Aproveitando a boa recepção que meus três artigos sobre a ESTRADA REAL tiveram – e sou muito grato a todos que, gentilmente, embarcaram comigo nessa viagem – vou aproveitar pra continuar ali pela região. Mais precisamente em Itanhandu, que foi elevado a município em 1923 e está localizado no sul do Estado de Minas Gerais, onde passei a maior parte da minha infância. E vamos ficar por ali pra falar de um assunto pra lá de apetitoso…
No século XVI, toda a região do sul do atual estado brasileiro de Minas Gerais era território disputado entre vários povos indígenas brasileiros: a oeste, situavam-se os caingangues; ao sudoeste, situavam-se os tupiniquins; a sudeste, situavam-se os tupinambás e, a leste, situavam-se os puris.
Corria o final do século XVI quando foram ouvidos os primeiros passos dos exploradores europeus. Tudo era novo e desconhecido para esses homens rudes, que rasgavam impiedosamente a Mata Atlântica. Surgia o primeiro caminho ligando o litoral a uma terra rica em ouro e pedras preciosas, hoje chamada Minas Gerais.
No princípio do século XVIII, um pequeno aglomerado de casas, circundado por várias fazendas, deu origem ao Arraial de Barra do Rio Verde. Com a inauguração da Estrada de Ferro Minas e Rio, em 1884, a população começou a crescer. O arraial instalou-se à beira dos rios Verde e Itanhandu, este último dando o nome definitivo ao lugarejo. O lugar era chamado pelos índios de “Itanhandu” (que significa “ema de pedra”) porque o Rio Verde forma no local grandes quantidades de “pedras que correm, ao longo das eras (seixos rolados)”.
O Caminho Velho passava por Itanhandu. Foi usado para escoar o ouro e outras riquezas de Minas para o porto de Paraty, no Rio de Janeiro. Já na primeira metade do século XVIII havia no local um pequeno povoado, cercado por algumas fazendas. Surgiria mais tarde um arraial, denominado Barra do Rio Verde. Foi-se o ouro – cujas minas estavam praticamente exauridas no final do século XVIII, mas o movimento nunca cessou. Mesmo o surgimento do Caminho Novo (passando pelas cidades de Petrópolis, Juiz de Fora e Barbacena) não diminuiu o trânsito. A velha estrada continuava sua história no vai-e-vem dos tropeiros que abasteciam o intenso comércio mineiro.
Em 1923, Itanhandu tornou-se município.
Contextualizado o município, vamos agora entender um pouco do produto que, neste terroir, atingiu níveis de excelência sem precedentes. Estamos falando do QUEIJO, alimento sólido feito a partir da coagulação do leite – em uma primeira etapa, pela acidificação com uma cultura bacteriana e em seguida, empregando uma enzima, a quimosina (coalho ou substitutos) para transformar o leite em coalhada e soro, sendo que a coalhada sólida é então separada do soro líquido e prensada em forma de queijo. Existem muitos tipos diferentes de queijos, que variam em sabor, textura e aroma, dependendo do tipo de leite usado, do processo de produção e do tempo de maturação.
É fato que a gastronomia de Minas Gerais já é consolidada como uma das melhores do mundo, não apenas pelo sabor, mas também por toda a cultura e história que traz agregada. Mas, agora, o queijo artesanal vem sendo colocado, cada vez mais, no mapa da gastronomia mundial. E Itanhandu, numa incrível conjunção de fatores, concentrou em seus domínios todos os tipos de queijo – vaca, búfala, cabra e ovelha – e seus produtores têm avançado em qualidade a cada novo período. São prêmios e mais prêmios, não apenas nacionais, mas ao redor do mundo.
Por conta de tudo isso, resolvi organizar uma expedição pelos caminhos do queijo de Itanhandu, visando entender todo o contexto da produção artesanal desse produto, cuja evidência arqueológica mais antiga foi encontrada no túmulo de Ptahmes, prefeito da antiga cidade de Memphis, há 3200 anos. E, não contente, resolvi que, nesta experiência, seriam duas expedições para testar a rota: uma de carro e a outra de bicicleta. Afinal, os caminhos que ligam as queijarias e pousadas são próximos, facilmente transitáveis com carros comuns (sem a necessidade de 4×4) e bike, com boa acessibilidade, ainda que se passe por estradas de chão.
