O Alfredo de Nicolas Prattes em Éramos Seis – Confira nossa entrevista com o ator!

Com apenas 22 anos de idade Nicolas Prattes Bittencourt Pires, mais conhecido como Nicola Prattes já provou que tem talento e veio para ficar. O menino já provou ser muito mais que um rostinho bonito e vem encantando cada vez mais a cada trabalho. Idade não é nada para o ator que se posiciona de maneira muito madura sobre a vida e o trabalho. 

“Não é um mar de rosas, mas aqui como todo mar de rosas, eu vou pegar um pouquinho dessas pétalas e levar pra tacar por onde eu passar. Esse é o grande aprendizado pra mim.”

Alfredo ( Nicolas Prattes ) Foto: Globo / Raquel Cunha

Conversamos com o Nicola durante as gravação de Éramos Seis sobre seu personagem e sua carreira.
Confira abaixo a entrevista na íntegra:

Nicolas como está sendo aturar em Éramos Seis, fazer o Alfredo?
“Esta sendo a experiência mais desafiadora que eu já tive, assim,  já sabia que ia ser assim. Só eu sei o quanto que eu pedi pra estar fazendo isso, pra me desafiar, enfim, pra me tirar da minha zona de conforto. Só que ai eu chego aqui e me deparo com um elenco maravilhoso que me dá tudo o que eu preciso nas cenas assim. A grande maioria das minhas cenas são com a Glorinha, antes era com o Calloni e ai tinha muito com o Danilo que agora saiu, que eu já tinha uma afinidade muito grande porque a gente trabalhou em Rock Story . Ai acaba que por incrível que pareça, muito do que vocês assistem, é por conta dessa energia que a gente tem. Muita coisa a gente cria na hora, não é exatamente muito o que tá ali. Claro que a gente segue o que tá no roteiro, mas a gente adiciona coisas.  Que de repente se não fosse o olhar que a Glorinha me dá e que me causa uma certa emoção, ou o sentimento que eu tenho por aquela pessoa que tá trabalhando comigo, pela pessoa não pelo personagem, então acaba que ultrapassa mesmo a linha da, a linha da criação ela fica muito maior quando tem essa intimidade com quem eu to trabalhando. Nunca tinha tido isso com uma grande quantidade de pessoas no mesmo trabalho. Então tá sendo mágico assim, o mágico não se explica né, se experimenta. Então é o que tá acontecendo todo dia aqui.”

Você está repetindo bem os gestos do Calloni.  Como está para você essa referência?
“Desde o início eu falo que que o Alfredo é o alter ego do Júlio. Então por isso que até em termo de caracterização, quando o Carlinhos tinha falado “ai, vamos tirar o bigode?”, ai eu olhei na hora e falei “não, não vamos tirar o bigode não”, ué, o Calloni tá de bigode, vamos deixar esse bigode. Porque as pessoas vão olhar e automaticamente. Depois vão ver o Júlio morrer, elas vão associar, porque o menino faz as mesmas coisas. O menino que agora é homem né, porque foi pra guerra, já volta homem. Me trouxe muito assim dele porque eu me olhava no espelho e me achava parecido. Então eu não fiquei prestando atenção no Calloni, não fiquei fazendo nada, a gente começou a gravar juntos e as coisas começaram a acontecer. E deu nisso que vocês estão vendo aí agora.”

Agora o Alfredo vai se envolver com a Inês, que ainda estava de luto pelo irmão dele que morreu. Como vai ser isso? Porque o Alfredo pega tudo mundo.

Alfredo (Nicolas Prattes) e Tião (Izak Dahora) – Foto: Guilherme Azevedo / Globo

“O Alfredo é assim, quando ele vê, ele já foi. É assim, não tem muita explicação. A Inês na verdade, embora ela seja a mulher do irmão, que faleceu, ela pode ser muito do porque do Alfredo ser como ele é. Porque ela foi a primeira decepção amorosa do Alfredo. A primeira cena da novela tá lá as pessoas na procissão, e ai o Alfredo tá falando com a Inês e vem ela e dá um beijo no Carlos, o Alfredo já fica meio, essa é a primeira cena da novela. Então muito se explica né, e ai ele vem, se fecha pro amor, diz que não acredita no amor. Porque ele criancinha com todos os problemas que teve na infância, teve lá uma menina que se apaixonou pelo irmão, que é tudo o que as pessoas falaram que ele deveria ser, então isso é muito inflamado dentro dele. Ai acontece no único lugar onde eu acho que poderia acontecer que é numa guerra, que é a situação limite das pessoas.  A gente acha que amanhã a gente não vai estar vivo. Hoje é o último dia literalmente, são bombas caindo do nosso lado, já perdemos pessoas queridas, enfim, e acontece ali, é muito carnal sabe, o que acontece. E ai vem toda essa explicação que eu dei de que eles são, eles se conhecem desde criança, foi o primeiro amor dele, que não sei que, aconteceu na situação da guerra ali.”

