Visitando o GASTRONOMIA SEM FRONTEIRAS: uma incrível viagem por sabores e culturas

 

Depois de passar todas as informações relevantes sobre o evento GASTRONOMIA SEM FRONTEIRAS (@gastronomiasemfronteiras) no artigo anterior, chegou a hora de conferir se toda a expectativa criada realmente corresponderia à realidade e, para isso, fui fazer uma visitinha ao rooftop do shopping Fashion Mall, que fica ali em São Conrado. Essa é a terceira edição e, confesso – mea culpa, mea maxima culpa – não fiquei sabendo das anteriores. Portanto, para mim, seria um debut, e toda a iniciação traz uma certa ansiedade, não é mesmo?

A começar pelo local. Tentei puxar na memória e não me lembrei da última vez – ou mesmo se houve uma vez! – em que estive no Shopping Fashion Mall. E a palavra rooftop, que está na moda, me deu ainda mais curiosidade.

Logo que cheguei, a impressão foi a melhor possível. O espaço, realmente, ficou muito legal, bem distribuído, como dá pra ver na planta do evento.

Cheguei numa hora de sol forte, que embelezava ainda mais o lugar.  Embora a maioria das mesinhas estivesse sob a incidência dele, não atrapalhou em nada minha experiência. Dei uma primeira volta pelo local, identificando as áreas dos restaurantes, do palco, do auditório SENAC. Fiz minha programação mental sobre o que iria experimentar – certamente não conseguiria mostrar tudo, pois estava sozinho e, ainda que eu coma bastante – e goste! – seria inviável, tendo em vista a grande variedade de opções – todos os itens disponibilizados, como disse, podem ser consultados no artigo anterior. Mas queria mostrar o máximo, inclusive assistir uma das palestras incluídas na programação.

Dentre todas as opções disponíveis, surgiu a dúvida sobre por onde começar. Aí, o meu sobrenome falou um pouquinho mais alto e iniciei essa minha pequena aventura gastronômica pelos sabores da Alemanha, trazidos pela ADEGA DO PIMENTA (@adegadopimenta), restaurante que foi criado em 1984 por um alemão chamado Rolf Pfeffer, que traduziu seu sobrenome achando que os brasileiros não conseguiriam pronunciá-lo. Como todos os demais participantes do evento, o cardápio apresentava diversas itens, com diversos preços. Optei pelo Currywurst com chucrute.

Depois, logo ali ao lado, mudei da cultura ocidental pra oriental e, num piscar d´olhos, já tinha feito minha segunda opção do dia, mergulhando nos sabores do Japão da JAPPA DA QUITANDA (@jappadaquitanda) – o P em dose dupla é uma referência ao nome dos sócios-proprietários Patrick Szklarz e Patrick Stern – que oferece culinária japonesa contemporânea e descomplicada. Escolhi um Coral Tataki, que veio numa bela apresentação. Para quem não sabe, “Tataki (em japonês: たたき, lit. “golpeado”, “despedaçado”), também chamado de tosa-mi, é uma maneira de preparar o peixe ou a carne na culinária japonesa. A carne ou peixe é selado, grelhado muito levemente, sobre uma chapa quente ou direto no fogo, ficando tostado por fora e cru por dentro“.

Espalhados pela área, era possível encontrar pequenos stands de bebidas, sejam aquelas tradicionais, como refrigerantes e cervejas, como aquelas exclusivas, de drinks com Aperol e gim, por exemplo, e o Bar Whisky. Portanto, tinha opções para todos os gostos!

Antes de ir para o auditório do SENAC para a primeira das diversas palestras agendadas, ainda tive tempo de dar uma paradinha nos sabores asiáticos do SI-CHOU (@restaurantesichou), dos chefs Elia Schramm e Menandro Rodrigues. Si-Chou quer dizer “seda” e esse é o ponto de partida do restaurante: revisitar a Rota da Seda feita por Marco Polo, passando por países como Japão, China, Corea, Vietnã e Tailândia. Pedi um frango frito à moda coreana, carinhosamente chamado de KFC.

Estava na hora da primeira palestra do dia. Corri para o Auditório SENAC para assistir a divertida aula da professora PRISCILA SOARES (@yaresoares) acerca de releituras com a cachaça de Paraty.

