Flávia Souza, do Grupo Afrolaje, reúne ativistas para o 9º Fórum Nacional de Mulheres no Hip Hop. Confira nossa entrevista.

  

Em janeiro deste ano, o Ministério das Mulheres oficializou a criação do Fórum Nacional de Mulheres do Hip Hop reunindo representantes do poder executivo e da sociedade civil para elaboração de políticas públicas voltadas ao Movimento.
Atriz e MC Flávia Souza, representante da Frente Nacional de Mulheres do Hip Hop RJ, estará na primeira semana de maio, marcando presença no 9º Fórum Nacional de Mulheres no Hip Hop, que será realizado na comunidade pesqueira da Barra do Jucu, em Vila Velha\ES.

Segundo a ativista, que atua no setor de comunicação do Fórum e viajará acompanhada de outras referências do RJ, o principal objetivo deste encontro é o fortalecimento entre as mulheres que atuam neste cenário, formação e acolhimento.

Ministra das Mulheres Cida Gonçalves e Flavia Souza

Durante o evento, Flávia ministrará a oficina ‘MovimenCure’, na qual irá trabalhar com os ritmos afro diaspóricos com objetivo de potencializar a emocionalidade, desinibição e desconstrução de tudo que está imposto pela sociedade, fortalecendo mente, corpo e espírito. Esse processo é decorrente de pesquisa de Flávia em prol da melhora da síndrome do pânico e depressão, das quais já foi acometida.

Flávia, autora dos raps ‘Afrontosa’, ‘Cansei’ e ‘Tirando a Mordaça’, atua na cena hip hop carioca desde os anos 90, sendo também integrante da Frente Parlamentar Estadual em defesa do Movimento e diretora do documentário, em fase de produção, sobre o Cinquentenário do Hip Hop no Brasil.

 

ENTREVISTA COM FLAVIA SOUZA

 

ArteCult: Flávia, nos conta um pouquinho sobre o histórico e a importância do Movimento de Mulheres no Hip Hop.

Flávia Souza: A importância e o desafio do nosso movimento é prover políticas públicas para as mulheres e os seus, garantindo a liberdade de expressão e o respeito, exterminando a cultura do estupro e a violência.

 

ArteCult: Quantas mulheres atualmente estão envolvidas no Movimento e como ele encontra-se estruturado?

Flávia Souza: Considerando 26 estados e o DF, somos 81 mulheres, sendo três representantes de cada estado. Além disso, contamos com mais de 1000 mulheres fora do Brasil, pois a FNMH2, hoje, se estende internacionalmente.

 

ArteCult: Você é uma ativista cultural onipresente, o ArteCult acompanha com muita admiração todas as suas frentes de trabalho. E falando em Frente, você está na Frente parlamentar em defesa desse movimento?

Flávia Souza: Eu ajudei a fundar a Frente Parlamentar Estadual do Hip-Hop, mas atualmente, sou titular no primeiro Fórum de Mulheres do Hip Hop do Ministério das Mulheres.

 

ArteCult: Você está preparando um documentário sobre o Cinquentenário do Hip Hop no Brasil. Conte um pouco sobre a concepção desse projeto e quais os próximos passos. Qual a previsão de lançamento e quais empresas já envolvidas no projeto?

Flávia Souza: O documentário está em fase de roteiro, mas nesse momento dei uma pausa por falta de recursos financeiros, equipe e agendas. Ressalto que o documentário vai ter como foco as mulheres do Hip Hop.

 

ArteCult: Quais as principais discussões que nortearam a 9º edição do Fórum Nacional de Mulheres no Hip Hop, no Espírito Santo?

Flávia Souza: Nossas pautas giraram em torno de melhorias e recursos financeiros para os elementos do Hip Hop. Reivindicamos segurança pública, editais específicos para o Hip Hop e, cada vez mais, inserção das mulheres. Para além dos diálogos, tivemos diversas ações dentro dos elementos: graffiti, gravação de músicas em coletivo, show com mulheres de diversos estados, batalha de rima, batalha de slam. Tivemos eleição de nova presidência do Fórum, elegendo a MC Iza Negratcha (SE) como presidenta e MC Sharylaine (SP) como vice.

Redigimos uma carta com metas para o Hip Hop feminino para levar as instâncias de políticas públicas, a fim de viabilizar recursos para gente continuar fazendo o nosso trabalho, pois não é possível continuar voluntariamente.

 

ArteCult: Você está estreiando na direção de um espetáculo de dança infantil: A Menina Dança, que trata de um tema antirracista para a infância.  Quais os principais desafios nessa nova tarefa?

Flávia Souza: Sim, estou feliz com a missão de dirigir e coreografar este espetáculo sobre Maria Felipa. Essa heroína combateu os portugueses na Ilha de Itaparica, pouco tempo depois da independência do Brasil. Os portugueses tentaram esta retomada na Ilha e se viram diante desta mulher brava e forte que defendeu parte do território brasileiro, servindo de exemplo para que não tentassem novas investidas. Pouco se fala sobre Maria Felipa e eu não tenho dúvidas que isso se deve a um apagamento histórico, como tudo que acontece na nossa história preta, fruto do racismo estrutural, social e econômico.

Nesta montagem, trago coreografias lúdicas relacionadas à cultura popular afro-brasileira. Estou investindo no simples, mas com a nossa beleza cultural tão pouco difundida e valorizada. Trago jongo, samba de roda, côco, cacuriá, ciranda, afoxé…

Quero a interação das crianças com estas manifestações, que elas possam se familiarizar com a ‘Menina Dança’ e um dia pesquisar mais a fundo ou lembrar que já ouviram falar de Maria Felipa. Vejo este trabalho como uma missão de deixar este legado e, de alguma forma, trabalhar o antirracismo na educação infantil.

Colaborei no roteiro e adianto que é uma aula para adultos, também.

 

SERVIÇO

Flávia Souza representante da FNMH2 RJ participa do 9º Fórum Nacional de Mulheres no Hip Hop

  • Quando: 1 a 5 de maio
  • Onde: Comunidade pesqueira da Barra do Jucu Em Vila Velha – Espírito Santo

 

 

Author

Fundador, CEO e Editor-Geral do ArteCult.com (@artecult), Sócio-fundador e Editor-Geral do QuadriMundi (Quadrinhos, Mangás e Animações) @quadrimundi , sócio-diretor do CinemaeCompanhia (@cinemaecompanhia), admin do @portalteamigo no Instagram. Apaixonado pela sua família, por tecnologia e por todas as formas de ARTE e CULTURA.

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