Após fazer o planejamento dos dois dias de aventura nessa primeira expedição, planilhar os eventos e agendar as visitas, era hora de colocar o pé na estrada. Nas pesquisas que fiz para estabelecer a rota do “CAMINHOS DO QUEIJO“, descobri que passaríamos por uma queijaria localizada no município de Passa Quatro, vizinho de Itanhandu, que possuía um portfólio de queijos autorais bastante interessante e que merecia ser incluída no nosso roteiro.
Antes de iniciarmos nossa jornada, vale acrescentar que Itanhandu possui, agora, o selo ARTE, certamente uma grande conquista. O Governo Federal publicou o Decreto nº 11.099/2022, que regulamenta o selo ARTE e o novo selo Queijo Artesanal. Segundo o site do Ministério da Agricultura e Pecuária, “os selos de identificação Artesanal são certificados que asseguram que os produtos alimentícios de origem animal foram elaborados de forma artesanal, com receita e processo que apresentem características tradicionais, regionais, culturais, vinculação ou valorização territorial. Por intermédio da certificação, assegura-se que os produtos possuem propriedades organoléptica únicas, diferenciadas, sejam produzidos de maneira artesanal própria de determinada região, tradição ou cultura e que adotam procedimentos de Boa Práticas Agropecuárias e de Boas Práticas de Fabricação.“
São dois selos distintos: um só para os produtores do município de Alagoa e outro para outros nove municípios da Serra da Mantiqueira (Aiuruoca, Baependi, Bocaina de Minas, Carvalhos, Itamonte, Liberdade, Itanhandu, Passa Quatro e Pouso Alto). O reconhecimento é uma ferramenta oficial da Secretaria de Agricultura do Estado de Minas Gerais, que assegura que os queijos que foram certificados possuem características que só são possíveis graças ao clima, o leite e principalmente ao manejo – o modo de fazer os queijos dos produtores desses dez municípios.
A partir de agora, conheceremos as queijarias e seus produtos, valendo ressaltar que todas elas já foram premiadas em concursos nacionais e internacionais e possuem grande relevância do cenário queijeiro do país. Você terá, em mãos, um verdadeiro guia para orientar – e, principalmente, incentivar todos vocês – na descoberta desse universo fascinante!
Coloquei todos os contatos das queijarias visitadas. Os endereços, no Waze e similares, funcionam direitinho. Então… Planeje sua viagem, agende sua visita. E curta!
Estrada da Fazenda Velha – Pinheirinhos, Passa Quatro – MG, 37460-000 – Tel.: (035) 99132-8666 – @queijaria_santo_antonio
Nessa nossa primeira parada, fomos recebidos pelo responsável, Joãozinho, que nos contou a história da queijaria. Pelo que ele disse, a casa sede está ali desde o nascimento do município de Passa Quatro, pertencendo a uma das famílias fundadoras. Eles mantém o imóvel tal como era na época, apenas com obras de manutenção, o que dá um clima de rusticidade ao local.
Tudo começou com o saudoso Seu Zé Laura, que, guiado pelas preciosas lições de seu avô, o Senhor João Tito Ribeiro de Carvalho, aprendeu o ofício da produção de queijo duro italiano. O sabor e a receita que aqueceram o foram preservadas na memória, e hoje eles compartilham com vocês esse legado inestimável.
Nas terras altas da majestosa Serra da Mantiqueira, mais precisamente em Passa Quatro, sul de Minas Gerais, está localizada a a Fazenda Velha, onde o manejo extensivo de um rebanho selecionado, que extrai o máximo que a terra pode oferecer, resulta em um leite com uma impressão singular do território.
Mas a magia não para por aí, a flora microbiológica do leite é enriquecida por esses elementos naturais, e é dela que as bactérias que darão vida à fermentação dos queijos é selecionada, conferindo-lhes personalidade e autenticidade únicas.
Desde 2017, a queijaria Santo Antônio decidiu compartilhar o seu tesouro com o mundo, adentrando o mercado de queijos naturais, contemporâneos e maturados. Em suas câmaras de maturação, assumiram um papel coadjuvante, permitindo que o processo evolua naturalmente, trazendo à tona todos os sabores do pasto, do leite cru, das fermentações e dos mofos. Cada maturação é uma expressão viva da nossa história, afeto e da rica cultura da região da Mantiqueira.
Os queijos são verdadeiras obras-primas, confeccionados com leite cru e fermentos da flora selvagem do leite e do ambiente. Essa alquimia culinária confere a cada pedaço de queijo a autenticidade da Serra da Mantiqueira, uma verdadeira celebração de aromas e sabores.
