SEXTAS POÉTICAS: Confira o poema “POEMA PARA QUALQUER ANO-NOVO” de Tanussi Cardoso e suas dicas culturais da semana!

Oi, pessoal, aqui é o poeta Tanussi Cardoso. Dedicamos a SEXTAS POÉTICAS de hoje a três grandes incentivadoras da coluna, e que aniversariam hoje: a contista, poeta, tradutora, editora e professora LUIZA LOBO; a escritora, jornalista, poeta e editora do jornal literário mensal Linguagem Viva, ROSANI ABOU ADAL; e a atriz e poeta VERONICA DIAZ. A elas o desejo de que sejam sempre essas pessoas especiais, corretas em suas profissões, honestas com seus anseios pessoais e cercadas de amor, arte e poesia. Parabéns, fraternos, da SEXTAS POÉTICAS e deste colunista.

Agora, iniciando a coluna, segue um poema. Espero que gostem.

 

POEMA PARA QUALQUER ANO-NOVO

Para minha sobrinha Liane

POEMA PARA QUALQUER ANO-NOVO. Criação: ArteCult/DALL·E

   

Acolher pássaros.

Suas sombras de liberdade e beleza.

Ouvir seus piares de dor, fome e prazer.

Compreender a expressão das asas.

Pousá-los nos ombros, deixar-se com eles,

nessa viagem de busca e de calma.

Ser pássaro na sabedoria

de maravilhar-se com a vida

– ínfima e pouca –

em seus mínimos detalhes

de mistério e poesia.

Aprender a transformar migalhas

em sementes de ninhos.

E dividi-las.

Entender a nervura das distâncias

: os obstáculos.

E quedar-se quieto à espera do canto.

E do voo.

(de Eu e Outras Consequências, Ed. Penalux, 2017).

 


 

 LIVRO DA SEXTA:

 

“SEXTAS POÉTICAS” recomenda o livro “EDIFÍCIO KAFKA”, de MARIA HELENA LATINI – Dowslley Editora, 2024.

A professora e escritora Maria Helena Latini. Reprodução Internet.

MARIA HELENA LATINI é professora e escritora. Publicou, entre outros, Fio de Prumo; Ângela e Antônio; Duas Mulheres Entardecendo (com Wanda Monteiro); além de peças de teatro.

EDIFÍCIO KAFKA não é uma obra de ficção, mas, antes, uma realidade caótica, triste, urbana, angustiante, raivosa, kafkiana, vivida pela autora que, criativa e corajosamente, transforma em poesia, nos lembrando, mais uma vez, que a arte pode ser sempre uma tábua de salvação.

Sobre EDIFÍCIO KAFKA, ANÉLIA PIETRANI, da UFRJ, comenta:

“Este poema é um edifício. Assim, no singular. Convém ser lido em um só fôlego, antes que estejam perdidos: o ar, o edifício, o poema. Já em sua página de abertura (…), está claro que é edificado como um grito. (…) O processo narrado neste poema lírico é de atrito e corrosão.”   

Deixo com vocês, como um thriller, sem spoiler, fragmentos de “EDIFÍCIO KAFKA”, de MARIA HELENA LATINI – Dowslley Editora, 2024.

(…)

Conselho:

mudar do Edifício Kafka.

Não mudo!

Permaneço na luta

dobro a aposta.

(…)

A tarde

em dourado mais reluzente

Uma inesperada visita

um ser … um sonho?

Magnífico,

o Pássaro freme suas asas.

(…)

Clamo entre cegos-surdos

na esperança obstinada

de milagres.

(…)

Há um erre encravado

no ardor mortal

da palavra

IRA.

(…)

Impossível mensurar

o tanto

em cada morada.

O contido

além do espaço

– o mundo

(e além dele).

(…)

Passarinho no parapeito da janela:

notícia alvissareira

luz dourada.

Acredito porque preciso.

 

Então, fica a dica de hoje: “EDIFÍCIO KAFKA”, de MARIA HELENA LATINI – Dowslley Editora, 2024. Contato da autora: latinimariahelena@gmail.com

 


 

DICAS DE EVENTOS:

POESIA:

 

– DIA 21 de janeiro, das 18h às 21h, “PONTE DE VERSOS”, com BRÁULIO TAVARES, HENRIQUE RODRIGUES, LEONARDO SANTANA e RAMON MELLO. Local: Blooks Livraria. Praia de Botafogo, 316. IMPERDÍVEL!

