De repente, acordo num domingo de sol e céu de brigadeiro e penso: o dia tá muito lindo pra ficar em casa, né? Então, rapidamente, começo a me movimentar, caçando algo, aqui e ali, pra fazer. E aí me lembro que tô devendo, já há algum tempo, um novo artigo pro ARTECULT, uma vez que ando um tanto ausente – mea culpa, mea maxima culpa – por falta de tempo e, também, planejamento. E, na certeza de que retomar é preciso, bato o martelo: vou almoçar em algum restaurante, escondido n´algum cantinho perdido do Rio de Janeiro, e trazer minhas (humildes) impressões.
E não se assustem. Hoje tô com uma baita vontade de ser o mais informal possível ao escrever e, portanto, perdoem-me a falta de filigranas gramaticais ou rigidez ortográfica. Afinal, assim, leve e descompromissado com a forma, retomo, com entusiasmo juvenil, nossos encontros, com a promessa de que eles serão mais habituais…
Mas aí esbarro num primeiro problema: caramba, a Cidade Maravilhosa é enorme e tão cheia de preciosidades ocultas, que se torna uma tarefa bastante difícil pescar algo nesse mar gigantesco. Como encontrar algo que valha a pena experimentar?
Começo vasculhando minhas lembranças. De repente, alguma indicação ou algum comentário que tenha lido, que pudesse servir de sugestão.
Aí, me lembrei de um passeio que fiz, acho que há três anos, depois de ter visto num desses perfis de viagem, na Ilha da Gigóia, um cantinho um tanto escondido nesse nosso caos urbano de cada dia. Não tinha sequer ouvido falar do local e dá pra imaginar minha surpresa quando lá estive – e até berçário de jacaré encontrei!
Localizada no bairro da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, a Ilha da Gigóia – conhecida por alguns como a Veneza Carioca e por outros como o Pantanal Carioca – é a maior ilha de um pequeno arquipélago de 10 ilhotas que pertence à Lagoa da Tijuca, lagoa essa localizada na porção mais a leste do complexo lagunar e é a que mais perto se encontra do Canal da Joatinga, principal entrada do mar no sistema. Cercada por manguezais, vegetação abundante e muitos morros, a Ilha da Gigóia está situada a 10 km do centro da cidade e possui cerca de 3000 moradores.
Não há circulação de carros, que é proibida, e o único trafego é composto pelos barcos que fazem a travessia até a ilha e, vez ou outra, algum Jet Ski que se aventura pelas águas de qualidade um tanto duvidosa… Mas nada que tire o brilho da natureza, que sempre luta pra se impor e fazer frente à (indevida) intervenção humana.
Escolhido o destino, chegou a hora de escolher uma entre as inúmeras e variadas opções gastronômicas que o local oferece. Dei uma pesquisada e vi que lá existe um leque bastante abrangente, que vão desde hambúrgueres gourmet harmonizados com cervejas artesanais até pratos à base de peixes e frutos do mar.
Optei por conhecer o restaurante VENNE (@vennegastronomia no Instagram ou @vennegastronomiamediterranea no Facebook – Rua Sebastião de Aquino, 180 – Ilha da Gigóia – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro/RJ – Tel.: (21) 99263-0748).
O acesso aos barcos que fazem a travessia até a ilha é feito em uma pequena rua transversal à Avenida Armando Lombardi – bem próximo do metrô Jardim Oceânico – entre os números 350 e 400 e bastou informar que eu ia para o restaurante que fui deixado, praticamente, na porta.
Aqui, vai uma dica adicional: nos finais de semana, num amplo jardim ao lado do restaurante, acontece a Feira Gigoiando, onde é possível encontrar itens como cachaça, café e queijos diversos, drinks, cervejas, geleias, sorvetes, doces, pães, roupas, sapatos, bolsas, óculos e mais um monte de coisa…
Fui recepcionado pelo Gerente Júnior que, gentilmente, me levou para um pequeno tour pelo espaço. O ambiente é muito legal, mesclando uma certa rusticidade, característica de um restaurante ao ar livre, à elegância, compondo um belo e amplo cenário. O dia, lindo, colaborou para que fosse, sem dúvida, uma grande experiência!
E Júnior me levou até minha mesa.
Caramba, parece que foi escolhida a dedo! Encostada no guarda corpo de vidro, com uma vista deliciosa e inspiradora. Naquele momento pude perceber que, nos finais de semana, há uma movimentação intensa de barcos pelo canal. Dali mesmo, de onde estava, podia ver outros bares da região completamente lotados. Eu, realmente, desconhecia esse verdadeiro point gastronômico…
Pedi uma cervejinha, enquanto apreciava a vista e analisava os itens existentes no cardápio.
Vamos para a entrada. As opções são bastante variadas, indo de arancini de salmão, passando por ceviches, bolinhos, croquetes, bruschettas e pastéis diversos. Entre os combos, escolhi o Combo di Mare (lulas, camarões e tiras de peixe empanados com farinha de trigo, dijon e pimenta do reino, acompanhado de maionese da casa).
Surpreendi-me com a crocância do prato, estava bem gostoso mesmo. Acompanhado da maionese – e de uma pimentinha que pedi à parte – foi a abertura perfeita dos trabalhos daquele domingo.
Voltemos ao cardápio (vennegastronomia.menulegal.app). Nele podemos encontrar, além das entradas, opções de sanduíches, saladas, massas e risotos, aves, do mar, vegetarianos, carnes, acompanhamentos, menu infantil, sobremesas e bebidas. É bem completo e, certamente, atende a todo mundo, sem dificuldade. Até mesmo minha filha, que é chata pra comer – ao extremo…
O primeiro prato foi um frango empanado no queijo parmesão, acompanhado de fettuccine ao molho branco. Amigos, posso dizer com sinceridade, amei o empanamento! O queijo adicionado à farinha fica absolutamente divino! É um prato simples, mas estava muito bem executado. Talvez valha, na minha opinião, repensar o empratamento, para que o visual seja mais impactante e retrate, de alguma forma, o sabor. Afinal, comemos também com os olhos, né?
Aí veio o segundo prato e, como bom carnívoro que sou, fui direto no Mignon ao molho das quatro pimentas – um tornedor de filé mignon grelhado e flambado no conhaque, com molho rôti à quatro pimentas, acompanhado de risoto de queijo parmesão.
Fiquei curioso em conhecer o chef. Fui até lá e Junior me apresentou. Ele se chama Rafael Menezes (@chef_rafael_ofc) e é natural de Lucena, na Paraíba. Já tendo trabalhado, ao longo da carreira, com chefs renomados, como Ludmila Soeiro e Felipe Ferreira, dentre outros, está a cinco anos no comando da cozinha do VENNE. Segundo me disse, a paixão pela gastronomia surgiu desde cedo e sua maior inspiração foi sua tia Isaura Menezes, uma cozinheira de mão cheia. E esse encanto pela alquimia dos sabores ele traz pra cada uma de suas criações…
Como era um domingo, dia de muito – MUITO! – movimento, não consegui ter acesso ao proprietário para saber mais detalhes acerca do histórico do empreendimento. Uma boa desculpa pra retornar ao VENNE…
Bom, esse foi meu domingo. Proveitoso, saboroso… E que me rendeu esse artigo pro ARTECULT. Nesse passeio, deu pra perceber que a ilha está repleta de opções, que vale a pena investigar. Passear por sua ruelas, descobrindo lugares pitorescos e bastante interessantes, rodeado de verde, foi uma excelente decisão. Valeu o programa!
Um brinde à descoberta!
Nos vemos no próximo encontro!
Até lá!
