
Foto: Renato Mangolin
Você já viu uma revoada de pirilampos? Eles já sorriram para você? Eu já! Lá no Sesc Tijuca! Corre lá, que vocês também terão essa oportunidade!
O Sesc Tijuca está com programação de circo. O espetáculo Sapo com Asas de Barro está em cartaz no Teatro I até 14 de setembro.
Sinopse: O espetáculo conta a história de um sapo que ganha asas de barro e convida o público a descobrir histórias gigantes nas miudezas, com elementos da natureza, trilha sonora com instrumentos como rabeca e sanfona, e um trabalho corporal inspirado no olhar do poeta para o pequeno.
O último espetáculo circense que assisti no Sesc Tijuca foi Teco Teco, do Circo Dux — uma obra lindíssima que guardo na minha memória afetiva com muita alegria, por ter tido a oportunidade de vivenciar esse experimento circense de altíssimo nível. E, mais uma vez, o edital Pulsar parece ter acertado. Espetáculo lotado, bilheteria esgotada — e como poderia ser diferente com Sapo com Asas de Barro?
Um dos pontos mais altos dessa montagem é a contribuição artística do profissional Beto Lemos, com uma trilha sonora que arrepia a pele, aquece o coração e umedece nossos globos oculares. Beto parece mergulhar no coração da gente. É um artista que já assisti diversas vezes no palco; ele faz parte do grupo Barca dos Corações Partidos, uma das companhias mais belas que temos. Também o vi em Eu Matei Sherazade, mas é impossível negar que, neste espetáculo, ele superou o que eu achava ser bom. Entre diversos instrumentos, a rabeca nos conduz a uma beleza auricular única e ímpar. Beto, hoje, passa a integrar — para mim — o seleto grupo dos melhores musicistas do teatro. A beleza e a sensibilidade do artista alcançaram minha alma.
Raquel Theo, que assina o figurino, parece ter desenhado os trajes enquanto sentia o vento. Ela foi fantástica nas criações. As indumentárias utilizadas, além de ofuscarem nossos olhos, garantem liberdade total aos movimentos dos artistas, que o tempo todo contorcem os corpos no piso do teatro — linóleo — e também no ar, pois praticamente voam. Ela soube trazer tecidos brilhosos e com aplicações que também reluziam, criando harmonia entre as paletas de cores que vestem corpos belíssimos.
O teatro estava lotado — também não poderia ser diferente. A obra é belíssima, encantadora… ou, por que não, sedutora?
Conta a história com poesia e muito gracejo de um menino em seu jardim.
Em uma das cenas, o artista Fernando Nicolini toca uma sanfona, com expressões faciais que me remetiam a um filme antigo. Ao mesmo tempo que engraçado, também galanteador. Na verdade, era um aracnídeo tocador de sanfona.
O poeta Manoel de Barros usava frequentemente a imagem do sapo em sua poesia, muitas vezes associando-o à infância, à natureza e à simplicidade. Penso que foi essa a inspiração do grupo Monjuá para a criação da obra. A história se passa em um jardim, entre os movimentos da natureza — como o vento — e também os animais que encontramos. E pasmem: eu vi uma briga de patos, que resultou em penas flutuando no ar. Eu vi, sim, eu juro!
Quanto aos artistas: são de molas ou de um quilo? Sempre com sorrisos, olhos brilhosos, músculos saudáveis, que se dobram e se esticam como se fossem de elástico — sem medo de voar ou pular, de subir e descer, de dançar no meio do vento. Fiquei pensando nas horas exaustivas de ensaio, mas que valeram a pena. Pois saibam: estarão guardados em nós. Se os olhos deles brilham como estrelas radiantes, nossas almas os acolhem e os admiram por seus diversos movimentos em cena.
Um menino brinca em seu jardim… e, em certo momento, precisa entrar. A noite está chegando…
E eu chorei. Porque é preciso viver a infância e a vida com vontade, com determinação. Não deixar tudo se transformar em um passado sem sensações, sem se permitir que o vento nos toque.
Vida longa a essa maravilha circense, que nos leva a outra dimensão — sentados em uma poltrona teatral.
Sobre o Grupo Monjuá
O “Grupo Monjuá” é um grupo de circo e dança do Rio de Janeiro que surgiu em 2019 visando criar novas parcerias e explorar a linguagem circense. Eles oferecem oficinas e apresentações, com destaque para a oficina “Construindo Magote” e o espetáculo “Magote”, que mistura técnicas circenses e dança, e é voltado para jovens a partir de 15 anos e público de todas as idades.
Ficha Técnica
- Concepção – Grupo Monjuá
- Intérpretes criadores – Ana Luiza Gonçalves, Fernando Nicolini, Guilherme Gomes, Helena Heyzer e Bárbara Abi-Rihan
- Direção – Fábio Freitas
- Direção de movimento – Lavínia Bizotto
- Trilha sonora original – Beto Lemos
- Voz trilha sonora – Martim Lemos
- Figurino – Raquel Theo
- Textos – Fábio Freitas e Ana Luiza Gonçalves
- Criação de aparelho circense – Grupo Monjuá e Dodô Giovanetti
- Cenotécnico – Dodô Giovanetti e Heribelton Carvalho
- Desenho de luz e operação – Juliana Moreira
- Operação de som – Miguel Noronha
- Intérprete de Libras – Diana Dantas
- Audiodescrição – Gilson Moreira
- Fotografia – Renato Mangolin
- Vídeo – Vinicius Paranhos
- Identidade visual – Pedro Pessanha
- Assessoria de imprensa – Lyvia Rodrigues
- Produção executiva – eLabore.Kom
- Coordenação de produção – Helena Heyzer e Ana Luiza Gonçalves
- Realização – Grupo Monjuá e Hajalume Produções
SERVIÇO
“Sapo com Asas de Barro”
Local: Teatro I do Sesc Tijuca.
Temporada: 16 de agosto a 14 de setembro de 2025.
Horários: Sábados e domingos, às 16h.
Ingressos: R$ 5 (associado Sesc), R$ 10 (meia-entrada), R$ 20 (inteira), Gratuito (PCG).
Classificação: Livre.
Duração: 60 minutos.

Paty Lopes (@arteriaingressos). Foto: Divulgação.

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