Não sei como as coisas têm andado em outras áreas. Por aqui, no Brasil da Arte, o crtl+c, ctrl+v dita regras. Aquela certeza de que arte é a busca, o estudo, a manifestação dos atributos divinos foi perdendo espaço, a insegurança e a incerteza afastou a arte da fonte de onde ela emana. Reconhecer que somos espíritos emanados do divino e não possuímos apenas uma centelha da inteligência divina é tarefa árdua, entender que desfrutamos, ainda, de uma parcela do poder criador, que somos chamados a manifestar mais e mais no decorrer de nossa evolução, tanto no planeta quanto no espaço é uma tarefa difícil para a maioria entre nós.
A arte produz novas formas de ver e pensar a vida, ela é uma transformadora da realidade. Sob o véu da humanidade esse potencial transformador pode ser diminuído, no entanto, é fantástico constatar que não há limites para o talento humano, podemos subjugar as forças brutais da matéria, vencer sua resistência, sua hostilidade, submetê-las às nossas propriedades divinas.
Arte é pois, de essência divina, é a manifestação do pensamento de Deus, a própria radiação do cérebro e do coração de Deus transmitida sob a forma artística, inspiradora, faz parte desse todo maravilhoso que compõe o Universo. Ela existe em todos os domínios, é o fio condutor que estabelece a relação entre Criador e criatura. Impossível entender o motivo de ser considerada coisa pouco importante e que nos contentemos com isso.
A consciência divina é a fonte geradora das maiores e sãs inspirações. Se os artistas estivessem preparados para beber dessa fonte, nela encontrariam o segredo das obras imperecíveis. Compreender a arte, poderoso meio de elevação e de renovação, nos liga ao Criador. É a fonte dos mais puros prazeres da alma; ela embeleza a vida, sustenta e consola na provação e traça para o espírito, antecipadamente, as rotas para o céu. Quando a arte é sustentada e inspirada por um ideal nobre se transforma em uma fonte fecunda de instrução, um meio incomparável de transformação e de plenitude. Porém, no Brasil da Arte, é comum vê-la aviltada, desviada do objetivo principal, escravizada pela mesquinharia e tida da como um meio de chegar ao poder, à fama, às honras e à fortuna.
“Toda obra de arte é filha de seu tempo e, muitas vezes, mãe dos nossos sentimentos”. Wassily Kandinsky (Do espiritual na arte, 1912)
A arte é possibilidade máxima de expressão do espírito. Olhe para o nível de evolução humana e compare uma época ou civilização, através da arte e vai perceber que ela é a materializadora do conjunto de crenças morais e espirituais que predominam na sociedade.
A decadência das artes está da concentração dos pensamentos, voltados exclusivamente à materialidade, concentração essa que resultou na ausência de toda crença, de toda fé na espiritualidade do ser.
A espiritualidade contribui para o progresso da humanidade e destrói a materialidade, maior chaga da sociedade, e nos faz compreender que nossos verdadeiros interesses emanam da natureza espiritual.
Trazer esse conhecimento à luz da compreensão da sociedade, de que a espiritualidade está diretamente ligada à arte e vice-versa, é tarefa árdua.
Como falar desse tema sem profunda clarificação de espiritualidade, meu Brasil xerográfico? Pois bem, o Criador faz dela o caminho, o modo de ser, de valores como agir, pensar, trabalhar – onde o transcendente da arte faz morada – irradiando no homem a dignidade, a igualdade, instigando à fraternidade universal.
É ela, a espiritualidade, quem favorece a descobertas internas da criatura, sobre as relações pessoais e com o mundo, através de conceitos, valores e sentimentos como amor, compaixão, perdão, sabedoria, honestidade, e no reconhecimento do despertar em direção à atitudes: responsabilidade, comprometimento, contemplação e a própria transcendência. Pergunta: qual a motivação divina que liga arte à espiritualidade? Transformar!
Espiritualidade e religiosidade se relacionam, mas não são sinônimos. Ser religioso envolve um sistema compartilhado, enquanto, ser espiritual está voltado para questões sobre o significado e o propósito da vida.
A arte e está em tudo, na criação divina que nos cerca por toda parte, no dia a dia, no pãozinho delicioso da manhã, num causo bem contado, na melhor consulta médica pela qual já passou, na aula espetacular e inesquecível. Cada um desses artistas (com o toque da espiritualidade) em suas devidas áreas têm uma ligação especial com ol Criador.
Espiritualidade pressupõem legado de transformação, mas isso é assunto para a próxima… Te vejo lá!
Olhe para sua arte, o que ela é capaz de transformar?