Após visitar os locais de maturação dos queijos, o nosso grupo se reuniu para fazer a degustação dos produtos da Queijaria Santo Antônio, acompanhados da explicação acerca de cada um deles e seguindo uma ordem coerente de sabor.
E assim caminhou a nossa degustação, sempre orientada pelo responsável e seguindo dos queijos mofados para aqueles de casca dura, mais curados. A cada prova, novas nuances de sabor eram descobertas. São, ao todo, seis queijos no portfólio da QUEIJARIA SANTO ANTÔNIO:
VARJÃO
Queijo de massa crua com acréscimo de 4% de creme de leite fermentado. Possui textura cremosa e aveludada. A casca é mofada, com aroma terroso e de cogumelos. Possui massa mole, com sabor amanteigado e amargor que lembra azeitona preta.
AFRODITE
Queijo de massa crua, textura cremosa e aveludada pelo acréscimo de 2% de creme de leite fresco. Possui casca mofada, aroma amendoado e sabor levemente ácido.
SERRA FINA
Queijo de massa crua, recebe a infusão de ipê amarelo, promovendo a seleção bacteriana. Possui sabor lácteo, massa macia e cremosa com presença de amargor e tanino. Apresenta casca mofada, com aroma terroso e de cogumelos.
Todos esses queijos combinam com geleias, mel, cogumelos, castanhas e alho assado. Por serem queijos cremosos, ficam excelentes com pão rústico, torradas e biscoitos amanteigados. Harmonizam com vinho tinto encorpado, com notas de frutas vermelhas e tanino presente e espumantes com leve acidez. Ao serem aquecidos, ganham um sabor levemente doce.
GRANA
No estilo do parmesão, o Grana dos Laura é o queijo que está na família há 3 gerações. Tem uma massa granulosa e com a longa maturação, de 6 a doze meses, ganha uma leve picância. Apresenta sabores frutados, florais e pouca acidez. Combina com frutas secas, figo, uva, maçã e pera, bem como com manjericão, sálvia e salsão. Harmoniza com espumantes, vinho branco ou tinto de taninos presentes, levemente frutados, encorpados e de leve acidez. Tem uso culinário fantástico, pois ao ser derretido ganha leve doçura e intensidade. Pode ser utilizado gratinado ou adicionado a molhos e cremes, risotos, carbonara, ralado na macarronado e em lascas na salada.
GOMEIRAL
Apesar de ser um queijo duro, possui massa pastosa, intensificando os sabores de frutas ácidas, como abacaxi e laranja. Maturação de cinco a seis meses, apresenta leve dulçor e picância no final, sendo rico em umami, mantendo persistência na boca. É um queijo para ser comido aos bocados, acompanhado de espumantes com leve acidez, cerveja ou vinho tinto encorpado. Por ser intenso e persistente, dá personalidade a salada de grãos, massas e risotos. Ao ser aquecido, tem seu dulçor elevado e fica ótimo se adicionado ao sanduíche tostado de pão brioche bem amanteigado.
CAPOEIRA GRANDE
Queijo macio, de quatro meses de maturação, tem massa cozida e prensada, fermentado por uma coalhada natural rica em flora bacteriana. Possui sabor leve e fresco, que lembra iogurte fermentado, apresentando notas doces e leve amargor. É um queijo leve, porém com personalidade. Combina com geleia e frutas em calda ou grelhadas, castanhas cozidas, como pinhão e castanha portuguesa. Harmoniza com vinho branco e tinto frutados, de pouca acidez e nota mineral. Vai bem com sanduíches, saladas e, ao ser aquecido, mantém sua estrutura macia, sendo excelente recheio para pastel e massas.
Depois dali, já estávamos praticamente na hora do almoço. E nada melhor do que experimentar a tradicional culinária mineira e, ainda por cima, conhecer a produção de azeites das variedades Arbequina, Koroneiki e Grapollo, bem como do vinho feito com a uva Syrah. Sim, Itanhandu possui estas pequenas – e saborosas – jóias… Estou falando da POUSADA SERRA QUE CHORA (
@serraquechorapousada), que detalharei no próximo artigo, junto com outras dicas do Caminho, alguns pratos preparados com os queijos da região e um pouco do que vai rolar na expedição de bicicleta.
Como o foco, aqui, é falar especificamente das queijarias espalhadas pelo município e apresentar sua variedade de produtos, vamos prosseguir com nossa expedição. Então, entramos nos carros e partimos para o próximo destino.
