CAMINHOS DO QUEIJO adendum: Confira o complemento com informações sobre as expedições!

 

Como prometido, disse que ia voltar aqui trazendo mais alguns detalhes, um pouco do que rolou na expedição de bike e dicas pra quem ficou interessado em conhecer esse pedacinho mágico de Brasil que se encontra nas Terras Altas da Mantiqueira e que nos brinda com queijos maravilhosos, sejam eles de vaca, de cabra, de ovelha ou de búfala. Sim, você tem de tudo em uma única região, valendo lembrar que, logo ali perto, se encontra Alagoa, município de Minas Gerais que  está a 43 minutos de Itamonte, e hoje possui denominação própria para os queijos tipo “parmesão” produzidos dentro de seus limites,  cujo clima e topografia são determinantes no diferencial do sabor encontrado nos produtos alagoenses.

Inicialmente,  vale informar que as Terras Altas da Mantiqueira (@mantiqueira.terrasaltas) é um circuito turístico localizado no sul de Minas Gerais e que faz parte da Serra da Mantiqueira, um conjunto de elevações – uma das mais altas do Brasil – localizado entre os estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de janeiro. Foi criado, em 1998, como o primeiro Circuito Turístico oficial do estado e o primeiro a se consolidar no país de forma organizada. Reúne oito municípios do sul do estado: Aiuruoca, Alagoa, Bocaina de Minas, Itamonte, Itanhandu, Passa Quatro, Pouso Alto e São Sebastião do Rio Verde.

O circuito oferece temperaturas entre 4 graus negativos e 27 graus positivos, paisagens deslumbrantes, comidas típicas de regiões frias e da culinária mineira, belas cachoeiras, opções diversas de pesca e de prática de esportes radicais.

Portanto, existem muitos – e muitos! – motivos para conhecer não só Itanhandu, mas como todo o seu entorno. E por isso iniciei o projeto CAMINHOS DO QUEIJO aqui na minha coluna, que você pode conferir AQUI   saber mais sobre essa incrível experiência.

Foram, realmente, duas expedições maravilhosas!

Como no artigo da primeira expedição o foco total foi contar tudo acerca das queijarias artesanais visitadas, nesse aqui irei trazer mais algumas informações e dicas, não sem antes falar um pouquinho do tour de bike pelos caminhos do queijo, seguindo, praticamente, a rota já definida quando da realização do primeiro evento, com uma ou outra adaptação.

O grupo NIKI ADVENTURE (@nikiadventure), capitaneado por Mônica Ferreira (@nyka.ferreira.1) , é composto por integrantes, na sua maioria, do bairro de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, que adoram explorar novos lugares e sabores e abraçaram, com vontade, os CAMINHOS DO QUEIJO de ITANHANDU desenvolvido para bike por Andréa Gomes Rodrigues (@andrea.gomesrodrigues).

Além das queijarias já mencionadas no artigo anterior, o grupo também passou pelo MUSEU DA CACHAÇA, localizado no bairro Tronqueiras no Município de Passa Quatro/MG, que funciona de segunda a sábado das 7:00h às 16:00h e fica no interior da POUSADA DO VERDE (@pousadadoverde) e possui uma infinidade de rótulos – alguns bem pitorescos –  em exposição.

Além de cachaças, inclusive de diversos sabores, ainda é possível adquirir produtos feitos com base em amoras, plantadas na propriedade, como doces, vinho e farinha.

Outro ponto interessante, que deve ser considerado por aqueles que pensam em fazer a rota proposta, é a POUSADA SERRA QUE CHORA (@serraquechorapousada), localizada na zona rural de Itanhandu, a 4 km da cidade, que funciona como pousada, restaurante e, ainda, fabrica azeite e vinho.

Como este é um canal de GASTRONOMIA, vamos ao que interessa, né? Levei as duas expedições para almoçar lá. O restaurante, que também é aberto ao público, possui um estilo rústico, bastante apropriado para a região. Ao fundo, em um fogão a lenha, repousam pratos com o melhor da cozinha mineira, com a utilização de vários insumos plantados na própria fazenda.

Aqui vai uma amostra do que foi servido no almoço, nas duas expedições, já adiantando que estava uma delícia:

Além do saboroso almoço, vale ressaltar que eles ainda produzem azeite das variedades Grappolo, Koroneiki e Arbequina, além de vinho feito a partir da uva Syrah.

O azeite é produzido artesanalmente, em um criterioso processo de produção, com o objetivo de garantir um produto de qualidade superior. É possível visitar o o olival e conhecer todo o processo. A colheita é feita de forma manual e com cuidados para não machucar as frutas, que são encaminhadas imediatamente ao Lagar. O transporte ocorre em cestas abertas em baixas temperaturas, e a prensa a frio é realizada no máximo até cinco horas depois da colheita. O produto final não é filtrado.

