METRÔ
de Rose Araujo
Uma jovem
de vestido lilás
e cabelo cor de céu
entra no vagãoela claudica
até o assento
contorcendo-se em doresninguém a percebe
repara enxerga ou vê
quiçá cede lugarapenas uma senhora
sem seu celular
Dirijo-me à estação do metrô Siqueira Campos, a mais profunda das estações cariocas: escadas rolantes, esteiras rolando e a costumeira corrida para alcançar o próximo embarque. Procuro o vagão cor de rosa, na garantia de uma viagem minimamente tranquila. O dia cede à tarde, que se apresenta efusiva e apressada.
Há pessoas agasalhadas ao modo carioca e também gringos distraídos nesse inverno sendo inverno na terra de São Sebastião.
Em meio a ponteiros e cansaços há mulheres e meninas, crianças e alguns homens também. Chama-me a atenção a cena cotidiana, descrita em meu poema, e traz-me a reflexão sobre o canto da sereia luminosa e piscante que a todos seduz: a empatia anda distraída, em meio as notificações, como se o mundo, em têmperas e temperos, se reduzisse a palma das nossas mãos.
ROSE ARAUJO

Rose Araujo. Foto: Divulgação.

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Metrô, um flagrante poético desta escritora tão sensibilizada com os que se tornam invisíveis.
Obrigada, querida Celi. Evoé! Bjs
Querida Rose, há lirismo em sua prosa e poesia numa só conexão. O cenário urbano preenchido pelos personagens cotidianos nos servirá sempre de inspiração. Parabéns!
Obrigada, querido Jorge!
Sim, há lirismo na crueza cotidiana. Bjs, evoé!
Rose nos leva, através da sua reflexão poética , a atitudes cada vez mais presentes no nosso cotidiano.
É a desumanização do ser humano.
Verdade, querida Arlette, um olhar sobre o cotidiano. Evoé! Bjs
Lindo, minha flor! As pessoas perderam a essência da empatia, não olham mais pro seu próximo. É triste mas é a nossa realidade e você, como sempre, delicadamente definiu bem. Parabéns.
Obrigada, flor! Bjs
Belíssimo poema, Rose! Sensível e social, ao mesmo tempo.
Obrigada, querido amigo e poeta …bjs
Poema suave, mas duramente realista, como é o dia a dia corrido e urgente dos frequentadores do metrô. A necessidade imediata de empatia se faz presente.
Verdade, querida Denise: empatia, urgente! Bjs.
É uma bela cena, um recorte do cotidiano carioca.
Rose Araujo “caça” poema no espaço da aparente normalidade.
Parabéns, poeta!
.
Obrigada, poeta! Bj
Uma cena cotidiana. Invisível. Como quase tudo no meio da aglomeração urbana. Sólida profunda.
Sim, Marco,
do cotidiano também brotam poemas….
Bj
Poesia do cotidiano, a mais espontânea.
Por isso mesmo interessante.
Muito bonito e tocante, Rose querida! Admiro muito sua capacidade de dizer tanta coisa em poucas palavras. E diz muito!
Que espetáculo Rosinha amiga querida .Muitos aplausos rara amiga…em frente!!!!
No poema “Metrô”, Rose flagrou um momento em que o uso pervertido da tecnologia leva as pessoas a se tornarem indiferentes à sorte humana, insensíveis. Essa cena ela soube transformar e sintetizar em poesia, que nos move e nos comove.
Parabéns, poeta!!
Empatia distraída, mente anestesiada. Conexões que nos desconectam. Ah o cotidiano e suas camadas profundas!
Rose
Que lindo o seu olhar sensível e de amorosidade ao cotidiano. Você em uma parte de sua vida vivendo o aqui e agora. Se conectando com o momento presente, por isso canalizou esse lindo poema. Que venham mais poemas do cotidiano com esse seu olhar do momento presente. Parabéns, achei lindo ❤️
Rose, seu poema é profundo. É a fala de muitos. Quantas dores alheias, viajam com a gente no metrô? Só a nossa própria dor é companheira e torturadora. Parabéns. Gostei de conhecer Artecult.com
Mais uma vez colho uma belíssima pérola escrita pela nossa grande poeta Rose Araújo num texto e contexto comovente.