Já com minha pulseirinha, perfeitamente identificado e cadastrado, entrei no auditório, ansioso para saber mais sobre o tema da palestra – já que, ao fazer a Estrada Real, finalizei o Caminho Velho em Paraty, tendo experimentado algumas cachaças por lá.

Foi muito interessante saber que temos, sim, Denominação de Origem para cachaças, assim como temos para queijos e vinhos. Primeiro, vale dizer que a Indicação Geográfica é dividida em Indicação de Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO). A primeira está associada principalmente a fatores culturais, históricos e humanos, que incluem a técnica e o saber fazer do produtor, enquanto o segundo está diretamente ligada à ideia do terroir, em que elementos do meio geográfico influenciam nas qualidades ou características do produto ou serviço.

Para cachaça, somente três regiões produtoras são reconhecidas como IP: Paraty (RJ), Salinas (MG) e Abaíra (BA). Paraty, inclusive, foi a primeira região a conseguir a certificação de Indicação Geográfica em 2007. A pedido da Associação dos Produtores e Amigos da Cachaça Artesanal de Paraty (Apacap), o INPI concedeu alteração no registro da aguardente de cana que até então, era registrada como Indicação de Procedência (IP), tornando-se o primeiro destilado brasileiro com Denominação de Origem.

De um jeito leve e extremamente divertido, Priscila nos falou sobre esse marco e nos mostrou as diferenças entre cachaça e licor, preparando um coquetel delicioso, utilizando-se de cachaça, Cointreau, açúcar mascavo e uma pedrinha de rapadura…

Finalizada a palestra, saí com vontade de fazer um curso no SENAC sobre preparo e serviço de coquetéis. Aliás, vale dar uma espiadinha no site, pois eles possuem uma variedade incrível de cursos na área de gastronomia.

Andei mais um pouco pelo espaço. Ainda não era hora de shows, que iniciaria mais tarde, portanto o palco estava vazio. Mas eles estava numa localização excelente, bem centralizado, atendendo as duas alas.

Antes de continuar com minhas degustações, passei pela Feira de Produtores. E, ali, encontrei umas coisinhas interessantes…

Primeiro, parei no stand da ZUCA SALUMERIA (@zuca.salumeria), a primeira salumeria do Rio de Janeiro, que possui o DNA brasileiro até no nome – afinal, Zuca vem de Brazuca. Simples, assim. Segundo eles me disseram, é a primeira e única charcutaria da América Latina a ser premiada no Mundial e a sexta com maior número de medalhas – ganhou medalhas de bronze com o Salame Rosa, Lombo maturado e Pancetta. Lógico que levei pra casa todos eles…

Também fui atraído pelos aromas exalados por um mix de cogumelos que estava sendo preparado no stand da DR COGUMELO (@dr.cogumelorj), fruto do sonho do empreendedor Fernando Alves, alguém que soube se reinventar, como tantos outros, por conta da pandemia.

Engraçado como o tempo passa voando quando estamos imersos naquilo que gostamos, né? Passei rapidamente pelos outros expositores e me encaminhei, novamente, para a área dos restaurantes. Resolvi testar os sabores da Bélgica, trazidos pela FRÉDÉRIC EPICERIE (@fredericepicerie), casa comandada pelo chef belga Frédéric De Maeyer, que reúne especialidades de confeitaria, padaria, chocolateria e bistrô. Pedi um Kroket de Carbonnade Flamande –  um croquete de carne na cerveja, com mostarda caseira e picles de legumes.

Pra fazer uma pausa para a próxima iguaria, que seria a última desse dia de evento, tomei um shot de Licor 43, um licor espanhol leve, de textura cremosa, vegano, de sabor delicado e adocicado proveniente da chufa (tiger nut) do Mediterrâneo, especiarias e frutas cítricas.

Porém, antes de finalizar, vou postar as fotos dos demais participantes da GASTRONOMIA SEM FRONTEIRAS que, por absoluta falta de tempo – e espaço em meu estômago – não pude experimentar, deixando, por certo, para fazê-lo no próximo final de semana, dias 13 e 14 de julho, quando acontecerá o encerramento. São eles:

GUIMAS (@guimasrestaurante), que nasceu como a extensão da casa de dois grandes amigos, Ricardo Guimarães e Chico Mascarenhas e se rotula como “bistrô carioca, cozinha internacional e alma de botequim”.

