MAIS UMA (DELICIOSA) VIAGEM PELO BRASIL – Próxima parada: CEARÁ

Viajar é sempre bom, né? Principalmente – pelo menos, para mim – quando o objetivo principal da viagem é a de explorar e vivenciar tudo o que aquele novo lugar pode trazer, seja nos campos da arte, história, tradições e modos de vida. O contato com padrões culturais diferentes amplia horizontes e nos permite adquirir conhecimento, na medida em que, muito além do lazer – e, consequentemente, do prazer que proporciona – traz experiências incomparáveis, transformando o ato de viajar em algo muito maior, em uma vivência extremamente significativa.

Aqui, para o ARTECULT, já fiz vários artigos sobre essas viagens culturais, com foco principal na gastronomia local. Por exemplo, já estivemos na BAHIA e em outros Estados do NORDESTE e já fizemos quase toda ESTRADA REAL (parte 1, parte 2 e parte 3).  Em todas essas viagens, quis trazer para vocês um pouco dos pratos típicos e peculiaridades de cada lugar visitado e isso me foi muito recompensador.

Resolvi, então, continuar essa série, agora conhecendo mais de perto o CEARÁ.

A gastronomia cearense é rica e diversificada, resultado da mistura de influências indígenas, portuguesas e africanas. Pratos como baião de dois, carne de sol, peixada e tapioca são alguns exemplos da culinária típica do estado. A culinária cearense também se destaca pelo uso de ingredientes frescos e locais, como peixes, frutos do mar, frutas tropicais e raízes. 

Segundo a WIKIPEDIA:

Pela história os índios tabajaras e potiguaras foram os primeiros habitantes desta região, deixando marcas como o emprego de milho e mandioca em suas preparações culinárias. Com a chegada dos portugueses, novos ingredientes foram introduzidos, tais como trigo, açúcar e leite. Além disso, os colonizadores trouxeram consigo a técnica de cozinhar com azeite e a tradição da bacalhoada, que persiste como um prato muito apreciado na localidade.

No século XVI, o Ceará começou a receber escravos africanos, cuja marcante influência se fez sentir na culinária local. Eles introduziram ingredientes e técnicas peculiares, os quais foram integrados aos pratos regionais. A presença de dendê, leite de coco e camarão seco na culinária cearense destaca-se como herança africana. A tradição alimentar da região reflete, assim, sua história e a diversidade cultural, resultando em uma culinária abundante e saborosa.

Comecei minha jornada gastronômica pela praia de Iracema/Meireles, na capital Fortaleza. Pedi uma carne de sol – que veio desfiada e com tiras de macaxeira frita e queijo coalho –  e um feijão verde tradicional, com molho cremoso, queijo coalho e cebolinha.

Saindo dali, passei na “Feira de Artesanato da Beira Mar”, que é um dos principais atrativos turísticos de Fortaleza e fica localizada na Av. Beira Mar, no bairro Meireles. Ali, adquiri dois ícones da região: a castanha de caju e a manteiga da terra.

No dia seguinte, fui para a famosa Praia do Futuro, outro conhecido ponto turístico de Fortaleza.

Lá, pra não perder o hábito, experimentei mais algumas iguarias típicas: o camarão e o lagostim cozido na salmoura – especialidade dos ambulantes que passam com seus imensos cestos cheios dos quitutes – e uma porção de carne de sol.

Não poderia deixar de mencionar a água de coco, que não podia ficar de fora já que, além de ser muito fácil de encontrar, ela é muito barata no Ceará!

Depois, fui para BEBERIBE, que se localiza na microrregião de Cascavel, mesorregião do Norte Cearense. Esse município  é a 2ª cidade do Ceará que mais produz castanha de caju.  De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ele tem uma produção de 8.812 toneladas e ocupa a 5ª posição a nível nacional. No que diz respeito à castanha-de-caju, o município é o segundo maior produtor do Brasil, atrás somente de Serra do Mel (RN).

Fui visitar o Mercado Municipal, já de olho nas comidas típicas. Encontrei na ANA RESTÔ (@anarestooficial), que fica no box 14.

Ali pedi dois deliciosos exemplares da gastronomia cearense: a Panelada, feita com tripas e miúdos de boi, em que as carnes são cozidas na pressão até ficarem macias, apresentando um tempero forte, servido com arroz branco e cuscuz; e o Sarrabulho, que é feito com as tripas e miúdos do porco e igualmente servido com arroz branco e cuscuz.

Como eu estava em um mercado local, levando-se em conta que o Ceará é o maior produtor de caju do Brasil, não pude deixar de comprar um saco inteiro com o fruto. E, lógico, usei boa parte deles para tomar uma bebida muito apreciada no Estado, de uma forma bem raiz. Aliás, a Ypióca é a cachaça número um do Ceará, sendo encontrada em todo canto:

Já na praia de Morro Branco, pra acompanhar uma cervejinha gelada, pedi uns bolinhos de macaxeira com carne de sol, bastante comum na região.