O vinho, batizado de AMANTIKIR – termo indígena que originou a palavra Mantiqueira e significa Serra que Chora – é o primeiro vinho de inverno das Terras Altas da Mantiqueira.

A uva Syrah, uma das uvas tintas mais admiradas, possui ótima complexidade aromática, cor intensa e notas de especiarias. É originária do Vale do Rhône, na França, a partir de um cruzamento genético natural de duas uvas pouco conhecidas: Mondeuse Blanche e Dureza. Versátil e com boa capacidade de adaptação, a Syrah pode expressar diferentes características no aroma e no paladar, dependendo do terroir onde é cultivada, e também do objetivo do enólogo. Em sua maioria, gera vinhos de corpo médio a encorpado, com taninos perceptíveis, boa acidez, notas de frutas negras e pimenta.

Devido ao clima temperado, com elevada amplitude térmica, o terroir das Terras Altas mostrou-se ideal ao cultivo dessa variedade, utilizando-se a técnica da poda invertida ou dupla poda, sendo colhida no inverno com “brix” elevado e sem a necessidade da adição de açúcar.

Também gostaria de fazer mais algumas menções, que também servem como dica para os aventureiros interessados em desbravar as Terras Altas da Mantiqueira, seja de carro, a pé ou de bicicleta.

O primeiro grupo ficou hospedado na POUSADA BONANI (@pousada_bonani) que, segundo me relataram – e dá pra se comprovar nas fotos a seguir – possui o melhor café da manhã da região!

Percebe-se a atenção máxima aos detalhes e o carinho no preparo de cada iguaria. Todos os integrantes do grupo ficaram encantados e afirmaram que, agora, o “sarrafo” do café da manhã foi elevado às alturas…

Outro detalhe que vale mencionar foi que a proprietária disponibilizou ao grupo um espaço para que eles pudessem fazer uma deliciosa noite de confraternização e experimentar alguns dos queijos degustados nas visitas. E foi um espetáculo!

Já o grupo de pedal ficou na POUSADA PONTO QUATRO (@pousadapontoquatro4), que fica no bairro Tronqueiras, em Passa Quatro/MG.

O lugar é bastante agradável, e foi perfeito para os objetivos do grupo, que iniciariam dali as rotas planejadas. Não sem antes degustarem, também, um belo café da manhã. A atenção que o responsável Marquinho deu ao grupo foi ímpar!

Durante a expedição do pedal, pudemos verificar o quanto a obra do novo ponto de recepção dos visitantes, que está sendo construído na queijaria PÉROLA DA SERRA (@peroladaserrabufala), mencionada no artigo anterior, evoluiu. Muito em breve ele estará operacional e será, sem dúvida, o ponto alto da visita ao laticínio. Em conversa informal, pude ver que são muitos os planos para quando estiver pronto. Realmente, não vejo a hora! Estão de parabéns. Ficará lindo! Quem sabe, em breve, eu possa ter a honra de cozinhar neste espaço, utilizando os produtos da queijaria na criação dos pratos…

 

E para finalizar, vamos falar de duas outras queijarias de ITANHANDU (@prefeitura.itanhandu), que não foram incluídas no roteiro por problemas no agendamento, mas que vale a pena serem mencionadas e – principalmente! – visitadas. São elas a BARÕES DA MANTIQUEIRA e FAZENDA BOM SUCESSO.

Rua das Posses, 566-676, Itanhandu – MG, 37464-000 – Tel.: (035) 99905-7478 – @queijosbaroesdamantiqueira

Trata-se de produção própria da Fazenda Pousada do Sol, com leite de vacas holandesas, criadas com alimentação natural e com as mais modernas técnicas de conforto e bem estar animal. É uma produção limitada, com no máximo 40 peças de queijo de aproximadamente 5 kg por mês, numeradas, cuidadas manualmente um a um até sua maturação final aos 120 dias, resultando em um queijo suave, levemente adocicado, fruto do teor de gordura do leite utilizado, oleosidade com o calor das mãos, sem olhaduras, casca fina e o buquê inconfundível de “terroir” dos queijos da Mantiqueira. Em 2021, o queijo ganhou a Medalha de Ouro no Araxá International Cheese Awards.

Para saber um pouco mais, clique aqui.

Especialmente para o evento realizado em Itamonte no meado de maio/2024, foram produzidas peças menores, carinhosamente apelidadas de “O Barãozinho”.

O nome BARÕES DA MANTIQUEIRA é uma homenagem a todos aqueles sonhadores e empreendedores imigrantes europeus, que encontraram na geografia e no clima da Serra da Mantiqueira o local ideal para a realização do sonho de produzir o queijo como se fazia na sua terra natal.

