NAS ONDAS DA FÉ: Filme estrelado por Marcelo Adnet e Letícia Lima mostra, de modo cômico, o lado “comercial” de algumas igrejas evangélicas

Nas Ondas da Fé“, que estreou ontem (12/01) nos cinemas, é uma típica comédia bem brasileira, que mexe com um tema muito comum do cotidiano de muita gente, que é a perseverança e crença na religião evangélica, contada do lado de dentro da igreja, onde o filme mostra o lado corporativo de algumas igrejas, que infelizmente têm além do intuito de conquistar mais fieis, conseguir doações dessas pessoas de fé para “que o Senhor ilumine o caminho deles”… mas na realidade com uma motivação mais gananciosa e menos cristã.

Cena de NAS ONDAS DA FÉ, da Imagem Filmes. Foto: Divulgação.

 

Nessa parte, a direção de Felipe Joffily acerta na crítica do filme e é onde  foca mais, na tentativa da construção do humor. Mesmo assim, para uma comédia, são raras as situações que conseguem arrancar uma risadinha do público e, quando consegue, é aquela risada para dentro, curta e rápida, entretanto quando alguma situação é levada para o exagero, o roteiro consegue brincar com o conteúdo certo, já que uma comédia que fala sobre religião, dependendo do tratamento, pode cair no ofensivo, coisa que na minha opinião não ocorre em “Nas Ondas da Fé”. A piada é feita em cima dos pastores e apóstolos que compõe um grupo mais “comercial” da igreja, mantendo a fé dos cristão como um elemento mais sério e que mantém o lado esperançoso deles, ao mostrá-los frequentando os cultos ou fazendo donativos, sempre com esperança que isso possa, de alguma forma, mudar positivamente suas vidas.

Cena de NAS ONDAS DA FÉ, da Imagem Filmes. Foto: Divulgação.

Boa parte do humor fica totalmente para  Marcelo Adnet, que faz o possível para transformar as situações em que seu personagem Hickson se mete em momentos realmente engraçados, mas por conta do roteiro fraco, dificilmente consegue extrair alguma coisa engraçada a mais. O momento mais marcante é sua introdução nesse mundo evangélico, onde finge ser um pastor na rádio, sem saber que sua locução está sendo transmitida ao vivo, e nesse momento sua fala é bem espontânea, por conta de ter relação com alguns acontecimentos anteriores.  Outro acerto no humor do roteiro são as piadas relacionadas ao gosto de Deus comparando com atos simples do cotidiano, algumas chegam a ser piegas, mas nada ofensivo, e a maioria das vezes é inteligente e pontual.

Cena de NAS ONDAS DA FÉ, da Imagem Filmes. Foto: Divulgação.

Existem diversos momentos em que o filme traz um exagero enorme relacionado a algumas atitudes de pessoas dentro dessa indústria religiosa, e até poderiamos  dizer que é mesmo algo surreal e totalmente inacreditável, pela forma como o filme retrata e reforça, mas para quem já frequentou esse tipo de igreja, quem já esteve perto dessa bolha, pode pensar que as cenas não são exageradas, e que, sim está mais dentro da realidade possível. Por exemplo, cenas de pastores vendendo objetos pessoais alegando serem abençoadas ou possessões e exorcismos bem ridículas. Inclusive esse adereço do roteiro é bem utilizado dentro da narrativa, talvez o único momento que seja um exagero forçado é uma cena envolvendo um apóstolo, interpretado pelo Tonico Pereira, jogando dinheiro para o alto dentro de um carro, juntamente com Hickson, para mostrar sem sutileza a ganancia que existe por trás das orações e bençãos que alguns, infelizmente, praticam semanalmente contra os fiéis.

Cena de NAS ONDAS DA FÉ, da Imagem Filmes. Foto: Divulgação.

Durante a trajetória de Hickson, bem após sua ingressão como pastor, a direção consegue manter um bom ritmo das suas peripécias, mas não é de imediato, já que o primeiro ato tem um ritmo um pouco maçante e bem desinteressante, já o final, apesar de não ser tão ruim quanto o início, muda completamente, abandonando de vez o humor e tomando uma atmosfera bem perto do gospel, o que até combina dentro da mensagem proposta, mas não com a estrutura narrativa estabelecida.

Confira o Trailer:

Mesmo com o humor quase ausente, “Nas Ondas da Fé” diverte, principalmente aos mais céticos que já olham essa religião de uma forma oportunista e exploradora, e no qual o filme mostra bem, mas que também revela que existe, sim, um grupo de devotos que ainda usa a religião evangélica para trazer o bem as pessoas.

NOTA: 5,5  

BRUNO MARTUCI

 


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Colaborador de CINEMA & SÉRIES dos sites ARTECULT.com, The Geeks, Bagulhos Sinistros, entre outros.

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