Estrada do Matadouro, S/N Sentido Capivari CINQUENTA, Itanhandu – MG, 37464-000 – @queijaria50
O Rancho Beira Rio, localizado no município de Itanhandu, sul de Minas Gerais, é uma pequena propriedade {as margens do Km 50 da antiga Estrada de Ferro, onde o casal mineiro Leandro e Lucileide resolveu recomeçar a vida, após um longo período morando no Rio de Janeiro. Ela, formada em Gastronomia e ele, consultor de Mercado Financeiro, abandonaram a vida agitada do Rio e, após o nascimento do primeiro filho, retornaram para Minas Gerais e deram início a um projeto familiar, com intuido de produzir queijos finos a partir de leite cru. Nascia, então, aos pés da Serra da Mantiqueira, a QUEIJARIA CINQUENTA, que hoje se destaca na produção de queijos finos maturados, com uso de técnicas européias e o toque mineiro de se fazer queijo. Tudo em perfeita sintonia com o “terroir” da região, na produção do leite de vacas da raça Jersey. Produz, atualmente, 4 tipos de queijos, creme de queijo, manteiga e creme de leite fresco.
Na QUEIJARIA CINQUENTA fomos recebidos pelo proprietário Leandro que, gentilmente, nos levou para um passeio enriquecedor pelo local, nos ensinando tudo acerca do processo de fabricação. Foi, sem dúvida, uma experiência muito interessante entender todo o caminho que o leite percorre até transformar-se em queijo. Espetacular!
A QUEIJARIA CINQENTA apresenta um portfólio de quatro queijos, manteiga e o delicioso Creme de Queijo, que é uma fusão de queijos frescos, maturados e creme de leite para dar o ponto no tacho. A história dele, aliás, é bastante pitoresca. Conta o Leandro que, no início, os queijos não tinham um padrão e, aqueles que diferiam muito, eram misturados ao creme de leite e ao sal fundente, até virar um creme. Fez tanto sucesso que, após esgotada aquela leva de queijos não padronizados, hoje produzem a partir de lindas e perfeitas peças, tornando-se parte integrante da família de produtos oferecidos pela queijaria.
Vamos, agora, detalhar os produtos da QUEIJARIA CINQUENTA. O grupo experimentou todos eles e, posso afirmar, a opinião acerca da qualidade foi unânime. Esses são os queijos produzidos:
ESTAÇÃO
Queijo duro, de massa cozida, inspirado nos parmesões e granas italianos. É maturado em uma sala subterrânea especial (caverna), com controle de temperatura e umidade, agregando características únicas ao queijo. Suas olhaduras conferem, no paladar, um sabor adocicado no início e uma leve picância ao final.
BRISA
Queijo autoral, desenvolvido na própria queijaria. Tem massa semi cozida, muito parecida com o Minas padrão, porém feito com leite cru. Recebe uma solução com fungo branco (penicillium candidum) em sua casca e vai para uma câmara de maturação com umidade e temperatura controladas, permanecendo lá por 20 dias, até atingir uma fina camada do fungo aveludando sua casca e deixando a textura do queijo mais amanteigada.
GEADA
Queijo inspirado no francês Camembert, feito com leite cru de gado predominantemente da raça Jersey. Tem massa crua com adição de fungo branco (penicillium candidum) no seu preparo e é maturado por 20 dias em câmara fria, com umidade e temperatura controlados.
SERENO
É o “queijinho de todo dia”. Queijo Minas Artesanal / colonial, feito com leite cru, de massa semi cozida, casca amarelada, curado na tábua de madeira por 14 dias.
No dia seguinte, após o maravilhoso (e insuperável) café da manhã que o pessoal degustou na POUSADA BONANI (
@pousada_bonani) – da qual também falaremos no próximo artigo – partimos para conhecer uma queijaria que se utiliza com excelência do leite de cabra.
Estr. do Pedregulho – Pedregulho, Itanhandu – MG, 37464-000 – Tel.: (35) 99184-6504 – @queijosdicapre
Essa é, realmente, uma história que emociona e que inspira. O casal Iracema e Júlio, depois de muitas dificuldades causadas pela pandemia e que quase culminaram com a venda das cabras, reverteram o panorama de uma forma incrível e, hoje, possuem queijos premiados e de altíssima qualidade.
É interessante ressaltar que eles seguem um manejo que respeita o ciclo reprodutivo natural dos animais, garantindo a saúde do rebanho, as melhores condições de trabalho dos manejadores e a máxima qualidade do leite produzido.
