AC ENTREVISTA CINEMA E COMPANHIA : Confira a nossa entrevista exclusiva com o diretor e a atriz do longa “TIA VÍRGINIA”

Fotografia still e making of do filme “Tia Virginia”, do diretor Fábio Meira e produzido pela Kinossaurus, contando com grandes atores como Vera Holtz, Arlete Salles, Louise Cardoso, Antônio Pitanga, Daniela Fontan e Iuri Saraiva no elenco. Friburgo, 09.02.2020
Foto: Andréa Testoni / Zuppa Filmes

O longa-metragem Tia Virgínia, protagonizado por Vera Holtz, Arlete Salles e Louise Cardoso, e escrito e dirigido por Fabio Meira, estreia hoje dia 9 de novembro, em cinemas de todo Brasil. 

O filme entra em cartaz em diversas capitais – Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Manaus, Brasília, Salvador, Fortaleza, Recife, Goiânia, Curitiba, Porto Alegre, Palmas e Aracaju – em cidades como: Niterói (RJ), Contagem (MG), Ananindeua (PA), Caxias do Sul (RS), Juazeiro do Norte (CE) e São José dos Campos (SP). Tia Virginia entra em cartaz em 19 capitais e cidades em todo país, em trinta e sete cinemas. 

No 51º Festival de Gramado deste ano, onde concorreu na mostra competitiva de longas-metragens brasileiros, Tia Virgínia” levou os prêmios de melhor filme pelo júri da crítica, melhor atriz para Vera Holtz, melhor roteiro para Fabio Meira, menção honrosa do júri para a atriz Vera Valdez, melhor direção de arte para Ana Mara Abreu e melhor desenho de som para Ruben Valdés. longa também ganhou três prêmios no festival LABRFF 2023considerado o mais importante festival de cinema brasileiro nos Estados Unidos: melhor atriz para Vera Holtz, melhor atriz coadjuvante para Louise Cardoso e melhor direção de arte para Ana Mara Abreu. 
 

Confira abaixo a nossa entrevista exclusiva com o diretor FÁBIO MEIRA e a atriz que VERA HOLTZ:

Vera Holtz e o diretor Fábio Meira. Foto: Vivi Gianquita.

Stephanie Miranda (ArteCult): Fábio, você dedicou o filme para duas tias suas. Eu gostaria de saber mais sobre a inspiração para o filme. Veio delas? Elas eram as suas ‘Tias Virgínias’?

Fábio Meira: Elas eram minhas ‘Tias Virgínias’. São mulheres que sempre me chamaram a atenção, que nunca seguiram um padrão social, familiar. Eu levei um tempo na minha família para tomar as rédeas da minha vida, com eles eu seguia um padrão. Uma da geração da minha mãe e uma da geração da minha avó. A mais velha faz aniversário no dia da estréia do filme, e foi uma pessoa muito importante na minha vida: pagou meus estudos e me deu outras ferramentas de vida. A outra me abriu a cabeça, até pro universo do cinema. Com um gosto diferente das irmãs, eu tive como referência. Era fascinado por elas, mas ao mesmo tempo achava um destino um pouco trágico, então queria contar a história dessas mulheres, brasileiras.

Stephanie Miranda (ArteCult): Vera, você já interpretou várias mulheres: reais, verdadeiras. Um exemplo é a ‘Mãe Lucinda’, da novela Avenida Brasil. Essa era abertamente marginalizada pela sociedade. A tia Virgínia tem isso mais escondido. Ela está ali mas ninguém a enxerga de verdade, o quanto ela está sendo deixada de lado. Como é interpretar essa mulher tão comum, que no filme é levada a quase um extremo?

