No último dia 1º houve a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, ganhador das últimas eleições presidenciais, cujo resultado vem sendo contestado sob a acusação de fraude (inexistente) ocorrida nas urnas eletrônicas.
Poderia passar horas escrevendo acerca do disparate dessas pessoas que, por anos foram eleitas pelas mesmas urnas que agora contestam, e dizem que a única fraude ocorreu na eleição presidencial e não para os demais cargos… ou seja, mau caratismo puro.
Mas não, não é hora de requentar essa notícia falsa e mesquinha, é hora de contar como era o clima da posse, como estavam as pessoas no Distrito Federal, como foi ir assistir à posse na cidade.
No dia 31.12, data da viagem, levantamo-nos cedo e nos dirigimos para o Aeroporto Santos Dumont, local de saída de nosso voo.
Já no aeroporto se via um mar de gente trajando camisas que faziam alusão à posse, camisas com o nome Lula estampado, camisas vermelhas, bonés vermelhos, e um ou outro com a camisa do Brasil e cara de poucos amigos.
Apesar dessas poucas caras infelizes, o clima no aeroporto era de uma alegria tangível, dava para sentir a boa energia que permeava o local, dava para ver nas caras sorridentes, não só dos passageiros, como na dos prestadores de serviços também.
Chegou a hora da partida, fomos ao portão de embarque e era uma fila de gente feliz. Tão logo entramos no ônibus que nos levou ao avião a cantoria começou, ora Maderada, ora “Lula lá”, e assim foi até o a hora de levantar voo.
Já em Brasília, a maioria das pessoas que lá chegavam vinham para assistir a posse, havia um notável alívio na face das pessoas, parecia que todos acordavam de um pesadelo, em verdade 4 anos de pesadelo, sendo que nos dois últimos anos foi especialmente cruel o governo, com o mandatário espalhando notícias falsas sobre a vacinação, sobre o uso de máscaras, sobre as medicações e tratamentos utilizados, desinformação que até hoje está envenenando pessoas.
Na virada do ano foi uma verdadeira catarse, muita gente com as cores de apoio ao presidente eleito, e cânticos ecoando em todo o redor da torre de televisão, ponto turístico onde as pessoas se concentraram para assistir à queima de fogos.
Na manhã seguinte fomos para a esplanada, mas não foi possível ficar na área próxima a cerimônia de posse, pois já havia pessoas no local desde as 02:00 da madrugada. Assim, antes das 10:00 a lotação, de 30.000 pessoas, já havia sido atingida.
Agora, a ida para a esplanada, 4 km do hotel onde estávamos, foi muito emocionante!
Uma verdadeira multidão foi se dirigindo para o local, as pessoas vinham, tocavam tambores e samba, entoando os cantos da campanha, palavras de ordem. Ficamos junto com uma bandeira LGBTQIA+ enorme, devia ter uns bons 40 metros, e fomos ajudando a carregá-la.
Na frente dela, seguia alguns surdos tocando em ritmo de samba, ora cantando o “Tá na hora do Jair embora”, Lula-lá”, “Olê Olá Lula…”, as músicas da campanha, e foi assim por todo o trajeto.
Confira algumas imagens dessa emocionante caminhada:
As ruas transversais, avenidas em verdade, desaguavam mais pessoas no mar vermelho que se formava, uma verdadeira multidão se juntava ao cortejo, alegre e feliz, cantando e dançando até a esplanada, que, a essa altura, já estava apinhada de gente. A estimativa oficial, na hora da posse, é que havia 300.000 pessoas na esplanada, e participar disso foi emocionante.
Como o calor estava insuportável, retornamos ao hotel para almoçar, e voltamos, todo o trajeto a pé para a esplanada, e assim aguardamos o horário marcado para a posse.
As pessoas cantavam, gritavam, choravam, havia uma felicidade tangível no ar, era como se toda a tristeza acumulada nos últimos 2 anos de pandemia, pudessem, finalmente, ser dissipados, ser varridos para longe.
Às 15:00 os fogos apontaram para a saída do cortejo oficial da Catedral para o Congresso Nacional. Foi um acúmulo de pessoas nas grades, e nossa hora para sair. Não havia como ficar por lá. O calor estava insuportável.
Voltamos ao hotel, mais 4 quilômetros de caminhada, somados dava 16 quilômetros de caminhada sob o sol de Brasília, e assim pudemos assistir aos discursos do Presidente Eleito e do Presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco. Lula prometeu combate à fome e a miséria, o que dele se esperava, assim como Rodrigo Pacheco prometeu um Senado progressista.
Havia temor do ataque dos maus perdedores à linda festa popular que estava acontecendo e por isso a segurança estava redobrada.
Assistimos do conforto de nosso quarto de hotel a ida ao Palácio do Planalto e a linda passagem da Faixa de Presidente do povo para Lula.
O discurso no parlatório foi bastante emocionante, com Lula reafirmando o compromisso de combate à fome e à miséria e a promessa de que aqueles que descumpriram a Lei não serão perseguidos, mas sofrerão a consequência de seus atos, tudo isso sob os gritos de “Sem anistia” das pessoas que se aglomeravam na frente do Palácio do Planalto.
O festival do futuro, que começou às 12:00 com os diversos artistas e programação popular, voltou após o discurso do Presidente e assim ficou por toda a noite.
No dia seguinte, o café da manhã no hotel era uma felicidade geral, com pessoas sorrindo umas para as outras, era uma verdadeira família, mesmo que ninguém se conhecesse, todos sabíamos que havia sido feito história, que vivíamos aquele momento especial, único, histórico, uma festa da democracia, como ela realmente tem de ser. Sem violência, sem a promessa de matar adversários, sem a promessa de perseguição a inimigos, mas sim de que a Lei será cumprida.
O que se viu em Brasília foi uma verdadeira festa popular, a cidade foi tomada pelo povo, para comemorar o fim de um governo que, sob a promessa de tornar a vida menos burocrática, tomou medidas que desmontaram o Estado e todos os investimentos na educação e saúde da população menos favorecida.
Agora é fiscalizar o novo Governo, o que sempre deve ser feito, sem sigilos de 100 anos, sem atritos com líderes de outros países, sem grosserias com os outros. Finalmente temos um Governo.