Estrada do Bom Sucesso Bom Sucesso, Itanhandu – MG, 37464-000 – Tel.: (35) 99949-6164  – @fazenda_bomsucesso

O queijo Mantiqueira de Minas da Fazenda Bom Sucesso é produzido a partir do leite cru de seu próprio rebanho, prezando sempre pela qualidade de vida de cada animal. A história do queijo na família remonta desde os primórdios da fazenda, quando o gado holandês foi introduzido na região em 1912. Em 2003 foi reativada a produção leiteira e revitalizada as instalações, iniciando somente com 20 vacas em ordenha. Com o tempo, houve o retorno à atividade queijeira, inspirado nos exemplos dos antepassados, produzindo-se um queijo tipo parmesão, hoje denominado “Mantiqueira de Minas, remetendo à receita original, principalmente a partir de 2017, com a união de Eduardo Costa Siqueira e Marissol Rodrigues.

O queijo “MARIA FUMAÇA”, de massa cozida, duro, granulado, de sabor intenso, amadeirado e amendoado, foi premiado em 04 de junho de 2022 no concurso “ExpoQueijo International Cheese Awards” com a medalha de ouro na categoria “Queijos de leite de vaca com mofo branco na casca madurado” escolhido por 170 especialistas brasileiros e estrangeiros, dentre os 665 tipos de queijos diferentes, com vários participantes brasileiros e de mais 5 países. E ainda foi indicado à categoria “Super Ouro” sendo eleito dentre os 15 queijos com maior pontuação do concurso.

No portfólio dos produtos encontramos: Mantiqueira de Minas tradicional, defumado e temperado; queijo capa preta, queijos azeitados, queijos com manjericão na massa; queijo minas padrão meia cura, panela de queijo; manteiga artesanal, requeijão cremoso, requeijão de corte e doce de leite.

Bom, agora creio que consegui dar todas as informações necessárias. Trouxe um grande panorama da produção queijeira da região e, somando os dois artigos, vocês agora possuem um bom guia pra começar a desvendar esse pedacinho da Serra da Mantiqueira, descobrindo seus encantos e sabores.

Recentemente, entre os dias 16/05/2024 e 19/05/2024, aconteceu em ITAMONTE (@prefeitura_de_itamonte), cidade do sul de Minas localizada ali próximo de Itanhandu, dois eventos simultâneos muito legais, que tiveram grande apoio do SEBRAE e, certamente, alavancaram a produção queijeira da Serra. O 3º Festival do Mantiqueira de Minas de Itamonte e o 2º Festival Regional do Mantiqueira de Minas. Eu estive presente e sobre isso falarei em breve, trazendo um pouquinho de minhas impressões aqui pro ARTECULT…

Espero que tenham curtido toda essa aventura pelo fantástico mundo do queijo. Realmente, esse é um universo que merece ser explorado e, de tão gigantesco, são muitas e muitas as histórias que podem ser contadas. Minas Gerais possui algumas ótimas regiões para a fabricação de queijos, valendo citar a região do Cerrado Mineiro, a região do Serro, as terras circunvizinhas à Serra da Canastra, Araxá, o Campo das Vertentes e a nossa serra da Mantiqueira.

Mas o Brasil é muito rico e a produção queijeira não se limita apenas Minas. Algumas regiões serranas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, zonas de imigração italiana, produzem queijos artesanais interessantes, com destaque para o Colonial. O estado de São Paulo também possui áreas favoráveis para a produção de bons queijos, como a zona da Mogiana e o Vale do Paraíba. A região Nordeste também contribui para a diversidade dos queijos brasileiros, com variedades conhecidas em todo o Brasil, como o queijo de coalho, queijo, manteiga e requeijão do Norte, além de diversos tipos de queijo de cabra de consumo regional.

Ou seja, é um mundo para ser explorado. Vamos nessa?

Até nosso próximo encontro!

 

DEL SCHIMMELPFENG

@del.schimmelpfeng

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Author

Del Schimmelpfeng é Analista Judiciário do TJERJ, mas desde que se lembra - e coloca tempo nisso! - ama cozinhar! Apesar de ter feito as faculdades de arquitetura e direito, é se misturando aos pratos, panelas e temperos que se sente inteiro, completo, pleno. É autodidata, nunca fez curso de culinária, tampouco se imaginou um profissional da área. Considera-se apenas um curioso, que procura o conhecimento em tudo e que tenta, de todo jeito, viver da melhor forma possível - apesar de todas as dificuldades. Afinal, não haveria graça se elas não existissem... Participou da seletiva da segunda edição do Masterchef e da décima nona edição do reality "Jogo de Panelas", apresentado por Ana Maria Braga no programa "Mais Você" da Rede Globo, na qual sagrou-se campeão. Possui, ainda, textos publicados em livros de conto e poesia. Blog: http://delschimmelpfeng.blogspot.com Instagram: @del.schimmelpfeng

3 comments

  • O circuito de queijarias é uma experiência imersiva e bastante interessante. Um passeio para ir de carro ou de bicicleta, com família ou com amigos. Seguindo as dicas do Del, é satisfação é diversão garantida.

  • Parabéns Dell! Excelente artigo! Esse circuito é maravilhoso, com essas dicas é certeza de uma excelente experiência!

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