Vera Holtz: É delicado. A obra é tragicômica, então é delicado interpretar assim. Que dor que deveria ser revelada? Como em uma cena onde Virgínia fala sobre um sonho que não concretizou de ser atriz. Como fazer isso, sendo atriz, mas falando de algo que ela não teve, não acessou, não pode ter, foi impedida? Então é delicada, trabalhamos a obra toda com delicadeza. Procuramos outros lugares para contar a história, fugimos do óbvio para fazer a Virgínia, que fala de tantas mulheres, Virgínias e Virgínios, na verdade, tios e tias. Em comparação com a Lucinda, ela escolhe se afastar por culpa e vai pro lixão. A Virgínia é arrastada pro mundo de isolamento dentro de casa.

SM (AC): Falando sobre a construção da personagem no um dia do filme, 24 de dezembro, retratado nas menos de uma hora e 40 de filme, a gente percebe vários momentos da personalidade da Virgínia, desde mais doce e passiva, até mais obstinada e agressiva. Dentro dessa construção, qual o legado geral que fica da personagem?

VH: A nossa Virgínia do filme é uma provocadora, abusada. Ela aceita o destino, mas depois ela resolve construir o seu próprio. Não acho que chegue em um local de vingança, mas pode ser também visto assim.

FM: É difícil dar conta de, em um único dia, dar conta de todas essas personagens complexas e suas dinâmicas familiares. Todo mundo tem dois lados, todo mundo tá sofrendo em algum deles, mesmo a mais cruel das irmãs. Tinha uma vontade de não vitimizar as personagens. Porque as famílias são assim mesmo e a vida é assim mesmo. O importante era entender a dinâmica familiar em 24 horas.

VH: Mas o que fica disso?
FM: São muitas perguntas.
VH: É isso, levanta muitas questões.
SM: Acho que o que fica é que as pessoas são complexas.

VH: Exatamente, não adianta você querer rotular. O problema que estamos vivendo é que tudo se quer rotular, mas não tem mais isso. Somos muito econômicos: quero ou não quero, gosto ou não gosto, quente ou frio. Não tem mais isso, ter que colocar as pessoas em caixinhas para que fiquem mais fáceis de entender.

SM (AC): E o que fica de legado para vocês, que fizeram o filme, dessa obra?

VH: Acho que essa observação sobre a pessoa e os destinos delas. Como são as escolhas da vida. O respeito, escutar o outro e o que você pode fazer para tirar o melhor dele. O que é mais confortável, não pra mim, mas pra estarmos juntos, exercitar a vida de uma forma coletiva respeitando as individualidades, quando se está em família.

SM (AC): Fábio, você colocou muito de você no filme, mas dá pra absorver também.

FM: Eu tô aprendendo muito. Começamos as sessões com debates e o que a platéia tá me trazendo me mostra outras camadas do filme. Quando digo que não tem resposta chave, e sim um questionamento que estamos levantando, o público também está respondendo: é como o filme chega no espectador, e como se apropria da obra para tratar das próprias questões, da própria vida.

SM (AC): Por mais que tenha sido você o criador, depois que ela é posta no mundo, ela vira algo maior, não é?

VH: Totalmente! É inacreditável como a opinião de vocês redimensiona o filme. FM: Stephanie, nós somos só veículo. A história tem vida própria

SAIBA MAIS SOBRE O FILME:

Vera Holtz dá vida à personagem título, Virgínia, que nunca se casou ou teve filhos, e foi convencida pelas irmãs, Vanda (Arlete Salles) e Valquíria (Louise Cardoso), a deixar a vida que tinha para cuidar dos pais. 

“O filme fala da ruptura, da mudança do paradigma constrangedor de uma sociedade que não sabe lidar com o velho. Esta ruptura a leva a sair deste lugar melancólico e percorrer um novo caminho e se reinventar. O filme traz um acúmulo de histórias, de vivências dentro do núcleo familiar. A minha personagem está bem estressada, chateada e arrependida de ter deixado de lado a vida que ela acha que poderia ter vivido. Com a chegada das irmãs, ela dá uma descompensada”, comenta Vera.  