Após mostrar os animais e o local onde é feita a ordenha, com muita simpatia, os queijos foram servidos, sempre acompanhados da explicação completa acerca dos métodos de produção, das características sensoriais que deveriam ser encontradas, das inúmeras premiações, que só brindam um trabalho primoroso.
Tipo BOURSIN
possui sabor suave, amanteigado, textura cremosa e levemente ácido. Ideal para aperitivo, pães, torradas, saladas, molhos e pizzas.
Tipo FETA
O famoso queijo grego! Possui sabor levemente ácido e salgado, com textura dura e quebradiça. Ideal para saladas.
Em breve, faço aqui com vocês a famosa Salada Grega, passo a passo…
Tipo CABRA COM ZAATAR. PÁPRICA ou CHIMICHURRI
De sabor levemente salgado e textura firme, é ideal para bruschettas, massas e risotos.
Tipo CAPRINO ROMANO
Queijo de massa dura, cozida e prensada, de maturação lenta, salgado, com notas adocicadas e picantes, apresentando textura dura e quebradiça, sendo ideal para massas, saladas, sopas e risotos.
Tipo BUCHETTE
Apresenta sabor levemente salgado e textura cremosa. Ideal para se utilizado como aperitivo, em molhos, pizzas e bruschettas.
Tipo CAMEMBERT
É um queijo mole, de textura macia, suave e cremosa, cor amarelo palha e com casca recoberta por mofos brancos e, por vezes, amarelados. Possui sabor suave, amanteigado e de creme, muito aromático e frutado.
Tipo UBRIACO ROSSO
Queijo de massa firme, sabor levemente ácido e maturado no vinho, com aroma forte e notas que remete a frutas.
Tipo FRESCO
Queijo de coagulação enzimática, massa mole e branca, sabor suave, leve acidez e levemente salgado
Tipo MEIA CURA
É um queijo de massa semi cozida, levemente salgado, textura macia e maturação de 21 dias. pode ser consumido como aperitivo, lanches, pizza, é muito usado no dia a dia.
Tipo DUO LATTE
Blend de leite de cabra e leite de vaca, de massa dura, cozida e prensada, com maturação mínima de 4 meses.
DOCE DE LEITE
Doce feito com 100% de leite de cabra, cremoso e muito leve, por ter uma quantidade menor de açúcar.
Depois de sermos apresentados aos animais e obter informações acerca do processo de produção dos queijos, fomos para a melhor parte. Júlio foi mostrando, um a um, todos os produtos que ele fabrica. E são, realmente, incríveis!!!
São muitos os prêmios recebidos. Só pra dar exemplo:
Mundial do Queijo do Brasil 2022
VI Prêmio Queijo Brasil 2023: ouro, prata e bronze
Concurso Internacional de Queijo Artesanal – ExpoQueijo – Brasil 2023: ouro e bronze
Finalizada a visita, partimos para nosso novo destino. E esse é bastante curioso, na medida em que, por aqui, não estamos tão familiarizados com esses animais gigantescos, mas que, pelo jeito, são extremamente dóceis. Sabemos que o principal centro de produção bubalina no país é o Arquipélago do Marajó. E foi interessante conhecer a história da PÉROLA DA SERRA, nascida em 2014, quando foi iniciada a criação dos animais com o objetivo de trazer a produção do queijo de búfala totalmente artesanal para Minas Gerais, num projeto familiar de grande sucesso. Capitaneados por Carlos Cunha e Adriana, o laticínio, localizado no bairro Jardim em Itanhandu, é especializado em lácteos de leite de búfalas, desafiou a lógica e a tradição de uma das mais importantes bacias leiteiras e berço do gado holandês no Estado de Minas Gerais.
Estrada do Jardim, s/n – Jardim, Itanhandu – MG, 37464-000 – Tel.: (35) 99909-1589 – @peroladaserrabufala
Parecia até combinado mas, na hora que chegamos para a visita, um longo cortejo de animais estava se aproximando. Uma longa fila, caminhando lentamente em direção a um banho refrescante. O tempo estava ensolarado, fazia calor e o bubalino é muito mais sensível que o bovino à radiação solar direta e ambientes com altas temperatura, já que possuem uma epiderme mais grossa e usualmente escura, com menor número de glândulas sudoríparas, o que implica em maior dificuldade de dissipar calor através da sudorese.
Dali, iniciamos sob a batuta do Carlos, um tour guiado pelo laticínio. A forma apaixonada como explicava cada processo da fabricação demonstra o quão impregnado de amor pelo que se faz estão os queijos produzidos! E, certamente por isso, o reconhecimento da qualidade se torna palpável nas inúmeras premiações com que foram agraciados.
