Coluna de ROSE ARAUJO

Foto: Rose Araujo
Entre os Correios
[prenúncio de boas-novas]e o Multicenter
[templo do que de imediato não se precisa]um homem chora
molha a calçada, já umedecida,
desaguando a sua dor
lava velhas cicatrizes,
leva recentes feridas.
Um homem chora
terno roto, camisa vinho,
de punhos largos
displicentemente abotoada
[casas perdidas dos botões e do tempo].
Um homem chora
sua mochila de alças curtas
traz algo de longas histórias
o choro doído vai de encontro
a cada um que por ele passa.
Ele chora
transborda e chora
expõe-se e revela
lamenta-se
talvez de fome,
talvez de frio,
talvez da falta de gente
que lhe aqueça o dia com um abraço.
O homem
perambula imperfeito
devastado no malfeito
de esfumaçados dias.
Durante o seu choro
enxugamos os olhos.
ROSE ARAUJO

Rose Araujo (@rose_araujo_poeta). Foto: Divulgação.











Lindo poema; mais um! Obrigada por tanta beleza.
Como diz a música: – ” Cantar nunca foi só de alegria. Em tempo ruim todo mundo também dá Bom Dia.
Adorei Rose !
Lindo e sensível poema da vida, do humano, de todos nós…obrigada minha querida!❤️
Linda poesia minha irmã querida.
Nossa querida poeta nos emociona sempre com suas poesias de visão e sensibilidade à flor da pele. Parabéns Rose!
Nossa querida poeta sempre nos emocionanando com suas poesias de visão sensível e grande talento.
Parabéns, Rose!
Maravilha. Belo poema.
Que tocante, humano, crítico, triste, real, pungente e, infelizmente, retrato fiel de nossas ruas. Cabe ao poeta entender o quanto de ternura cabe dentro do fato. E agir logo, transformando o real em poema. Parabéns, Rose!
Muito bonito, Rose! Parabéns!
Gostei muito do comentário do nosso amigo e poeta Tanussi Cardoso, sobre seu belo e sentido poema .
Ele tem um quê de cena de filme de Charles Chaplin: a humanidade, o outro, em lágrimas e milagres.
Aquele homem mal ajambrado tem uma dor profunda, em sua alma.
De que chora, este meu outro? Suplica por algo que só ele sabe e pode dizer.
O homem exala dignidade em seu febril choro de desespero. Vulnerabilidades.
A poeta Rose Araujo fisgou o momento dramático, repleto de detalhes e pétalas humanas, traduzindo em poesia. Bravo!
Luis Turiba.