Uma revelação aos meus olhos

Foto: Divulgação

 

Fui assistir à obra Takotsubo, que quer dizer “síndrome do coração partido”, algo que eu nem imaginava existir. A obra conta a história da atriz e idealizadora Monica Guimarães, que assina o texto ao lado de Cláudia Mauro. A iluminação é assinada por Paulinho Cesar Medeiros, e a direção é do premiado Édio Nunes.

A síndrome de Takotsubo, também conhecida como síndrome do coração partido ou cardiomiopatia de Takotsubo, é uma condição cardíaca temporária que ocorre em resposta a estresse emocional ou físico intenso. Ela se manifesta com sintomas semelhantes aos de um ataque cardíaco, como dor no peito e falta de ar, mas geralmente não há bloqueio das artérias coronárias. (Sim, o teatro também ensina.)

A obra conta a história de luta e vitória da atriz, encenada no Porão do Teatro Rogério Cardoso, na Casa de Cultura Laura Alvim.

Mas o que me traz aqui é a minha necessidade de falar sobre Guilherme Dellorto. Quem é Guilherme?

Na peça, ele transita por vários personagens enquanto conta o drama: pai, mãe, amigo, marido e filho. Como filho, confesso que quase tive uma síncope, diante da beleza lúdica que ele trouxe ao palco, segurando nas mãos um videogame (em mímica), atuando com maestria. Como marido, um jovem surfista em uma boate, ele foi intenso, jovial, divertido. Ele é múltiplo.

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Eu não sabia até ontem quem era, e fiquei me questionando: por quê? Foi quando o cenógrafo e figurinista do espetáculo, Wanderley Gomes — todos ou quase todos do setor o conhecem —, parceiro do projeto e profissional que atua com profundidade na plasticidade cênica, me enviou um vídeo curto.

Nesse vídeo, o ator fala sobre inúmeras novelas em que atuou na Rede Record e comenta sobre sua pouca experiência no teatro. Daí entendi por que ainda não o conhecia.

Guilherme é um galã, daqueles rapazes lindos que ficamos à espreita, admirando. Mas será que a beleza é suficiente para que uma crítica seja feita a favor de um artista? Não!

O que me traz a escrever sobre ele é sua enorme presença de palco. Guilherme brinca com a expressão facial: seus olhos falam, sua boca entrega nuances, seus músculos faciais garantem trocas de personagens com profissionalismo e total convencimento. Incrível. Ele nos faz entender que dom existe!

A voz é projetada e muito agradável de se ouvir. Chega bem e muda de tom como a chuva — que varia entre garoa e tempestade. Estou em estado de graça.

E as expressões corporais? O ator brinca no palco com naturalidade, transmitindo confiança à sua parceira de cena. Seus músculos não nos mostram apenas um corpo belo em cena, mas um corpo que se curva, se movimenta, dança com expressividade.

Acima de tudo isso, o ator tem simpatia. Posso dizer: ele é dotado de carisma — e isso é muito importante para um artista.

Essa pérola, posso dizer, essa revelação — porque é exatamente isso que ele é para mim — não encontrei em um grande musical, nem em um espetáculo patrocinado por uma grande instituição cultural. Ele estava em uma caixinha de joia, me esperando, pronto para ser aberta e apreciada por mim. E eu só tenho a agradecer ao teatro por essa joia. Desejo encontrá-lo mais por aí…

Sinopse

Takotsubo – Coração Partido, uma obra autobiográfica escrita por Cláudia Mauro e Mônica Guimarães, estreia no dia 11 de julho no Teatro Rogério Cardoso, na Casa de Cultura Laura Alvim. A peça, dirigida por Édio Nunes e Larissa Bracher, aborda a síndrome do coração partido, uma condição médica que afeta principalmente mulheres e é desencadeada por estresse emocional intenso.

A narrativa gira em torno da vida de uma mulher de 48 anos que enfrenta as consequências de uma cirurgia após a separação de um relacionamento abusivo. A obra busca educar o público sobre os impactos do estresse emocional na saúde física, revelando a gravidade da cardiomiopatia, que pode levar a sequelas irreversíveis e até ao óbito.

 

 

Ficha Técnica

  • Autoria: Monica Guimarães e Cláudia Mauro
  • Direção: Édio Nunes e Larissa Bracher
  • Elenco: Monica Guimarães e Guilherme Dellorto
  • Iluminação: Paulo Cesar Medeiros
  • Trilha Original: Marcelo H
  • Cenário e Figurino: Wanderley Gomes
  • Preparação Emocional: Estrela Straus
  • Preparação Vocal: Rose Gonçalves
  • Colaborador Cênico de Movimento: Toni Rodrigues
  • Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa
  • Idealização e Realização: Monica Guimarães
  • Produção Executiva: Andréia Ribeiro
  • Parceria: Casa Forte Produções Culturais e Esportivas
  • Finalização de Produção: Gabriela Calainho

 

SERVIÇO

Takotsubo – Coração Partido

  • De 11 de julho a 3 de agosto – Sábados, às 19h, e domingos, às 18h
  • Casa de Cultura Laura Alvim – Teatro Rogério Cardoso. Endereço: Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema
  • Classificação etária: 14 anos
  • Ingressos em Funarj

Paty Lopes (@arteriaingressos). Foto: Divulgação.

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Author

Dramaturga, com textos contemplados em editais do governo do estado do Rio de Janeiro, Teatro Prudential e literatura no Sesi Firjan/RJ. Autora do texto Maria Bonita e a Peleja com o Sol apresentado na Funarj e Luz e Fogo, no edital da prefeitura para o projeto Paixão de Ler. Contemplada no edital de literatura Sesi Fiesp/Avenida Paulista, onde conta a História de Maria Felipa par Crianças em 2024. Curadora e idealizadora da Exposição Radio Negro em 2022 no MIS - Museu de Imagem e Som, duas passagens pelo Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com montagem teatral e de dança. Contemplada com o projeto "A Menina Dança" para o público infantil para o SESC e Funarte (Retomada Cultural/2024). Formadora de plateia e incentivadora cultural da cidade.

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