Vale lembrar que o leite de búfala em comparação ao leite de vaca possui 35% MENOS colesterol, é fonte de vitaminas A, B2, C e D (melhora a imunidade). Alto teor de CLA, 45% MAIS cálcio (que ajuda no fortalecimento dos ossos), +15% proteínas. +65% ferro (que melhora a articulação e a pressão arterial, pois age como vasodilatador), além de rico em minerais, apresenta beta-caseína A2, que apresenta ótima digestibilidade. A maior vantagem do leite bubalino, em relação ao leite de vaca é a qualidade nutricional.
A visita ao silo centenário foi outro ponto alto da visita. Ele foi transformado numa cave de maturação, em que repousam os queijos Pedra da Mina e os meia cura – e eventuais experiências para novas criações.
Depois, como bons anfitriões mineiros, fomos convidados para tomar um cafezinho e experimentar os produtos do laticínio. De antemão adianto que experimentar o leite de búfala é uma sensação única, pois é bem diferente daquilo a que estamos acostumados. Tem um gostinho de leite de coco…
QUEIJO PEDRA DA MINA (tipo parmesão)
Feito com leite 100% de búfala, de maneira artesanal sua maturação é feita dentro de um silo da antiga fazenda com mais de 100 anos de fabricação em no mínimo 90 dias. Os queijos ficam em temperatura de 17° em uma umidade acima de 85% de forma natural. No local contamos com mofos que garantem o sabor marcante e a textura firme do queijo.
BOLINHA de MUÇARELA
Nós temos o orgulho de dizer que nossa Mozzarella de Búfala Bolinha foi premiada com a medalha de ouro no 1º Concurso de Derivados de Leite de Búfala, em Belém, no ano de 2018 e medalha de bronze no ExpoQueijo Brasil, no anos de 2021
BARRA de MUÇARELA
Com uma textura úmida e macia e um sabor marcante, a nossa mozzarella em barra é a pedida certa. Feita artesanalmente com 100% de leite de búfala, ela fica perfeita em sanduíches e derretidos nas pizzas ou você pode se deliciar com apenas uma fatia. Acompanha muito bem saladas, podendo ser colocadas em tiras, cortadas em cubinhos e temperadas com ervas, pimenta e um toque de azeite. Ou você pode se deliciar apenas com ela fatiada.
MANTA de MUÇARELA / MANTA de MUÇARELA RECHEADA COM TOMATE SECO
Macia, saborosa e com textura delicada. Perfeita para uso culinário ou tábuas de frios. Feita artesanalmente e com leite de 100% de búfala, a manta tem uma espessura fina para trazer mais versatilidade na hora do preparo.
PALITO de MUÇARELA
TRANÇA TRADICIONAL / TRANÇA TEMPERADA COM AZEITE E ORÉGANO
Moldada a mão, essa técnica cria fibras em seu corpo, dando uma maior suculência e maciez no queijo. Feita de maneira artesanal, a nossa trança fica com a textura cremosa e um sabor que preenche o paladar. Seu formato garante ser a estrela de qualquer tábua de frios.
QUEIJO MEIA CURA
Maturado por 3 meses em um silo centenário (cave de maturação subterrânea). Uma verdadeira explosão de sabores, harmoniza muito bem com vinhos e cervejas artesanais.
FLOR DE LEITE
Feita de forma artesanal e 100% de leite de búfala, a flor de leite são pequenas bolinhas de mozzarella. São feitas de forma delicada para criar um sabor suave e uma textura bem macia, que preenche todo o paladar. Fica uma delícia temperada com azeite e manjericão, acompanhada de uma bela fatia de pão italiano. Combina muito bem também em entradas, como tábuas de frios ou dando uma textura cremosa em saladas. A flor de leite foi a grande campeã no Expoqueijo Brasil 2021, levando a medalha de ouro e o reconhecimento internacional.
BURRATA
Em 201, a Burrata ganhou medalha de prata no II Concurso Nacional de Queijo de Búfala. Feito 100% artesanalmente, a burrata tem uma origem italiana e uma textura única e macia. Por fora, ela parece um queijo fresco, mas por dentro é toda cremoso e amanteigado. O sabor marcante da burrata se espalha pelo paladar e combina perfeitamente com vinhos e receitas clássicas, desde italianas até do mediterrâneo. Se você quer uma combinação simples e perfeita, basta temperar uma de nossas burratas com um pouco de sal, azeite extra virgem e manjericão. Depois, basta servir com um mix de folhas verdes regadas no azeite, tomate cereja e um bom pão italiano tostado.