O filme se passa em um único dia, quando Virgínia se prepara para receber as irmãs, que viajam para celebrar o Natal após a morte do patriarca. A direção e o roteiro são do premiado Fabio Meira (“As Duas Irenes”), com produção da Roseira Filmes e da Kinossaurus (produtora de Ruy Guerra e de Janaina Diniz) e distribuição da Elo Studios. No elenco também estão Antonio Pitanga, Vera Valdez, Amanda Lyra, Daniela Fontan e Iuri Saraiva. 

“‘Tia Virgínia’ descortina o lugar delicado e invisibilizado de tantas mulheres que tiveram suas vidas alteradas por uma ‘sentença’, de não terem se casado ou sido mães”, declara Fabio Meira. “Costumo dizer que ‘As duas Irenes’ nasceu de histórias que escutei da minha família, já ‘Tia Virgínia’ surge de histórias que vi de muito perto, sobre a relação da minha tia solteira, que cuidou dos meus avós no fim da vida, com minha mãe e as outras irmãs. É um filme sobre irmãs na maturidade, sobre afetos e rancores que não se transformam com o tempo. Precisamos falar sobre família e sobre essa geração de mulheres que atravessou diferentes faces da sociedade e têm se reinventado constantemente. As personagens foram construídas a partir das minhas próprias tias, mas também de inspirações de personagens clássicas do teatro e do cinema”, complementa o diretor.  

 

CONFIRA AO TRAILER:

 

FABIO MEIRA | Diretor  

Diretor, roteirista e produtor, Fabio Meira estudou na Escola Internacional de Cinema de Cuba. Foi assistente de Ruy Guerra em 2004, em “Veneno da Madrugada”. Seu filme de estreia “As Duas Irenes” teve a première mundial no Festival de Berlim, circulou e foi premiado em diversos festivais importantes do mundo. O projeto “Tia Virgínia” recebeu o apoio para Desenvolvimento do prestigiado Programa Ibermedia.  

  

ROSEIRA FILMES | Produtora  

Fundada pelo cineasta Fabio Meira, a Roseira Filmes é um núcleo de produção de conteúdo para cinema e televisão. Produziu dois longas, três médias e um curta-metragem, em parceria com produtoras como Acere FC e Lacuna Filmes. “As Duas Irenes” (2017), estreou no Festival de Berlim e foi ganhador de quatro Kikitos no Festival de Gramado, entre eles o de Melhor Filme pela Crítica e Melhor Roteiro. O filme foi distribuído pela Vitrine Filmes no Brasil e vendido para países como Suécia, Polônia, México, Uruguai e China. Os médias-metragens foram exibidos em canais como ESPN, TV5, TV Brasil e Rede Record e premiados em festivais de documentário como “É Tudo Verdade”.  

  

KINOSSAURUS | Produtora  

Kinossaurus é uma sociedade entre o cineasta Ruy Guerra e a produtora e diretora Janaina Diniz, que se lança ao desafio de explorar a linguagem audiovisual com objetivo de trazer produtos criativos ao grande público. Fundador da Kinossaurus, Ruy Guerra é um dos maiores embaixadores do cinema brasileiro: levou seis filmes às telas de Cannes, conquistou o Urso de Prata de Berlim com dois longas distintos, movimentou milhões de espectadores com suas obras em todo mundo. Além da preservação da importante filmografia do cineasta e da realização de suas novas obras, a Kinossaurus tem como objetivo revelar talentos ao mercado audiovisual.  

  

ELO STUDIOS | Distribuidora   

 A ELO STUDIOS é um estúdio audiovisual que desenvolve, produz, e comercializa narrativas brasileiras em múltiplas plataformas e países. Especializada em inovação e entretenimento de impacto, desde 2005 distribuiu mais de 500 títulos incluindo filmes de mais de 1 milhão de espectadores no Brasil à premiados internacionalmente (indicação ao Oscar como O Menino e o Mundo) e distribuídos em mais de 100 países.   