O  QUI QUI (@quiquirio) do chef Francisco Nóbrega, que trouxe o clima do quiosque localizado na orla da praia de São Conrado e que ganhou ano passado o 3º lugar no Prêmio Sabores da Orla.

E nossos patrícios não poderiam ficar de fora. A GRUTA DO FADO (@grutadofado) do chef Alexandre Henriques trouxe os sabores de Portugal para o GASTRONOMIA SEM FRONTEIRAS inspirada em tradições, resgatando receitas premiadas e compartidas entre família. O nome homenageia o restaurante português mais tradicional do Rio de Janeiro, Gruta de Santo Antônio, honrando a casa de sucesso inaugurada em 1977.

E depois de viajar pelo mundo, pra finalizar fui seduzido pelos sabores da Itália trazidos ao Rio de Janeiro pela BABBO OSTERIA (@babboosteria), primeiro restaurante próprio de Elia Schramm, chef com passagens por cozinhas estreladas pelo Guia Michelin. E nada melhor do que um clássico, o Arancini, um prato nascido na Sicília entre os séculos IV e XI, período em que a ilha italiana foi dominada pelos árabes, povo que tinha o hábito de modelar pequenas bolas de arroz temperadas com açafrão e recheadas com carne de cordeiro. Pedi o Arancini Funghi.

E assim encerrei minha experiência no GASTRONOMIA SEM FRONTEIRAS. Acho que acertaram em tudo, desde a escolha do local,  disposição do equipamento até a escolha dos restaurantes. E, se vale a dica, recomendo a visita, pois além de comida boa, é possível encontrar muitas outras coisas bastante instigantes. Ainda dá tempo de você se programar. Temos ainda um final de semana inteiro de atrações, é só conferir a programação.

Essa foi a minha primeira vez – e espero que seja a primeira de muitas outras pois, certamente, essa festa da gastronomia tem tudo para ter uma longa vida. Como sugestão adicional, acho que vale inserir alguma palestra que costurasse, de alguma forma, os sabores presentes no evento em um contexto, em algum fio condutor, trazendo a metodologia para a definição, pela curadoria, dos participantes.

Então, mais uma vez, fica o convite.

Vejo vocês lá!

 

 


SERVIÇO

Gastronomia Sem Fronteiras – 3a. edição

Datas: 06, 07, 13 e 14 de julho (sábados e domingos)
Horário: 13h às 23h
Local: Rooftop Shopping Fashion Mall
Estr. da Gávea, 899 – São Conrado, Rio de Janeiro
Valores:
Venda: a partir de R$ 40 inteira / R$ 20 meia
Crianças menores de 10 anos não pagam
Ingresso Solidário: Meia entrada + 1kg de alimento não perecível
*O valor do ingresso não inclui consumo no festival.
Mais informações:
https://www.instagram.com/gastronomiasemfronteiras/
https://gastronomiasemfronteiras.com.br/
Ingressos: www.ingresse.com/gastronomiasemfronteiras
Patrocínio:
Stella Pure Gold
Yuzer
Águas do Rio
Copapa
Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia
Criativa, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura (SESEC)
Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Turismo (SETUR)
Secretaria Municipal de Turismo da Cidade do Rio (SMTUR)

Coparticipação: Senac
Parceria Cultural: Sesc

 

 

DEL SCHIMMELPFENG

@del.schimmelpfeng

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Author

Del Schimmelpfeng é Analista Judiciário do TJERJ, mas desde que se lembra - e coloca tempo nisso! - ama cozinhar! Apesar de ter feito as faculdades de arquitetura e direito, é se misturando aos pratos, panelas e temperos que se sente inteiro, completo, pleno. É autodidata, nunca fez curso de culinária, tampouco se imaginou um profissional da área. Considera-se apenas um curioso, que procura o conhecimento em tudo e que tenta, de todo jeito, viver da melhor forma possível - apesar de todas as dificuldades. Afinal, não haveria graça se elas não existissem... Participou da seletiva da segunda edição do Masterchef e da décima nona edição do reality "Jogo de Panelas", apresentado por Ana Maria Braga no programa "Mais Você" da Rede Globo, na qual sagrou-se campeão. Possui, ainda, textos publicados em livros de conto e poesia. Blog: http://delschimmelpfeng.blogspot.com Instagram: @del.schimmelpfeng

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