Você está indo pra Tijuca? Importa-se de me dar uma carona? Obrigado. Você pega a Praça da Bandeira? O Maracanã? É o meu caminho! Fico um pouquinho depois mas é pertinho. Será que você pode me deixar ali no Grajaú? Passa o Maracanã, passa a entrada para a Tijuca, desce Vila Isabel toda, é bem no fim do Grajaú. A última rua antes de subir a serra. Dali pra voltar pra Tijuca é, praticamente, uma reta. E no contrafluxo! Nem trânsito haverá!
***
– Esse banco se ajeita? Desculpe, minha perna é muito comprida. Vou chegá-lo pra trás. Está apertado aí atrás? É rapidinho. Você se importa de chegar pro meio? Aí não aperto ninguém. Dá pra regular a altura? Minha cabeça está quase batendo no teto. Seria bom se regulasse. Eu fico enjoado. Prefiro carros maiores por isso. É, ser alto tem suas desvantagens. Ah, achei a alavanca. Ufa! Obrigado, hein! Vou ajeitar o retrovisor direito, assim ajudo você. Tem certeza? O retrovisor não? Só o banco então. Está bem.
***
– Você deixa a entrada do ar condicionado sempre fechada? Eu deixo assim, ó, aberta. E daí que entra monóxido de carbono? Assim renova o ar. A fumaça que entra, sai. Está circulando, é o que importa. Não quer deixar aberta? Percebe a diferença, ó: nenhum cheirinho de fora. Muito melhor. Vou mudar, tá? Mas e o Covid? O Covid não acabou!
***
– Você prefere vir por aqui porque é uma reta, né? Eu gosto de entrar à direita e cortar pelo mergulhão. A vista aqui é bonita, o percurso é mais agradável, de fato, mas eu sempre priorizo o tempo. Mergulhão, contorno a comunidade até o viaduto e saio três ruas à frente. Perigo? Se você anda rápido, corre menos perigo, ué! Não, a comunidade é de paz. O maior bandido dali vende Jequiti, pra você ter uma ideia. Tranquilinha. Vai por mim: vira no sinal. Não quer tentar? Última chance de entrar à direita! Bem, você que sabe. Manda quem está no volante. Mas economizaríamos uns dois ou três minutos. Vai por mim. Não quer mesmo virar aqui, ainda dá tempo. Ah, que pena.
***
– Liga a seta para entrar à direita. Vai caindo para a direita. Vou colocar o braço pra fora, espera. Liga a seta, vai. Deixa o carro passar. Estou olhando no espelho, há um carro vindo. Espera. Quando eu falar, você vai.
***
– Bambuzal, 1 quilômetro. Quase não se vê a placa. Deviam cuidar melhor dessa estrada. Nossos impostos vão pra onde? O dinheiro do pedágio vai pra onde? Absurdo. Olha, 600 metros. Bem no alto essa placa. Aí, sim! Todo mundo vê. Não sabia que era perto de Mina Velha! Você leu? “Bambuzal, 600 metros. Mina Velha, 2 quilômetros”. Pertinho. Ah, que bom, quase chegando. Bambuzal, 300 metros. Fica atento. Entraremos à esquerda. Havia uma entradinha…era bem discreta. 100 metros! A qualquer momento, a qualquer momento! Não quer colocar o pisca-alerta? Vem carro de lá, cuidado. Por que você parou? O quê? Você quer que eu salte aqui? Aqui? Mas nem placa tem!