REQUEIJÃO DE CORTE
CEREJINHA
Feita de muçarela de búfala em bolinhas bem cremosa de 10g é uma novidade irresistível. Com embalagens de 250g ou 1,5kg é perfeita para decorar pratos, saladas e ideal para restaurantes e self service.
DOCE DE LEITE
Feito de leite de búfala, com baixa adição de açúcar, proporcionando um sabor agradável, leve, suave e de textura cremosa.
MANTEIGA DE BÚFALA
Mais saborosa, cremosa e saudável. Não possui corantes. Feita de forma artesanal e com muito carinho .
Premiações:
2023 – Burrata – Medalha de OURO no Concurso Internacional de Araxá/MG.
2023 – Olaria – Medalha de OURO no Concurso Internacional de Araxá/MG.
2023 – Pedra da Mina – Medalha de PRATA no VI Prêmio Queijo Brasil em Blumenau/SC.
2023 – Barra de Mussarela – Medalha de OURO no Prêmio Queijo Brasil em Blumenau/SC.
2023 – Pedra Branca – Medalha de OURO no VI Prêmio Queijo Brasil em Blumenau/SC.
2023 – Meia Cura – Medalha de OURO no VI Prêmio Queijo Brasil em Blumenau/SC.
2022 – Pedra da Mina – Medalha de BRONZE no Mundial de Queijos em São Paulo/SP.
2021 – Bolinha de Mussarela – Medalha de BRONZE no Concurso Internacional de Araxá/MG.
2021 – Pedra da Mina – Medalha de OURO no Concurso Internacional de Araxá/MG.
2021 – Flor de Leite – Medalha de OURO no Concurso Internacional de Araxá/MG.
2019 – Pedra da Mina – Medalha de OURO na Ilha de Marajó/PA.
2019 – Burrata – Medalha de BRONZE na Ilha de Marajó/PA.
2018 – Bolinha de Mussarela – Medalha de OURO em Belém do Pará/PA.
Por último, demos uma parada no Empório ALMEIDA GUIMARÃES, que fica próximo a um dos acessos de Itanhandu. Não deixem de visitar. Além dos queijos de produção própria, encontramos diversos outros produtos, de selo próprio ou de parceiros, como cachaças, pastas de trutas, cervejas artesanais etc.
Da união entre Adriana Almeida e Luiz Antônio Guimarães nasceu a Almeida Guimarães Queijos Artesanais, em 2014. A queijaria, que era um projeto em comum do casal, virou realidade na Serra da Mantiqueira e foi uma das ganhadoras do Prêmio CNA Brasil Artesanal Queijos 2022 na categoria ‘Aromatizados’. A produção, que começou pequena no sítio da família no município de Itanhandu (MG) seguindo uma receita ancestral, cresceu e virou uma marca conhecida e premiada na região.
No portfólio da ALMEIDA GUIMARÃES, encontram-se variações do queijo Mantiqueira de Minas. Aqui, vale um adendo para explicar que, segundo estudos realizados pela EMATER/MG, a origem do queijo Matiqueira de Minas se deu “a partir da mudança de um casal de imigrantes italianos, Luiza Altomare Poppa e Pascoal Poppa, para Alagoa em 1920. Após fixarem residência, Pascoal vislumbrou a possibilidade de produzir uma iguaria típica de sua cidade natal Parma: o queijo parmesão. A vontade, segundo a história, nasceu da percepção das semelhanças climáticas da região da Mantiqueira com a sua terra natal. Iniciou-se, então, a produção do famoso queijo italiano. Ao longo dos anos, os municípios da Serra da Mantiqueira incorporaram a tradição da fabricação do queijo em suas pequenas propriedades rurais. As tecnologias foram modificadas, adquirindo características locais. Desta forma, a atividade foi sendo passada de geração a geração até os dias atuais.“
TRADICIONAL: Queijo Mantiqueira de Minas, com base na receita histórica dos imigrantes italianos que trouxeram da região de Parma na Itália, passada há décadas entre gerações.
TRADICIONAL DEFUMADO: é um queijo que após produção passa pelo processo de defumação, proporcionando um sabor único e marcante. Produzido a partir do leite cru selecionado, acentuando suas características, massa cortada a 3 mm proporcionando um melhor cozimento, e sendo adicionado o pingo ou isca retirada do soro no dia anterior, mantendo assim a suavidade e sabor.
PIMENTA: enriquecidos com pimenta calabresa desidratada, cujo sabor inconfundível, na medida certa, não rouba o sabor do queijo.
AZEITADO: Queijo marinado no azeite importado de alta qualidade, com pH baixo, equilíbrio entre suavidade e sabor, levemente adocicado e muito saboroso.
MANJERICÃO: Receita tradicional, contando com o acréscimo de manjericão desidratado na massa.
CACHACEIRO: É um queijo produzido na região Terras Altas da Mantiqueira a partir da receita histórica dos imigrantes italianos que trouxeram da região de Parma na Itália conhecidos no Brasil como parmesão) e que é marinado na pura cachaça mineira.
HORTELÃ DEFUMADO: Trata-se de um queijo saboroso e marcante, produzido a partir de leite cru, que parte da receita tradicional, leva hortelâ e, posteriormente, passa pelo processo de defumação.
ALECRIM: Receitra tradicional, com utilização de alecrim desidratado na camada externa do queijo.
ROSSO: É um queijo termofílico de consistência firme e uniforme, com sabor levemente picante, devido ao estímulo da enzima lipase, que proporciona o ardidinho leve característico do Mantiqueira de Minas. O tratamento superficial aplicado ao queijo com verniz hidrossolúvel derivado do carmim de colchonilha, proporciona a tonalidade vermelha característica.
CAPA PRETA: Esse Mantiqueira de Minas foi medalha de Prata em 2021 na Expoqueijo Brasil e Medalha de Prata na Expoworldcheese 2021. Apresenta superfície firme e espessa devido ao processo de maturação. Elaborado com leite cru, fermentado com Pingo do dia anterior e marinado em Salmoura antes de ser “ pintado” com polímero negro. O copolímero de vinil acetato usado é de origem holandesa, comestível, a base de algas e Indicado para uso como recobrimento protetor de queijos.
ÁUREO: é um queijo termofílico de consistência macia, com sabor amendoado.
MACCHIATO: Receita tradicional, acrescida de grãos de café torrado.
CAPRINO CABRA: Receita tradicional, utilizando-se de leite de cabra
PECORINO MINEIRO: Receita tradicional, a partir de leite de ovelha pasteurizado (agora não tem mais desculpa pra não fazer o Carbonara que eu já ensinei aqui no ARTECULT…)
PANELA DE QUEIJO: Receita tradicional.
Esses, também, são queijos premiados, de altíssima qualidade. Experimentem todos e me digam se não tenho razão…
Ah, e se vale a dica, aproveitem pra tomar um delicioso café mineiro, feito na lenha, acompanhado de maravilhoso pão de queijo recheado…
E essa foi a nossa Expedição CAMINHOS DO QUEIJO. Infelizmente, não consegui visitar a Fazenda BONSUCESSO (@fazenda_bomsucesso), que produz queijos absolutamente incríveis, como o Maria Fumaça. Quem sabe de uma próxima vez?
No final de abril estarei retornando com outro grupo, agora de bike, para refazer o trajeto. Espero que esse artigo funcione como um incentivo àqueles que desejam conhecer esse universo fantástico do QUEIJO. A viagem vale (muito!) a pena, as distâncias não são grandes e, de quebra, abre-se a possibilidade de conhecer uma infinidades de novos sabores e – principalmente! – possibilidades gastronômicas. O fato de se ter todos os tipos concentrados numa só região, de um terroir sem igual, facilita esse contato com a cultura queijeira e a diversidade dos modos de produção, agora garantidos pelo selo ARTE.
Se tiverem alguma dúvida ou desejarem algum esclarecimento, é só entrar em contato. E deixem aqui, nos comentários, se deu vontade de conhecer esse tesouro do nosso país…
Até o próximo artigo, pessoal, com mais dicas pra que sua experiência pelos Caminhos do Queijo seja, também, inesquecível!
DEL SCHIMMELPFENG
@del.schimmelpfeng
Circuito maravilhoso! Recomendo demais a experiência! Diversão, natureza, produtos de excelente qualidade e atendimento sensacional em todos os lugares.
Del está de parabéns na descrição e excelentes dicas! Uma experiência única!
Fazer essa rota de queijos é certamente inesquecível. Há muito tempo queria visitar as queijarias que via enquanto eu pedalava nessa região.
Essas dicas e explicações do Del são excelentes para compreensão da divesidade e de como os produtores alcançaram a qualidade dos lacticínios da região.
Fiz o percurso de bicicleta e a cada local que eu chegava, encontrava receptividade e excelentes produtos.