Fui na famosa praia de Canoa Quebrada, localizada no litoral leste do Estado do Ceará, distante 163 km de Fortaleza e 12 km da sede do município de Aracati. A sua paisagem é caracterizada por dunas e falésias avermelhadas de até trinta metros acima do nível do mar.

Ali, experimentei o Peixe à Delícia,  que é preparado com filés de peixe grelhados, cobertos com bastante molho branco, queijo e banana frita, que vai junto com o peixe embaixo do molho e dá um sabor diferenciado ao prato. Pra acompanhar, nada mais típico que o refrigerante São Geraldo, feito de caju.

Certamente não perdi a oportunidade de montar um pratinho bem no meu estilo…

Também fiz um passeio pela Lagoa de Uruaú, que fica localizada em Beberibe e é um dos maiores reservatórios de origem natural do Estado. A lagoa é cercada por casas de veraneio e é ideal para a prática de esportes aquáticos – jet ski, lancha, esqui aquático, e onde se encontra uma boa infraestrutura de barracas com peixe, camarão, caranguejo e bebidas geladas.

A pedida aqui foi a Peixada Cearense, com direito a ovos cozidos, e um peixe inteiro frito – crocante por fora, macio por dentro – acompanhado de salada, limão e baião de dois – ao invés de comer arroz branco e feijão com caldo, no Ceará é mais comum comer os dois já misturados.

Novo dia, novas experiências. Encontrei a Cajuína que, diferente do refrigerante São Geraldo, não é gaseificado. Ela é feita a partir do suco de caju que passa por um processo de clarificação e cozimento em banho-maria, resultando em uma bebida de cor amarelo-âmbar com sabor adocicado e levemente caramelizado.  É bebida também tradicional no Ceará, muito apreciada e fabricada principalmente nos estados do Ceará e do Piauí, sendo considerada, neste último, Patrimônio Cultural do Estado e símbolo cultural da cidade de Teresina. Para acompanhar, mais carne de sol e baião de dois

Encontrei no supermercado algo que é muito, muito comum ser servido nos restaurantes como acompanhamento dos pratos e é algo bem típico. Trata-se da Paçoca, uma farofa amarela bem grossa, com pedacinhos de carne seca desfiada no meio e que vai bem com tudo, seja camarão, moqueca, baião, caranguejo…

Para o café da manhã, optei pela Tapioca, que é um prato muito típico e símbolo gastronômico do Ceará e de todo o Nordeste do Brasil. É comum encontrá-la em feiras, barracas e centros especializados, como o Centro das Tapioqueiras, em Fortaleza. No meu caso, ela foi transformada em uma crepioca com pedacinhos de queijo coalho…

Outra coisa que se come muito pelo Ceará – aliás, pelo Nordeste inteiro! – é o cuscuz, servido tanto no café da manhã, como acompanhando pratos. Eu mesmo aproveitei um cuscuz que sobrou do café da manhã, incrementei com um monte de coisa – pimentão, cebola, tomate, linguiça, cheiro verde, azeitona, pimenta – e virou uma refeição!

Com toda a certeza, faltaram alguns itens, servindo como desculpa para uma próxima vez. Vale citar o Caranguejo, sendo a quinta-feira quase um dia sagrado pra se comer a iguaria, conforme me disseram. E mais: Moqueca Cearense, Ostras, Camarão no Abacaxi, Polvo na Manteiga, Carneiro, Mugunzá e as caipirinhas de frutas diversas, principalmente daquelas mais específicas, como seriguela.

Sempre vai faltar alguma coisa – afinal, o tempo é curto pra que se  experimentasse de tudo, principalmente considerando a riqueza cultural envolvida na construção de cada região e sua identidade. Mas creio ter conseguido, assim como fiz nos artigos anteriores, traçar um painel geral que desse uma ideia e provocasse a curiosidade.

Que tal se, na sua próxima viagem, você também ficasse antenado nesse tipo de experiência? Eu garanto que vale muito a pena!

Nos vemos em breve, em uma nova aventura gastronômica!

 

DEL SCHIMMELPFENG

@del.schimmelpfeng

 

 

 

 

 

 

 

Author

Del Schimmelpfeng é Analista Judiciário do TJERJ, mas desde que se lembra - e coloca tempo nisso! - ama cozinhar! Apesar de ter feito as faculdades de arquitetura e direito, é se misturando aos pratos, panelas e temperos que se sente inteiro, completo, pleno. É autodidata, nunca fez curso de culinária, tampouco se imaginou um profissional da área. Considera-se apenas um curioso, que procura o conhecimento em tudo e que tenta, de todo jeito, viver da melhor forma possível - apesar de todas as dificuldades. Afinal, não haveria graça se elas não existissem... Participou da seletiva da segunda edição do Masterchef e da décima nona edição do reality "Jogo de Panelas", apresentado por Ana Maria Braga no programa "Mais Você" da Rede Globo, na qual sagrou-se campeão. Possui, ainda, textos publicados em livros de conto e poesia. Blog: http://delschimmelpfeng.blogspot.com Instagram: @del.schimmelpfeng

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