Depois de cinco apresentações com casa lotada no Centro, Tom na Fazenda faz curta temporada na Gávea, Rio de Janeiro

Obra do premiado autor canadense Michel Marc Bouchard, idealizada por Armando Babaioff, fica em cartaz de 17 de novembro a 18 de dezembro, no Teatro das Artes.

Uma das peças mais aplaudidas e premiadas desde sua estreia em 2017, Tom na Fazenda continua sua trajetória de sucesso com nova temporada carioca. Após uma passagem de grande sucesso no prestigiado Festival de Avignon, na França e uma curta temporada no Teatro Firjan Sesi (com sessões esgotadas nos cinco dias de apresentações), a montagem idealizada por Armando Babaioff com direção de Rodrigo Portella, retorna aos palcos do Rio, onde fica em cartaz de 17 de novembro a 18 de dezembro, no Teatro das Artes, no Shopping da Gavea. Assistida por 30 mil pessoas, Tom na Fazenda traz no elenco Soraya Ravenle, Gustavo Rodrigues e Camila Nhary, além do próprio Babaioff, em um drama forte e potente que aborda a inabilidade do indivíduo para lidar com o preconceito, violência e fracasso.

Tom na Fazenda é baseada na obra “Tom à la Farme”, do autor canadense Michel Marc Bouchard. Foi numa conversa com um amigo que Babaioff tomou conhecimento do filme Tom na Fazenda (2013), adaptação da peça homônima, com direção do franco-canadense Xavier Dolan. Arrebatado pela obra, o ator começou a traduzir o texto, que conta uma história universal, comum entre jovens de várias gerações, de diferentes culturas. São homens e mulheres que, por conta do preconceito, aprendem a mentir antes mesmo de aprenderem a amar. As famílias, guardiãs das normas sobre a sexualidade, garantindo sempre a heteronormatividade, inserem nos próprios membros a semente da homofobia.

Em cena, o publicitário Tom (Armando Babaioff) vai à fazenda da família para o funeral de seu companheiro. Ao chegar, descobre que a sogra (Soraya Ravenle) nunca tinha ouvido falar dele e tampouco sabia que o filho era gay. Nesse ambiente rural e austero, Tom é envolvido numa trama de mentiras criada pelo truculento irmão (Gustavo Rodrigues) do falecido, estabelecendo com aquela família relações de complicada dependência. A fazenda, aos poucos, vira cenário de um jogo perigoso, onde quanto mais os personagens se aproximam, maior a sombra de suas contradições.

“Todo redemoinho que devastará a vida dos que fogem das normas surge no núcleo de suas próprias famílias”, comenta Rodrigo Portella, que opta, mais uma vez por uma encenação com poucos elementos para que as sutilezas das relações propostas pelo texto se sobressaiam. “Bouchard compôs uma obra de estrutura impecável. Ele vai fundo nas contradições dos seus personagens, o que os torna muito próximos de nós”, acredita o diretor.

Vencedor dos Prêmios APCA, APTR, Shell, entre outros, o espetáculo já completou mais de 250 apresentações com nove temporadas no Rio de Janeiro, uma em São Paulo e uma em Montreal, no Canadá, quando foram surpreendidos pela pandemia da Covid-19. Em julho deste ano, a peça foi selecionada para a programação off do Festival de Avignon, onde foi eleita uma das 13 peças favoritas do festival, segundo o Le Journal du Dimanche e o Coup de cœur du Festival dado pelo Jornal La Croix. Após a bem-sucedida passagem por Avignon, Tom na Fazenda se prepara para uma temporada em Paris, a convite do Théâtre Paris-Villette, do dia 9 de Março a 1 de Abril de 2023, onde farão 21 apresentações. No segundo semestre de 2023, Tom na Fazenda dará início a primeira parte de uma turnê pela Europa

“Somos felizardos em poder contar essa história e gratos à trajetória que a peça está realizando sem qualquer recurso vindo de leis de incentivo. Porém, para nossa grata surpresa, seguimos firmes nestes cinco anos, sempre com temporadas lotadas, o que nos mostra que Tom é um espetáculo necessário e que precisa ser visto por ainda muito mais pessoas no Brasil e no mundo”, comenta Babaioff.