Agora essa relação com a Inês vai trazer mais uma questão, já que o melhor amigo dele, o Lúcio, também vai se apaixonar por ela. E além disso, ela vai ficar gravida.
“O Lúcio que estava na guerra com a gente né. O Lúcio que é meu grande amigo, conhece a fundo, é uma das poucas pessoas que eu abro meu coração. A Inês ela tenta falar, ela tenta ir pro Alfredo, só que o Alfredo, ele foi pra essa guerra achando que depois tudo fosse mudar, ia se vingar. Ele estava cego de ódio, queria vingar a morte do irmão achando que as pessoas que ele ia matar lá tinham sido as mesmas que mataram o irmão, e quando ele volta ele vê que não é nada disso. Que quem ganhou foi o governo, que eles ficam só prometendo que vão ter eleições novas mas ninguém faz nada. Cada vez maior, mais repressão, cada vez a oposição tá sendo mais repelida e ai ele fica assim “porquê que eu fui?”, porque eu só perdi um amigo, uma porção de outros, magoei minha mãe e tudo só tá piorando. E ai a Inês não encontra espaço pra falar disso com o Alfredo, porque ela conhecendo ele do jeito que é, nem eu sei o que ele seria capaz de fazer. E ai dá espaço pro Lúcio, o Lúcio que sempre foi um rapaz mais amoroso, estudado, que sabe conduzir mais as coisas. E a Inês é uma menina que precisa de um apoio nesse momento e ele é o cara que tá ali. Ela olha pro lado, ele tá ali, ele quer ajudar ela e é genuíno, o sentimento dele então aconteceu isso.”

Você Nicolas, torce por esse casal? Alfredo e Inês?
“Cara, eu torço pro Alfredo encontrar essa felicidade que ele tanto busca. Mas que ele não sabe o que quer,  não sei se uma mulher é o que ele precisa pra ele ser feliz, sabe? É, talvez seja. Mas eu quero muito que ele encontre o que falta, que ele tivesse uma fala “Isso era o que eu queria”, e “Isso tá acontecendo”, sabe? Porque não teve, tudo o que ele quer, tá indo e acontece alguma coisa, então é… O Alfredo gosta de água corrente, eu queria que o mar não tivesse tão bravo sabe, em algum momento pra ele, gostaria que terminasse assim.”

Alfredo (Nicolas Prattes), Lúcio (Jhona Burjack), Tião (Izak Dahora) e Adelaide (Joana de Verona), na guerra – Foto: Guilherme Azevedo / Globo

Como é para você receber o carinho do público e vê que nada é por acaso, que você batalhou muito para chegar nesse lugar?
“Eu vou abrir uma coisa pra vocês, eu só falei pra minha mãe que é uma coisa que eu me arrepio só de lembrar. No dia que pedi pra ser o Alfredo, eu gosto de correr, eu gosto de ir pra praia, ver o pôr-do-sol, coisa que todo mundo faz. E ai nesse dia eu pedi, tinha uma reunião com o Carlinhos e ele falou “então vamos fazer o seguinte, você não tem personagem, mas eu quero saber se você tá na novela com a gente”, a gente vai fazer a preparação e beleza, ai eu falei “então tá bom, então eu to”, eu saí daqui e fui direto pra praia, tava com roupa e tudo, fui. Cara, eu corro sempre olhando pra frente, nesse dia tava uma paisagem maravilhosa na direção do sol, eu estava correndo olhando pra baixo, pra baixo, pra baixo, já tinha uns 20 minutos, quando eu olhei pra frente, o Tarcisinho passou de bicicleta por mim. Assim, não foi tipo eu não vi ele vindo, tipo assim, ele passou, eu não consegui nem ter 2 segundos olhando pra ele, eu olhei pra trás, e ele tava de óculos escuro, pedalando, ai eu comecei a chorar correndo. Tudo o que acontece tem que ser né, se não fosse não deveria ser. Pronto. Só que com isso, isso mexeu muito comigo, isso me deu também uma afirmação de assim, é isso que eu quero pra minha vida. A gente sempre tem diferentes afirmações, mas esse foi um dia específico que é esse que eu to te contando, que é esse personagem que eu to vivendo, mas é isso assim.”

Você sai uma pessoas transformada depois desse trabalho?
“Completamente. É… eu aprendi que, quer dizer, eu achava que eu sabia né, mas eu tive a confirmação de que não tem como a gente não se envolver emocionalmente. Principalmente quando a gente tá muito envolvido com as pessoas como eu te disse no início, é, a relação pessoal nesse trabalho, a nossa mão de obra são os seres humanos né, é tudo muito transformador quando você tem. Quando você tem essa conexão e porque que eu entendi isso, porque a gente tá trabalhando com a Glória Pires, e a Glorinha ela é um fenômeno em todos os sentidos assim, é… quando você fala de uma pessoa pra alguém e ninguém quando você fala dessa pessoa, fala “hum, mas ela fez bem um negócio que eu não…” ninguém fala nada, porque ninguém tem o que falar. Porque ela é um ser de luz, ela é um ser iluminado, eu construo meu personagem muito baseado no que ela me dá, ela tem 80% da criação do meu personagem vem dela, porque só eu preciso ter uma mãe pra saber quem eu sou, então eu tive um aprendizado muito grande por conta dela, de saber que assim, caraca se eu tiver 1% da generosidade que ela tem com as pessoas em qualquer lugar que eu passar, eu vou conseguir clarear o ambiente e trazer essa energia. Porque eu sempre quero carregar essa energia desse trabalho, eu vou querer que esteja em todos os outros trabalhos, mas a gente sabe que não é assim, a gente sabe, a vida é assim. Não é um mar de rosas, mas aqui como todo mar de rosas, eu vou pegar um pouquinho dessas pétalas e levar pra tacar por onde eu passar, entendeu, esse é o grande aprendizado pra mim.”

 

 

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Jornalista por paixão. Música, Novelas, Cinema e Entrevistas. Designer de Moda que não liga para tendência. Apaixonada por música e cinema. Colunista, critica de cinema e da vida dos outros também. Tudo em dobro por favor, inclusive café, pizza e cerveja.

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