TOP MODEL
Ele postou-se diante dela impressionado com sua beleza. A delicadeza dos traços, o cabelo ruivo e sedoso na altura do ombro, a boca carnuda adornada pelo batom vermelho. O percurso a ser vencido seria de aproximadamente 500 metros. Depois de refletir um pouco, decidiu que deveria carregá-la no colo. Com todo cuidado, seria péssimo se lhe causasse algum dano. Puseram-se em marcha devagar. As calçadas cheias de gente e de vendedores ambulantes dificultavam o deslocamento. No meio do itinerário, a caminhada precisou ser interrompida. Ao apoiá-la no chão, percebeu que o seio esquerdo dela ameaçava furar o decote. Nesse momento, sentiu uma vontade quase incontrolável de beijá-la. Conteve-se. Seria ridículo ser flagrado naquela situação, especialmente por algum amigo ou familiar. Trajeto retomado, agora com atenção redobrada para que a barra do vestido de crepe não arrastasse no chão. Diante da loja, o destino final, eles param. Ainda um pouco ofegante, ele escuta a bronca do gerente:
— Poxa, Waldemar, que demora! Vamos logo, só falta essa aí na vitrine!
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Bem divertido o conto, mas, por outro lado, traz à discussão a questão dos relacionamentos com coisas, como robôs, hologramas e bonecas. Há quem até se case com elas. Seria solidão ou patologia? Abs!
A mente voou e não chegou no manequim!
Engraçado!! Mas realmente é interessante a conotação citada por Rodolfo Guimarães anteriormente.
Bem como a aparente ligação na relação baseada em uma aparente perfeição nesse nosso mundo tão constituído de imperfeições.