HISTÓRICO: Tom na Fazenda estreou em março de 2017, no Teatro Oi Futuro, no Rio de Janeiro. Em junho de 2018, foi apresentado no Festival TransAmériques (FTA), em Montreal, no Canadá, um dos festivais mais importantes da América do Norte. A peça era a única representante brasileira e foi indicada pelo próprio autor da obra, o dramaturgo canadense Michel Marc Bouchard, que mora em Montreal, mas assistiu à peça em sua estreia, no Rio. Ainda em 2018, a peça participou do Festival de Curitiba (abril), do Festival Palco Giratório do SESC, em Porto Alegre (maio), do Festival de Inverno de Garanhuns (julho) e do Festival Cena Contemporânea, em Brasília (agosto).

Em 2019, o espetáculo foi contemplado com o Prêmio Tônia Carrero de Teatro e circulou pelas zonas oeste e norte do Rio de Janeiro, além de uma apresentação em Rio das Ostras, região dos Lagos. No mês de março, estreou sua oitava temporada, primeira na cidade de São Paulo, no Sesc Santo Amaro. Em maio, fez uma circulação por cinco teatros da rede SESI-Firjan, em julho fez duas apresentações no FIT Rio Preto, SP e, em setembro, fez duas apresentações no Sesc Santos, SP. A última temporada no Rio de Janeiro foi no Teatro Petra Gold, em fevereiro de 2020.

O retorno das atividades presenciais se deu em 2021, a convite da Secretaria de Cultura de Fortaleza, na reabertura do Theatro São João, em Sobral/CE, e no Cine Teatro São Luís, em Fortaleza. Em julho deste ano, a peça foi selecionada para a programação off do Festival de Avignon, onde fez 21 apresentações. De volta ao Rio, o espetáculo lotou o Teatro Firjan Sesi, em curtíssima temporada, de 05 a 09 de outubro.

INDICAÇÕES E PRÊMIOS

? Prêmio Aplauso Brasil 2019 (5 indicações): Iluminação (Tomás Ribas), Ator (Armando Babaioff), Ator Coadjuvante (Gustavo Vaz), Atriz Coadjuvante (Kelzy Ecard) e Espetáculo Independente.

? Espetáculo vencedor do Prêmio APCA 2019 na categoria teatro.

? Espetáculo vencedor do prêmio de melhor espetáculo estrangeiro da Associação de Críticos de Teatro de Québec.

? 30º Prêmio Shell de Teatro (5 indicações): Direção (Rodrigo Portella), Ator (Armando Babaioff e Gustavo Vaz), Cenografia (Aurora dos Campos) e Música (Marcelo H.). Espetáculo vencedor em duas categorias: Direção (Rodrigo Portella) e Ator (Gustavo Vaz).

? 5º Prêmio Cesgranrio de Teatro (7 indicações): Direção, Ator (Armando Babaioff e Gustavo Vaz), Cenário (Aurora dos Campos), Iluminação (Tomás Ribas), Espetáculo e Especial (Lu Brites, pela preparação corporal). Espetáculo vencedor em três categorias: Direção (Rodrigo Portella), Ator (Armando Babaioff e Gustavo Vaz) e Cenografia (Aurora dos Campos).

? 6º Prêmio Botequim Cultural (10 indicações): Direção, Espetáculo, Ator (Armando Babaioff), Ator Coadjuvante (Gustavo Vaz), Atriz Coadjuvante (Kelzy Ecard e Camila Nhary), Figurino (Bruno Perlatto), Cenografia (Aurora dos Campos), Iluminação (Tomás Ribas) e Música (Marcello H). Espetáculo vencedor em sete categorias: Melhor Espetáculo, Direção (Rodrigo Portella), Ator (Armando Babaioff), Ator Coadjuvante (Gustavo Vaz), Atriz Coadjuvante (Kelzy Ecard) e Cenografia (Aurora dos Campos) e Iluminação (Tomás Ribas).

