EXPERIÊNCIAS GASTRONÔMICAS: começando uma viagem pelo mundo sem sair do Rio de Janeiro

 

Para quem curte a gastronomia, há uma grande vantagem de se estar em uma cidade grande. Não se tem, por certo, o sossego do interior, aquele som dos pássaros pela manhã, mas é possível encontrar de tudo quando o assunto é comida. Pode-se – literalmente! –  empreender uma deliciosa viagem ao redor do mundo sem nem mesmo viajar, tão grande é a variedade da oferta. Encontramos pratos portugueses, árabes, tailandeses, coreanos, espanhóis, italianos, suíços, latinos… Como eu disse, tem de tudo e para todos os gostos – e bolsos!

E o Rio de Janeiro nos permite isso. Assim como em São Paulo – claro, os paulistas ganham nessa! – por aqui também é possível viajar pelo mundo dos sabores. E eu resolvi que esse artigo seria uma pequena prévia do que se pode fazer dentro desse contexto. Fui escolhendo pequenos cantinhos escondidos, outros nem tanto, para começar essa série de experiências gastronômicas.

Estamos só começando nossa viagem e, para que não fique muito extenso, nesse primeiro artigo – de uma longa série, quem sabe? –  vamos fazer paradas lá pelos lados do Oriente Médio, na Tailândia,  Espanha e vamos finalizar na Grécia. Por isso, apertem os cintos, pois lá vamos nós…

Iniciando por um lugar que me traz uma boa memória afetiva. Ali, na antiga Galeria Condor, que hoje se chama Centro Comercial Largo do Machado, tem um pequeno local, encravado numa rua interna que liga um lado ao outro, chamada ORIENTAL (Tel.: 2265-6050). E sim, antes que perguntem, eles não possuem rede social para que eu pudesse marcar aqui.

No letreiro da entrada está escrito: a mais tradicional do bairro desde 1966 – eu tinha 2 anos quando essa loja abriu. Meu pai, sempre que vinha ao Rio de Janeiro, gostava de ir ali comer esfiha e por várias vezes fui com ele. No que pese ter um vizinho mais “rico” quase de frente, a ROTISSERIA SÍRIO LIBANEZA (@rotisseriasiriolibaneza) que vive cheio quase o tempo todo, tem muito mais apelo e é bem mais conhecida, ele sempre gostou desse pequeno bar especificamente e, por isso, decidi incluí-lo como primeira parada dessa nossa viagem.

O interior é apertadinho, com bancos altos defronte a um balcão, e outras características que o tornam bem singular. Nas paredes, estão expostos os pratos disponíveis, com várias opções. Pedi os clássicos quibe e esfiha, e arroz com lentilha, kafta e a famosa cebola crocante… Com um molho de limão, uma pimentinha e uma cebola crua picadinha com salsa, ficou perfeito!

Não muito longe dali, numa rua em que vivi boa parte de meu tempo de Rio de Janeiro, encontra-se o THAI (@thai.asiatico), um pequeno restaurante asiático que traz como proposta uma culinária fusion. Tanto é assim que, além de pratos tradicionais tailandeses, traz também oniguiris e pokes.

Pedi um Gaeng, que é um tipo de curry com base em temperos tailandeses. Optei pelo curry vermelho, feito à base de pimenta vermelha, leite de coco e coentro, servido com frango grelhado, pimentões, cebola, ervilha torta e arroz jasmim com castanha de caju. Estava bem equilibrado, mas não tão apimentado como eu queria…

Continuando ainda por aquela região, encontramos bem ali na Praça São Salvador a CASA MILÀ (@casamilarj), restaurante de gastronomia espanhola com toque brasileiro, com inspiração na cidade de Barcelona.

Foi durante um intercâmbio na Espanha que Lucas Leal, sócio do local, teve a ideia de abrir um empreendimento com referências catalãs. O nome, inclusive, vem da “Casa Milà” barcelonense, conhecida como “La Pedrera” — clássico edifício projetado pelo arquiteto catalão Antoni Gaudí. E para comandar a cozinha, Leal convidou o renomado chef mineiro Fernando Almeida, que possui mais de 20 anos de experiência em gastronomia internacional. (fonte)

O salão do restaurante é extenso, com pé direito avantajado. Logo na entrada, mais estreita, existem poltronas e sofás com mesas de uma lado e um balcão do outro. Logo em seguida vem o bar, com algumas cadeiras, de onde se pode observar a elaboração dos drinques.

Fui numa sexta feira pra almoçar e havia disponível o cardápio executivo, com entrada, prato principal e sobremesa. Dentre as opções do principal, pedi a famosa paella, prato de referência da gastronomia espanhola. De entradinha, veio uma salada e, de sobremesa, churro com ganache de chocolate.

