Amor à primeira leitura

 

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Tudo bem, você gosta de ler. Se não, por que outra razão procura uma coluna que fala de literatura? Ah, é amigo do autor, conhece a editora, ou o rapaz aí se acha descolado ao comentar sobre, nas rodinhas sócio-etílicas. Tranquilo. Ler é uma atividade muito antiga. E, misteriosamente, muito prazerosa.

Proporciona, em sua essência, um gozo solitário, que procura compensações em trocas nos encontros furtivos ou programados. Ou naquela frase decorada, dita, en passant, para impressionar na primeira saída com alguém. É um ato enigmático, uma vez que muitas desculpas são apresentadas para não se ler: dá o maior sono; não tenho tempo; no prazo de ler um livro faço mil coisas; e por aí vai. Mas, desde a descoberta da leitura, nunca mais a humanidade deixou de produzir e consumir textos.

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Feiras de livros atraem cada vez mais leitores

Consta que, ao fazer o primeiro desenho na pedra de uma caverna, o homem deu início à escrita. Alguém, ali da turma, olhou e entendeu o recado: “caçar o bicho grande pra comer”.  Então, a escrita levou à leitura e, daí para frente, a coisa só evoluiu.

Das descobertas, invenções e acasos que o ser humano juntou, por séculos e séculos, todas e todos foram importantes para a evolução. Já a interpretação dos signos, ou a leitura, foi fundamental, e é desnecessário discorrer mais sobre isso.

Hoje, trocentos anos depois, estamos, como no decorrer de todo este tempo, mais uma vez, nos adaptando a novas formas de comunicação, em busca de complicar para facilitar aos novinhos que vem chegando. Nos últimos 25 anos, a forma de se comunicar mudou mais e com mais rapidez do que de Gutemberg até os anos 1990.

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A paixão pela leitura não tem idade

Mesmo com tantas desculpas e dificuldades, continua possível ver sempre alguém com um livro aberto na frente dos olhos. As feiras e bienais são cada vez mais visitadas e a venda, nestes eventos, bate recordes a cada edição. Volta e meia, ouvimos ou lemos sobre a catadora de lixo que montou uma biblioteca, com livros catados nas lixeiras.

Então, essa paixão vem de onde? O que nos move a colecionar exemplares, já lidos, em casa? Apesar da poeira, do mofo, das traças e formigas que, muitas vezes, os acompanham? É difícil de entender, assim como tantas outras manifestações e manias humanas.

Encucado com este mistério e embalado pela frase definitiva de Mario Quintana, que diz: “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas!”, venho tentando desvendar o porquê da paixão, e se alguém realmente se transformou por causa dos livros. Ando perturbando professores, estudantes, bibliotecários, leitores, editores, profissionais de várias áreas e chegarei a um resultado. Comentarei aqui, em uma próxima coluna. Se você, que veio até aqui, tem opinião sobre estas questões, e gosta de expressá-la, deixe seu recado nos comentários.

Author

Marco Simas é cineasta, escritor e roteirista. Mineiro de Nepomuceno, radicado há muitos anos no Rio de Janeiro. Sempre ligado ao cinema, como roteirista e diretor, realizou vários filmes de curta-metragem,entre eles, os premiados "Um dia, Maria", "Solo do Coração" e "Com o andar de Robert Taylor". É ainda autor dos livros "Barbara não quer perdão", "Último Trem" e "Aqui Estamos Nós - Identidade".