O que você está lendo?

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Ao encontrar o amigo Reinaldo Pimenta, logo após passarmos pelas perguntas clichês a cujas respostas ninguém presta atenção – a não ser que sejam trágicas -,  ele indaga: o que você está lendo?

Como nos encontramos irregularmente, algumas vezes por ano, há sempre muitas novidades, de ambos os lados. Considero este tipo de escambo de informação precioso, por alguns motivos.

Se a pessoa está lendo é porque está intelectualmente (particip)ativa, ligada aos (e nos) acontecimentos que nos cercam. O hábito de ler incita outras leituras, se integra à curiosidade pela informação. Aguça e aumenta o interesse pela tela viva e tridimensional diante da qual deixamos de ser receptores passivos e atuamos com o protagonismo que aprendemos a ter a partir daí.

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A leitura oferece conhecimento amplo sem a necessidade do – muitas vezes enfadonho – didatismo, dos textos acadêmicos áridos, empolados e destituídos de dramaturgia, como se vida não tivesse.

Ler sempre nos faz mais criativos, mais identificados com palavras, expressões, frases que traduzem os sentimentos e facilitam as relações. Fazer uma citação de autor ou lembrar a passagem daquele texto que ilustra a conversação não nos faz mais especiais, mas diz muito sobre nossos interesses e intenções.

Ler em público, em transportes coletivos, ao mesmo tempo proporciona não só o isolamento tão necessário no dia a dia, como também aproxima, atrai, estabelece parâmetros para uma troca elevada de ideias.

Então, em uma sociedade em que as pessoas se perguntassem, ao se encontrar, “que livro você está lendo?”, certamente a cultura estaria em nível elevado; haveria mais entendimento; as pessoas estariam mais felizes; e teríamos menos receio de errar nas escolhas.

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Como diria Mário Quintana: “O verdadeiro analfabeto é aquele que aprendeu a ler e não lê.”

Experimentemos, logo depois do bom dia, perguntar: o que você está lendo?

 

 

 

Author

Marco Simas é cineasta, escritor e roteirista. Mineiro de Nepomuceno, radicado há muitos anos no Rio de Janeiro. Sempre ligado ao cinema, como roteirista e diretor, realizou vários filmes de curta-metragem,entre eles, os premiados "Um dia, Maria", "Solo do Coração" e "Com o andar de Robert Taylor". É ainda autor dos livros "Barbara não quer perdão", "Último Trem" e "Aqui Estamos Nós - Identidade".