 Nossa última parada será na Grécia, país do sudeste da Europa com milhares de ilhas espalhadas pelos mares Egeu e Jônico, dentre as mais conhecidas estão Santorini e Mykonos, de onde parece ter vindo a inspiração do MII RESTAURANTE (@miirestaurante).

Pra começar essa experiência mediterrânea, nada melhor do que um legítimo vinho grego, feito a partir da uva Agiorgitiko – confesso que nunca tinha ouvido falar dessa varietal… É um vinho de cor violeta brilhante, de intensidade média, com uma tonalidade rosada. Perfeito pra abrir a noite… Porém, faltou ter bebido o Uzo, ou Ouzo, bebida típica da Grécia, um destilado do álcool feito com base de anis, que fica branco quando misturado com água.

O primeiro prato tinha que ser o tradicional Moussaka, que nasceu na Grécia e cujo nome vem de “musaqqa’s”, que significa fresco. Essa iguaria foi disseminada no território ocupado pelo Império Otomano no século 16, o que explica a grande variação na forma de sua montagem. Em 1920, o chef grego, Nicolau Tselemente, adicionou o molho bechamel em uma tentativa de “europeizar” o prato, o que, de fato, ocorreu. Aqui ela é feita com berinjela, batata e ragu de carne.

Pedi, também, algo que não é típico da Grécia mas consta do cardápio. O Arais é um sanduíche de origem Armênia, feito com uma generosa porção de carne moída temperada com especiarias e cozida dentro de um pão Pita bem tostado e crocante. Para não perder a essência de um restaurante grego, ela é acompanhada do famoso Tzatziki, preparado com iogurte (normalmente de leite de ovelha ou de cabra), pepino, alho, sal, azeite, pimenta preta e endro, sendo por vezes também acrescentados sumo de limão, salsa, hortelã ou coentros.

E finalizei com um Souvlaki de carne – espeto de carne bovina, tzatziki, salada e pão pita. Souvlaki (em grego: σουβλάκι, plural souvlakia) é um tipo de fast food comum na Grécia, que consiste em pequenas espetadas grelhadas de pequenos pedaços de carne e vegetais. Pode ser servido apenas no palito, para ser comido com as mãos, em um sanduíche com pita, guarnição e molhos ou no prato, com batatas fritas ou arroz pilaf.

E, claro, como todo bom restaurante grego que se preza, não poderia faltar a famosa “quebra de pratos“. Inspirada na sirtaki, essa prática cultural acontece especialmente durante eventos festivos, sendo uma expressão de alegria e celebração.

 

E assim a gente encerra, em grande estilo esse primeiro trecho da nossa viagem pelo mundo. Ainda temos muitos outros países pra descobrir aqui, na nossa cidade, e faremos isso juntos.

Cada lugar que visitarmos, de culinária diferente, vai nos mostrar um pouquinho da cultura daquele determinado país. E assim, aos poucos, a gente vai montando um painel de mundo, que será o mais abrangente possível, e que nos trará conhecimento, principalmente se não nos limitarmos apenas aos sabores dos pratos, mas adentrarmos nas suas origens.

Por exemplo, uma simples pesquisa na Wikipédia sobre as culinárias árabe, da Tailândia, Espanha e Grécia trará resultados que ajudarão a entender o contexto daquela região específica e nos fará entender como os sabores foram construídos.

E esse é o exercício que proponho com essa série. Vamos continuar viajando pelo mundo, sem sair do nosso Rio de Janeiro, e a cada parada a gente buscará mais informações sobre o destino. Garanto que essa é uma “brincadeira” bastante divertida…

Venham comigo!

Até mais!

DEL SCHIMMELPFENG

@del.schimmelpfeng

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Author

Del Schimmelpfeng é Analista Judiciário do TJERJ, mas desde que se lembra - e coloca tempo nisso! - ama cozinhar! Apesar de ter feito as faculdades de arquitetura e direito, é se misturando aos pratos, panelas e temperos que se sente inteiro, completo, pleno. É autodidata, nunca fez curso de culinária, tampouco se imaginou um profissional da área. Considera-se apenas um curioso, que procura o conhecimento em tudo e que tenta, de todo jeito, viver da melhor forma possível - apesar de todas as dificuldades. Afinal, não haveria graça se elas não existissem... Participou da seletiva da segunda edição do Masterchef e da décima nona edição do reality "Jogo de Panelas", apresentado por Ana Maria Braga no programa "Mais Você" da Rede Globo, na qual sagrou-se campeão. Possui, ainda, textos publicados em livros de conto e poesia. Blog: http://delschimmelpfeng.blogspot.com Instagram: @del.schimmelpfeng

2 comments

  • Chef, esse novo texto deu fome, saudades e curiosidade. Que venham os próximos! Parabéns pelo eterno talento e por ver que não perdeu o amor às boas coisas da vida. Engraçado que vim para longe para descobrir, através de você, o que já estava perto.

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