? 12º Prêmio APTR (6 indicações): Espetáculo, Produção, Direção, Ator (Armando Babaioff e Gustavo Vaz), Iluminação (Tomás Ribas) e Cenografia (Aurora dos Campos). Vencedor na categoria Melhor Espetáculo.

? Espetáculo vencedor do 7º Prêmio Questão de Crítica.

? Prêmio Cenym de Teatro Nacional (17): Espetáculo, Direção, Ator (A. Babaioff), Ator Coadjuvante (Gustavo Vaz), Atriz Coadjuvante (Camila Nhary e Kelzy Ecard), Texto Adaptado, Qualidade Artística, Qualidade Técnica, Elenco, Preparação Corporal (Lu Brites), Iluminação, Cenário, Montagem, Cartaz ou Programação Visual (Bruno Dante), Fotografia de Publicidade (José Limongi, Renato Mangolin e Ricardo Brajtman) e Trilha Sonora (Marcello H). Espetáculo vencedor em oito categorias: Espetáculo, Direção, Ator (Armando Babaioff), Ator Coadjuvante (Gustavo Vaz), Atriz Coadjuvante (Kelzy Ecard), Qualidade Artística, Montagem e Preparação Corporal (Lu Brites).

SOBRE MICHEL MARC BOUCHARD (autor)

Michel Marc Bouchard nasceu em Saint-Coeur-de-Marie, em Quebec, no Canadá. Formado em teatro pela Universidade de Ottawa, fez sua estreia profissional como dramaturgo em 1983 com Contre-nature de Chrysippe Tanguay, Écologist, e, desde então, escreveu mais de 25 peças que foram traduzidas em diversas línguas e apresentadas em muitos países e festivais. Bouchard foi condecorado Cavaleiro da Ordem Nacional de Quebec, em 2012.

Sua obra mais conhecida é Lillies (Les Feluettes ou la Répétition d’un Drame Romantique), que posteriormente foi roteirizada e dirigida por John Greyson em seu filme homônimo. The Painter Madonna foi sua primeira peça traduzida para o inglês. Entre suas obras mais conhecidas, destaque para The Coronation Voyage (Le Voyage du Couronnement), Down Dangerous Passes Road (Le Chemin des Passes-Dangereuses) e Written on Water (Les Manuscrits du Déluge). Sucessos no teatro, as peças The Orphan Muses (Les Muses Orphelines) e Tom at the Farm (Tom à la Farme) também foram adaptadas para o cinema pelos diretores Robert Favreau e Xavier Dolan, respectivamente.

Ao longo de sua carreira, Bouchard foi agraciado com importantes prêmios de artes cênicas no Canadá: Prix Journal de Montreal, Prix du Cercle des Critiques de L’outaouais, Moore Award Dora Mavor for Outstanding New Play, Floyd S. Chalmers Award Canadian Play. Recebeu nove prêmios Jessie Richardson Theatre Awards para as peças Lillies e Les Muses Orphelines.

SOBRE ARMANDO BABAIOFF (Idealizador, tradutor e ator)

Formado pela escola Estadual de Teatro Martins Pena e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO) em Artes Cênicas. Como integrante da Quantum Cia. de Teatro, Babaioff fez de diversas montagens sob a direção de Rodrigo Portella. Em 2004, protagonizou, ao lado de Vera Fischer, A Primeira Noite de um Homem, com direção de Miguel Falabella.

No teatro, participou ainda dos espetáculos O Santo e a Porca (2008), de Ariano Suassuna, com direção de João Fonseca, pelo qual foi indicado ao prêmio de melhor ator coadjuvante pela APTR; A Gota d’Àgua (2009), de Chico Buarque e Paulo Pontes, também com direção de João Fonseca; Rockantygona (2011), baseado na obra de Sófocles, com direção de Guilherme Leme Garcia; Escola do Escândalo, de Richard B. Sheridan, com direção de Miguel Falabella; A Propósito de Senhorita Júlia, de August Strindberg, dirigida por Walter Lima Jr.; O que Você Mentir Eu Acredito, de Felipe Barenco, com direção de Rodrigo Portella.