Focada em conectar ideias, criadores e talentos, a ELO STUDIOS possui um forte line up de produções originais, além de desenvolver e produzir o conteúdo certo para cada mídia. Como resultado de significativo investimento e parcerias, a ELO STUDIOS está trabalhando em 20 produções próprias para os próximos três anos, sendo nove delas já confirmadas com parceiros. A ELO STUDIOS lançou em 2022 o filme “Medida Provisória”, de Lázaro Ramos, sendo o maior sucesso nacional do ano, em número de semanas em cartaz, e segundo em público. A empresa também é responsável pela incubadora de projetos com diretoras – SELO ELAS – e outras iniciativas que valorizam a diversidade de estórias na frente e atrás das telas. Em 2023 irá distribuir mais de 14 lançamentos nos cinemas, incluindo “Saideira”, (comédia estrelada por Thati Lopes e produzida pela Glaz), “De Repente, Miss!” (co-distribuição ELO STUDIOS e Sony Pictures, com Fabiana Karla e Giulia Benite no elenco), “Madame Durocher” (com Mateus Solano, e as premiadas Marie-Josée Croze e Sandra Corveloni), e “Viva a Vida” (dirigido por Cris D’Amato em Israel, e estrelado por Thati Lopes e Rodrigo Simas). Fundada há 17 anos por Sabrina N Wagon, Ruben Feffer e Flávia Feffer, a ELO STUDIOS pretende inovar a cada ano, e levar diversas produções nacionais a um número cada vez maior de pessoas, tanto no Brasil, como no mundo.  

  

Elenco:  

  • Vera Holtz
  • Arlete Salles  
  • Louise Cardoso 
  • Vera Valdez  
  • Antonio Pitanga  
  • Daniela Fontan  
  • Iuri Saraiva  
  • Amanda Lyra  

  

Ficha Técnica:  

  • Roteiro/Direção: Fabio Meira  
  • Produção: Roseira Filmes e Kinossaurus Filmes  
  • Produzido por:  Janaina Diniz Guerra, Fabio Meira  
  • Produtor Executivo: Camilo Cavalcanti  
  • Produtor Associado: Thiago Macêdo Correia  
  • Direção de Fotografia:  Leonardo Feliciano  
  • Direção de Arte: Ana Mara Abreu  
  • Figurino:  Rô Nascimento  
  • Técnico de Som: Marcos Manna   
  • Montagem: Karen Akerman, Virgínia Flores  
  • Desenho de Som: Ruben Valdés  
  • Música Original: Cesar Camargo Mariano   

 

 

ArteCult – @CinemaeCompanhia 

Siga nosso canal e nossos parceiros no Instagram para  ficar sempre ligado nas nossas críticas, últimas novidades sobre Cinema e Séries, participar de sorteios de convites e produtos, saber nossas promoções e muito mais!

@artecult , @cinemaecompanhia , @cabinesete ,
@cinestimado,  @cineelaw e @marimastrange

#VamosParaOCinemaJuntos

Author

Carioca, 20 anos, estudante de engenharia, colecionadora de canhotos de ingresso de cinema e apaixonada pela Sétima Arte. Seja na telinha do meu celular ou nas telonas dos cinemas, assistir filmes é uma verdadeira paixão. Pra mim, cinema é uma das mais belas formas de arte. O modo como integra todas as outras artes é simplesmente mágico, como me faz viajar e me teleporta para outras realidades, como me envolve, me intriga, me emociona... Seja sozinha ou com amigos, cinema é sempre uma boa opção pra sair, mas se o assunto é ficar em casa, por que não maratonar aquela série? Tenho aqui no ArteCult a chance de compartilhar minhas impressões sobre um pedaço desse mundo maravilhoso e, assim, espero poder fazer vocês sentirem um pouco do que senti, e também sentir um pouco do que vocês sentiram.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *