Estreia exclusiva acontece no dia 30 de junho no Kinoplex São Luiz, no Largo do Machado (RJ)
Um filme brasileiro diferente de tudo o que se viu até agora. Assim pode ser definido We, Brothers, primeiro trabalho da diretora e roteirista Renata Jones, que estreia em sessão exclusiva para convidados no próximo dia 30 de junho, no Kinoplex São Luiz, no Rio de Janeiro. E o ArteCult estará lá!

Cena de “We, Brothers”. Foto: Divulgação.
Gravado inteiramente em inglês, o curta-metragem tem apenas 30 minutos, mas mergulha o espectador em um universo intenso e estilizado, misturando elementos de noir clássico, máfia, suspense, drama e crime, com uma estética cinematográfica marcante: preto e branco, figurinos originais da década de 1940 e um cuidado minucioso com a ambientação e o sotaque da época — estudado profundamente pelos atores.
Apesar de ambientado na Chicago da década de 40, toda a produção foi realizada em território nacional. A locação principal é uma casa histórica dos anos 30, localizada no bairro da Urca, no Rio de Janeiro — bem próxima à casa usada no filme vencedor do Oscar “Ainda Estou Aqui”.

Cena de “We, Brothers”. Foto: Divulgação.
A trama acompanha Antonio e Pete, dois antigos mafiosos que se consideram irmãos. Eles se reencontram em um esconderijo para discutir um novo trabalho, mas a conversa toma rumos sombrios à medida que relembram crimes do passado. A tensão cresce, revelando ressentimentos, rivalidades e uma atmosfera de desconfiança, até que um deles percebe que há algo muito errado.
Com roteiro e direção assinados por Renata Jones, membro da Academia Brasileira de Cinema, o filme representa sua estreia na direção. Renata, que também assina a produção, é uma apaixonada pela sétima arte e vem se destacando por sua abordagem original e cuidadosa com o cinema de autor. Além de We, Brothers, seu portfólio inclui o curta The Outsider, e ela já prepara seus próximos projetos: Harriet e Memórias.
“Quando comecei a escrever We, Brothers, eu não tinha a intenção de fazer um filme noir. A história começou de forma mais crua, mais emocional, e eu estava interessada nos vínculos familiares, na tensão entre amor e poder. Conforme o roteiro foi se desenrolando, eu percebi que pedia uma atmosfera noir. Não de forma estética apenas, mas estrutural mesmo. Era um filme de máfia. Era sobre códigos de honra, lealdade e traições silenciosas. Dirigir esse filme foi me reconectar com esse universo que sempre me encantou, mas também trazer algo muito pessoal, muito meu” – revela a diretora e roteirista Renata Jones. “Meu desejo é que o público sinta isso. Que o filme toque por baixo da superfície do gênero. Que seja elegante e duro, mas também sensível. Acredito que We, Brothers tem uma personalidade própria. Ele não tenta agradar ninguém, mas convida o espectador a entrar num pacto de atenção, de escuta, de mergulho” – completa.
We, Brothers foi inscrito em importantes festivais internacionais, incluindo o Tribeca Film Festival, Sundance e Berlinale, e é mais um exemplo do potencial criativo do cinema brasileiro em dialogar com narrativas universais de maneira única e ousada. Em breve, a obra vai estar disponível nas principais plataformas de streaming.
Confira abaixo a entrevista com a diretora!
Entrevista com Renata Jones – Diretora de We, Brothers
1. Renata, por que você escolheu recriar uma Chicago dos anos 1940 num curta brasileiro — em inglês — ao invés de ambientar em uma realidade nacional?
Como essa escolha fortalece a atmosfera noir e a narrativa que você desejava transmitir?
Renata Jones durante as filmagens. Fotos: Divulgação
Eu gosto de fazer coisas diferentes e propostas criativas. Eu acredito que o cinema brasileiro não tenha só uma frente, uma vertente do que a gente, na maioria das vezes, mostra para o mundo. O cinema brasileiro é plural. Criar uma Chicago de 1942, um ambiente que está numa época diferente, num contexto de uma época diferente, num lugar diferente, com uma língua diferente é uma coisa muito difícil. Isso mostra a capacidade do brasileiro. Nós, uma equipe brasileira, conseguimos criar isso. Isso mostra para o mundo a diversidade do nosso cinema. Aqui podemos produzir vários tipos de filme.
2. O noir clássico tem uma estética muito específica: luz, sombra e ambientação urbana. Como você e sua equipe conseguiram recriar esse clima de forma autêntica, dentro das limitações de um curta nacional? Fale um pouco sobre pesquisa, design de produção e locações.
Para criar um filme noir, ele não só necessariamente precisa da estética, que são as luzes e sombras, mas toda a história do filme pede essa estética, porque a fotografia transmite o sentimento dos personagens. Então, é aquele clima sempre de uma ameaça, ou de que tem algo acontecendo que a gente não está vendo, mas que a gente sente. O filme noir passa essa sensação de perigo. Então, a gente conseguiu uma casa que foi construída nos anos 30, mas tivemos que modificar algumas coisas. Foi uma pesquisa, um estudo para ver o que a gente podia utilizar. Além disso, acrescentar artigos dos anos 40 e remetente também a Chicago. Também houve uma vasta pesquisa de figurinos. A gente teve que estudar as cores, quais cores a gente poderia fazer os figurinos para poder imprimir bem num preto e branco. Então a gente teve um estudo todo de cena, inclusive um estudo de filmes da época também.
3. Gravar em inglês é uma decisão ousada para o mercado brasileiro. Como isso afetou o processo do elenco, a direção de atores e a dinâmica em set? E você vê esse formato como uma ponte para festivais internacionais?
Renata Jones durante as filmagens. Fotos: Divulgação
Fazer um filme em inglês é uma coisa maravilhosa! Um filme em outra língua. Mas os atores, eles tiveram que estudar muito. Principalmente as atrizes, elas tiveram que estudar o inglês transatlântico da época. Então, o que elas falam no filme é bem o inglês que as atrizes hollywoodianas falavam nos filmes. Elas estudaram. E alguns atores não falavam inglês, então eles tiveram que aprender pra poder atuar, tudo isso num curto espaço de tempo. E o resultado ficou maravilhoso! O que na verdade pode ser um desafio, à primeira vista, se tornou uma coisa incrível. A decisão de fazer o filme em inglês teve duas motivações: uma é que, como a gente retrata Chicago de 42, óbvio que a gente teria que fazer o filme em inglês, não teria como não fazer se a gente está retratando o local, que é Chicago, não seria factível fazer em português. E a segunda é o meu foco é internacional, tanto que a gente escolheu esse tema – retratar a máfia de Chicago dessa época – justamente com esse foco internacional. E para mostrar ao mundo que nós conseguimos fazer um cinema variado aqui.
4. Quais foram os maiores desafios logísticos, técnicos ou criativos na produção de We Brothers — especialmente em termos de figurinos, cenografia e som — para evocar com precisão o período dos anos 40?
Foram vários desafios, porque a gente teve que achar uma casa que fosse realmente antiga e que, por mais que ela tenha sofrido modificações estruturais, modernas, a gente teve que lidar com isso e disfarçar certas coisas. Tivemos que tirar tomadas e coisas modernas para que não aparecesse no filme. A gente tirou tanto no dia da gravação, prático, quanto VFX, efeitos visuais. Tivemos que tirar para que não aparecesse coisas modernas. E tivemos desafio também dos figurinos. Não só em relação aos modelos das roupas, mas cores também, tivemos que adaptar. Tinham figurinos prontos da década de 40 que funcionaram bem no vídeo, mas tinham outros lindos da década de 40 que, por conta da cor, não ficaram bons no preto e branco. Infelizmente a gente teve que deixar de lado. É uma pena, mas é tudo a favor do filme. Sempre tem dificuldades quando a gente retrata um período que não é o nosso, ainda mais um período que não é da nossa história, é uma história de um outro país, mas acho que a gente conseguiu entregar uma coisa bem verdadeira e autêntica.
5. No curta, os protagonistas carregam tensão, segredos, dilemas. O que você espera que o público sinta ao acompanhar essa jornada? Há algum elemento simbólico ou moral subjacente que você gostaria que ficasse com o espectador?
Renata Jones durante as filmagens. Fotos: Divulgação
Eu foquei muito nos personagens durante o filme. Eu acho que quem carrega o filme são os personagens e os dilemas que eles enfrentam. Eu acredito que o filme surpreende porque – sem dar spoiler do que acontece no final – você não espera que os personagens tomem certas decisões, porque eles se mostram de uma forma que, na verdade, é uma máscara pois eles sentem outra coisa por trás, e que, no fundo e no fim, eles seguem o coração, eles seguem o que sentem. Então, eu gosto de ver e fazer essas coisas que retratam o ser humano. O ser humano é muito complexo. Uma hora quer uma coisa, outra hora quer outra, ele muda de opinião, ele tem várias camadas dentro dele e ele surpreende. Uma pessoa que diz que ama a outra a vida toda, no final às vezes abandona e a gente descobre que não ama, e o oposto também, uma pessoa que briga com a outra o tempo todo e que no final dá a vida por ela, então o filme tem disso, e eu gosto muito dessa reviravolta.
6. We Brothers traz um retrato estilizado de tempos passados. Há alguma intenção de diálogo com o presente — político, social ou cultural — ou foi simplesmente uma homenagem ao gênero noir? Se sim, o que você gostaria que as pessoas refletissem após assistirem ao filme?
Eu acho que o filme Noir parece uma coisa antiga, é uma homenagem, mas ele traz coisas muito atuais e que não mudam o sentimento das pessoas. Não importa se é um mafioso da década de 40, não importa se é uma outra época, se é um outro país. As pessoas sentem, eu acho que é isso que fica, o sentimento, o filme transmite isso. E as pessoas têm sentimentos parecidos, então a mesma criança que sente no século passado, sente nesse século. O mesmo amor que se sentia 200 anos atrás, se sente hoje em dia. Então, é interessante ver que diferentes épocas, diferentes costumes, as pessoas pensam e sentem parecido. O filme é atemporal, porque ele poderia muito bem acontecer hoje, se a gente eliminasse Chicago de 40, eliminasse os gangsters e botasse uma rivalidade entre irmãos, eu acho que daria tranquilo, passaria tranquilo, porque são seres humanos ali ainda, então eu gosto disso.
Eu acho que as pessoas, depois que assistirem We Brothers, elas vão ficar pensando ali na história sobre o que aconteceu, porque aconteceu, vão querer assistir novamente para poder captar tudo que estava ali na frente delas, e elas talvez não tenham visto. E é isso, eu acho que além de ser um filme entretenimento, eu acho que fica também ali a expressão das pessoas, o sentimento humano.
WE, BROTHERS
ELENCO: Pedro Wagner, Paulo Pagliossa, Mickael Kornblum, Gabby Ballhausen, Pietra Cezimbra, Victor Grimoni, Felipe Bandeira e Orlando Rodrigues
ROTEIRO E DIREÇÃO: Renata Jones
PRODUÇÃO: Lighthouse, Striker Produções, Brian Monteiro e Gabby Ballhausen
PRODUÇÃO EXECUTIVA: Carlos Gaspar, Philip Leander e Renata Jones
FOTOGRAFIA: Daniel Marques e Tulia Radaelli
FIGURINO: Anna Limazzi e Carol Blanco
DIREÇÃO DE ARTE: Natã Lopes
SOM: Luiz Henrique Campos
TRILHA SONORA ORIGINAL: Pablo Greg, Evandro Dorner, Enrico Stornelli e Vinicius Longato
ArteCult – @CinemaeCompanhia
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