IC Play é A Noite dos Palhaços Mudos (2012), de Juliano Luccas. Inspirado em Dr. Fantástico, é uma adaptação da sempre atual história em quadrinhos da cartunista Laerte Coutinho, eternizada pelos mesmos protagonistas da premiada versão teatral da Companhia LaMínima.

Em uma trama urbana contemporânea de humor, o filme acompanha dois palhaços em uma missão: resgatar um companheiro sequestrado por uma organização que pretende exterminar a classe.

Já o curta-metragem O ogro (2011), dos diretores Márcio Júnior e Márcia Deretti, é baseado na história em quadrinhos homônima assinada por Antônio Rodrigues e pelo desenhista Julio Shimamoto, publicada em 1984 na revista Calafrio.

Na história contada em uma floresta sombria, um cavaleiro medieval parte em busca de uma diabólica criatura que se esconde num castelo em ruínas e detém um terrível segredo. No caminho, encontra outro cavaleiro, que revela a ele terríveis surpresas.

Outro curta Mesa para dois (2012) é uma adaptação da HQ homônima dos premiados quadrinistas Fabio Moon e Gabriel Bá. Com direção de Amilcar Oliveira, o filme é fiel ao quadrinho original.

Na trama, Julia trabalha como garçonete em um restaurante e acha que tem uma vida monótona, até virar assistente de Miro, um escritor. Ele procura alguém para conversar, se inspirar em novas histórias e se libertar de um bloqueio criativo. Mas é ela quem encontra surpresas no caminho.

A lista é completada com Interiores (2021), uma animação baseada em uma história em quadrinhos homônima escrita pelo diretor Eduardo Azevedo. Nela, uma criatura sem forma e de pequena estatura caminha sem rumo por onde vive com outros seres de sua espécie. Em dado momento, abre uma porta, ganha a companhia de um ser diferente e passa a tentar dominá-lo. Mas seu ato tem consequências inimagináveis.

CINEMA NEGRO BRASILEIRO 

Para aumentar sua seleção de filmes da plataforma que enaltece o cinema negro brasileiro, Café com Canela (2017) valoriza os saberes populares, a cultura afrodescendente e a comida como um ponto sagrado de encontros e afetividades.

A história acompanha Margarida, uma professora que, depois de perder o filho, se distancia do mundo, entoando um luto duradouro. Também se separa do marido e perde contato com amigos e parentes. Certo dia, no entanto, ela será sacudida com a chegada de Violeta, uma ex-aluna. Deste encontro, nasce um lento processo de cura, regado a cafés com canela.

O filme foi contemplado em 2017 com o Prêmio Petrobrás de Cinema, por meio do Júri Popular, no 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. No ano seguinte, participou da Seleção Oficial do Festival Internacional de Cinema de Roterdã, na Holanda.

SERVIÇO:  

Itaú Cultural Play 

Em www.itauculturalplay.com.br

CINEMA NEGRO BRASILEIRO

  • A partir de 24 de janeiro (terça-feira)
  • Café com canela (2017)
  • De Ary Rosa e Glenda Nicácio
  • Duração: 100 minutos
  • Classificação indicativa: 14 anos (drogas e linguagem imprópria)

MOSTRA QUADRINHAR

  • A partir de 27 de janeiro (sexta-feira)
  • Wood & Stock – sexo, orégano e rock’n’roll (2006)
  • De Otto Guerra
  • Duração: 85 minutos
  • Classificação indicativa: 16 anos (drogas, sexo e violência)

Dossiê Rê Bordosa (2008) 

  • De Cesar Cabral
  • Duração: 16 minutos
  • Classificação indicativa: Drogas lícitas, nudez e conteúdo sexual

O ogro (2011) 

  • De Márcio Júnior e Márcia Deretti
  • Duração: 8 min
  • Classificação indicativa: 10 anos (violência)

A noite dos palhaços mudos (2012) 

  • De Juliano Luccas
  • Duração: 12 minutos
  • Classificação indicativa: 10 anos (violência)

Mesa para dois (2012)

  • De Amilcar Oliveira
  • Duração: 24 minutos
  • Classificação indicativa: A12 (drogas lícitas e linguagem imprópria)

A cidade dos piratas (2018) 

  • De Otto Guerra
  • Duração: 80 minutos
  • Classificação indicativa: 16 anos (violência, conteúdo sexual e linguagem imprópria)

Interiores (2021) 

  • De Eduardo Azevedo
  • Duração: 4 minutos
  • Classificação indicativa: A10 (medo)

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