Em 2009, criou a produtora ABGV Produções Artísticas, em parceria com o amigo e ator Gustavo Vaz. Pela primeira vez atuou também como produtor de teatro, com a peça Na Solidão dos Campos de Algodão, com texto de Bernard Marie Koltès e direção de Caco Ciocler. O espetáculo lhe rendeu uma indicação ao Prêmio de Melhor Ator pela APTR.

Na TV, esteve em cartaz em Segundo Sol, de João Emanuel Carneiro, na TV Globo. Estreou na emissora na novela Páginas da Vida (2006), de Manoel Carlos. Também na Globo, participou das novelas Duas Caras (2010/2011), Ti-ti-ti (2010), Sangue Bom (2013) e A Lei do Amor (2016). Protagonizou a série DOAMOR, ao lado da atriz Maria Flor, no canal Multishow. No cinema, recentemente protagonizou o longa Prova de Coragem, baseado no romance Mãos de Cavalo, do autor gaúcho Daniel Galera e direção de Roberto Gervitz. Participou também de Introdução à Música do Sangue, com argumento de Lúcio Cardoso e direção de Luiz Carlos Lacerda.

SOBRE RODRIGO PORTELLA (diretor)

Natural de Três Rios, interior do Estado do Rio, o autor e diretor Rodrigo Portella dirigiu 19 peças. No Rio, cursou direção teatral na UNIRIO e publicou Trilogia do Cárcere. Em sua cidade natal, fundou a Cia Cortejo. Realizou cerca de 200 apresentações de Antes da Chuva por todo o país com o projeto Palco Giratório. Atualmente, se dedica a pesquisar as experiências de Charles Deemer e o Hiperdrama no Teatro, por meio de uma bolsa da FAPERJ, sob orientação de Moacyr Chaves. É diretor geral do “Off Rio – Multifestival de Teatro de Três Rios”, que em 2018 chega à sua sexta edição.

Foi indicado ao Prêmio Shell 2013 (Melhor Direção por Uma História Oficial e Melhor Texto por Antes da Chuva), Prêmio APTR 2010 (Melhor Iluminação por Na Solidão dos Campos de Algodão) e Prêmio Cesgranrio 2016 (Melhor Texto por Alice Mandou um Beijo). Em 2018, dirigiu o espetáculo Insetos — em comemoração aos 30 anos da Cia. dos Atores —, que circulou pelas quatro unidades do Centro Cultural Banco do Brasil (Rio, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte) e Nerium Park, no dramaturgo Catalão Josep Maria Miró. Portella também está em cartaz no Rio de Janeiro com o espetáculo As Crianças.

FICHA TÉCNICA

Texto: Michel Marc Bouchard

Tradução: Armando Babaioff

Direção: Rodrigo Portella

Elenco: Armando Babaioff, Soraya Ravenle, Gustavo Rodrigues, Camila Nhary

Cenografia: Aurora dos Campos

Iluminação: Tomás Ribas

Figurino: Bruno Perlatto

Direção Musical: Marcello H.

Produção Executiva: Milena Monteiro

Direção de Produção: Sérgio Saboya e Silvio Batistela

Idealização: Armando Babaioff

SERVIÇO Tom na Fazenda

Local: TEATRO DAS ARTE (Rua Marques de São Vicente, 52 – Lj 264. Shopping da Gavea, 2º piso)

Temporada: de 17 de novembro a 18 de dezembro de 2022.

Data: quinta a sábado, às 21h/domingo, às 20h.

Duração: 110 minutos.

Classificação Indicativa: 18 anos.

Valores: R$ 110 (inteira) R$ 55 (meia)

Lotação*: 421 pessoas

Contato: (21) 2540-6004

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