O PREÇO DA VERDADE : A representação da poluição da ganância humana

 

Nesta biografia que conta sobre um dos maiores casos de crime ambiental da história, além de ser um drama investigativo em busca da verdade, o diretor Todd Haynes (Carol) consegue nos provocar medo e desespero ao apresentar temas pesados sobre poluição em massa e ganância do homem, que apesar de serem abordados repetidas vezes no cinema, continuam nos assustando com casos verídicos impensáveis, tais como este, que mostra que as grandes empresas químicas não pensam duas vezes antes de poluir o meio-ambiente para conseguir alguns bilhões.

Através da palheta de cores, o diretor mostra de uma forma bem interessante como cada lugar sofre com a contaminação da água: enquanto as cenas dos lugares poluídos possuem uma cor mais fria e esverdeada, quase escuras que remetem bem ao ambiente tóxico no interior, as das grandes metrópoles, principalmente as dos ambientes de alta classe, tem cores mais quentes e vibrantes. E isso muda ao longo da investigação do advogado Robert (Mark Ruffalo), pois a contaminação da indústria química DuPont vai muito mais além do que ele imaginava, ultrapassando as fronteiras da localidade inicial, de uma forma que ninguém suspeitava. Mesmo que o roteiro apresente isso de forma muito expositiva, a forma como a direção trabalha isto, focando em outros recursos e até em objetos do nosso cotidiano enquanto esse fato é apresentado a outro personagem, faz com que essa informação não se torne algo jogado na trama de forma aleatória.

Cena de “O PREÇO DA VERDADE”. Foto: Divulgação Paris Filmes.

O diretor ainda brinca com o início do confronto entre Robert e a DuPont, quando ele , durante uma festa, anuncia para os representantes da empresa sobre o processo, jogando-nos uma indireta que a “diversão está prestes a começar” , pelo menos só para o espectador, já que até aquele momento o ritmo estava um pouco devagar, mas não a ponto de se tornar algo maçante ou cansativo. Depois dessa cena o ritmo começa a conquistar mais nosso interesse, quando se dá de fato o início do processo e da luta pela verdade, desmascarando a DuPont e seus esquemas de acobertamento de agressões ambientais.

O roteiro também mostra o lado das pessoas que defendem a DuPoint e que acreditam que a empresa é uma dádiva, pois era a maior empregadora da cidade. Mostra o enriquecimento material das pessoas influenciadas pelos funcionários e empregados da DuPoint e que se negam a ver a verdade nas outras pessoas que tiveram contato direto com os riscos à saúde causados pela corporação.  Estas pessoas se recusam a aceitar que a DuPoint tenha algo a ver com o aumento de doenças degenerativas, enquanto continuam a receber algum tipo de recompensa por terem aceitado a corporação em sua cidade.

Após o início do processo, a montagem ganha um ritmo repetitivo: mostra o protagonista com certa vantagem, pronto para expor a verdade, mas num processo que demora anos para trazer resultados e afeta negativamente às pessoas que acreditam na contaminação e defendem Robert. Isso ocorre direto no filme, o que pode provocar aquela sensação de que já vimos isto há alguns minutos atrás, e que na verdade, vimos mesmo, já que a estrutura de cada passo do protagonista é basicamente a mesma, disfarçada bem com as novas informações que o roteiro apresenta para o desenrolar da trama.

Cena de “O PREÇO DA VERDADE”. Foto: Divulgação Paris Filmes.

Outros elementos relacionados ao processo contra a DuPont, como os atentados sofridos pelos que estão contra a grande empresa corporativa e que dão origem às falsas cenas de perigo contra a vida de Robert, ou como também a “cutucada” sobre o estereótipo das pessoas odiarem advogados ao mostrar que estão mais preocupados com suas carreiras do que realmente ajudar seus clientes. Embora colocados de maneira orgânica e natural, esses assuntos ficam apenas nisso, não tendo muita relevância para a continuidade do processo ou da trajetória dos personagens ou da narrativa.

 

CONFIRA O TRAILER

 

 

 

 

O Preço da Verdade é mais uma história forte, que pode fazer muitas pessoas refletirem sobre como grandes corporações podem ter o poder de não só prejudicar seriamente o meio ambiente, mas de controlar o que as pessoas devem saber e até influenciar o modo de enxergar as coisas.

 

NOTA: 8,0

BRUNO MARTUCI

 

 


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Colaborador de CINEMA & SÉRIES dos sites ARTECULT.com, The Geeks, Bagulhos Sinistros, entre outros.

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