TERGITERÇAR – Sobre Objetivos

Sobre Objetivos

Se há algo que ultimamente me martela com alguma constância é a questão dos objetivos de nossa vida. Veio-me, principalmente, depois do nascimento do meu filho Zero Três. Théo é o nome dele. Chegou agora em seu sétimo mês. Esforça-se para sentar, para pegar algum brinquedo que eu ou a mãe deixamos para ele. Seu objetivo é simples.

Meu pequeno Théo. Foto: Instagram Márcio Calixto

Cheguei ao terceiro filho. Meu segundo menino. Quando de sua descoberta, tomei todos os sustos. Se eu tinha um objetivo de vida antes dele, agora há outros. Posso dizer que são melhores. Tê-lo me fez mais feliz. Amo muito ser pai. Se eu já amava o caminho que tomei quando me tornei pai de Sofia, depois o mundo que se abriu quando me veio Arthur, literalmente dez anos depois da primogênita, no momento de todos os nascimentos refleti sobre toda a criação. Fui o primeiro filho de uma sequência de outros dois meninos que vieram logo depois. Tínhamos pai em casa, mãe em casa. Pai trabalhava. Mãe trabalhava. A família em seu esplendor de família. Como ser, então, pai de menina? A descoberta, os objetivos, foram simgularizantes. Agora ela está às portas dos seus 18 anos. Cresceu. Crescemos. Uma maravilha.

Se uma já toma rumos de suas asas, agora tenho um de sete meses com riso frouxo. Algo que me faz pensar também: a primeira custou a rir, mas fazia bico. O segundo filho antes de rir, fechava o cenho. O terceiro só ri. Esforço zero para fazê-lo rir. Meu objetivo é esse: fazê-lo rir. Para que mais?

Como disse, venho refletindo sobre objetivos. Pago financiamento imobiliário, o carro, tenho as demais contas, enfim, a vida caminhando. O que hoje se transborda de tranquilidade. Estou sentado em minha poltrona, na sala, meu filho brincando no chão. Ele com um objetivo, eu vivendo o resultado de antigos desejos e objetivos. Observo o segundo filho desenhando constantemente. A primogênita estudando horrores. Uma vez, já era próximo das duas da manhã, ela estudava para Biologia, um de seus calos. Já teve como objetivo o brinquedo, me acordar, dormir entre os nossos cachorros, colher acerolas. Hoje voa. Em três pontas, três objetivos distintos. Olho para minha mulher, ela sorri em constância. O meu terceiro filho é o zero um dela. A vida caminha em sua lentidão.

Por falar em lentidão, eu preciso colocar a minha pouca pressa em escrever em questionamento. Há anos começo romances, livros de poemas, não há um fim a eles. Hoje começo essa coluna. Já escrevo há anos aqui para o ArteCult. Inclusive, meu amado editor, um doce de ser humano, por vezes me lembra que é para eu escrever. Esse é o meu novo objetivo: escrever uma coluna às terças, tergiversando uma ou outra crônica, um ou outro poema, passa a ter o seu início. Esse é o meu atual objetivo. Vamos ver até quando. Um beijo aos amigos.

MÁRCIO CALIXTO
Professor e Escritor

Márcio Calixto. Foto: Divulgação.

 

Coluna de Márcio Calixto

 

Author

Professor e escritor. Lançou em 2013 seu primeiro romance, A Árvore que Chora Milagres, pela editora Multifoco. Participou do grupo literário Bagatelas, responsável por uma revolução na internet na primeira década do século XXI, e das oficinas literárias de Antônio Torres na UERJ, com quem aprendeu a arte de “rabiscar papel”. Criou junto com amigos da faculdade o Trema Literatura e atualmente comanda o blog Pictorescos. Tem como prática cotidiana escrever uma página e ler dez. Pai de dois filhos, convicto morador do Rio de Janeiro, do bairro de Engenho de Dentro. Um típico suburbano. Mas em seu subúrbio encontrou o Rock e o Heavy Metal. Foi primeiro do desenho e agora é das palavras, com as quais gosta de pintar histórias.

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