 

– DIA 21 de janeiro, ÀS 19h30, “MANO A MANO”, com MANO MELO, CHRISTINA BETHENCOURT, e os convidados: ROBERTINHO SILVA, KYVIA RODRIGUES e ARNALDO BRANDÃO. Local: Capitu Café, Rua Cosme Velho, 174.

 

– Dia 24 de janeiro, das 16h às 19h, “EVP- ENCONTRO VESPERTINO DE POESIA”, com GISELA GOLD, NEUDEMAR SANT’ANNA, entre outros. Organização de JUVENAL C. FILHO e MÁRCIO THADEU. Local: Casa Balaio das Artes, Rua da Quitanda, 30 S 711, Centro. Gratuito.  

 

– Dia 25 de janeiro, das 18h às 22h, “IX SAURAU EPOCHÉ”, com IGOR CALAZANS e diversos outros poetas. Local: Capitu Café, Rua Cosme Velho, 174, Cosme Velho.  

 

 

– Dia 29 de janeiro, às 19h30, “FESTIVAL POESIA REVISTA”, com a participação do músico RONALDO MALTA, e prêmios para os três primeiro lugares. Local: Cine Jóia, Av. N. S. de Copacabana, 680, Shopping 680, metrô Siqueira Campos.

 

 

– Dia 04 de fevereiro, das 16h às 19h, “IV Edição do SARAU DA VARANDA”, com CHRIS HERRMANN e diversos outros poetas. Local: Restaurante Salete, Rua Afonso Pena, 189, Tijuca.

 


 

 

TEATRO:

 

– ATÉ 26 de janeiro, “OS IRMÃOS KARAMÁZOV”, de DOSTOIÉVSKI. O ator CAIO BLAT encena e dirige, com MARINA VIANNA, BABU SANTANA, LUISA ARRAES, entre outros, no elenco. Local: Sesc Copacabana – arena. De quarta a domingo, às 20h. R$ 30,00.  

Caio Blat e Babu Santana em cena no espetaculo “Os Irmaos Karamazov”. Imagem: Divulgacao/ Lorena Zchab

– ATÉ 26 de janeiro, “MATA TEU PAI”, inspirada em MEDEIA, com DEBORA LAMM e direção de INEZ VIANA. Local: Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, Humaitá. Sexta e sábado, às 20h; domingo, às 19h. R$ 40,00.

 

– ATÉ 26 de janeiro, “RAUL SEIXAS – O MUSICAL”, com BRUCE GOMLEVSKY. Local: Teatro Vannucci, Shopping da Gávea. Sábado, às 22h; domingo, às 21h. R$ 150,00.

 

– ATÉ 9 de fevereiro, “A VIDA NÃO É JUSTA”, de ANDRÉA PACHÁ, com ROSAMARIA MURTINHO. Direção: TONICO PEREIRA. Local: Sesc Copacabana. Quinta, às 19h; sexta a domingo, às 19h. R$ 30,00.

 

– ATÉ 16 de fevereiro, “O BEM-AMADO”, de DIAS GOMES, com DIOGO VILELA, como ODORICO PARAGUAÇU, e grande elenco. Direção de RICHARD LUIZ. Local: Teatro João Caetano, Praça Tiradentes s/n. Sexta, às 19h; sábado e domingo, às 17h. R$ 5,00 (inteira); R$ 2,50 (meia).

 

– ATÉ 23 de fevereiro, “NÃO ME ENTREGO, NÃO”, com OTHON BASTOS e direção de FLÁVIO MARINHO. Local: Teatro Vannucci, Shopping da Gávea. Quinta, às 17h; sexta, às 20h; sábado, às 19h; domingo, às 18h. R$ 150,00.

 

 


 

MÚSICA , DANÇA & EXPOSIÇÕES

 

– HOJE, DIA 17 de janeiro, às 19h30, a cantora LEILA MARIA & NOVOTRIO apresentam o show “LIKE a LOVER”, com músicas de COLE PORTER, MILTON NASCIMENTO, BBEE GEES, entre outros. Local: Teatro Rival Petrobras, Cinelândia. R$ 70,00 e R$ 80,00.

 

– Dia 19 de janeiro e em todos os DOMINGOS, às 19h, AMARILDO SILVA na live “DOMINGOS AUTORAIS”. Local: Canal Amarildo Silva Música.

 

– ATÉ 27 de janeiro, “FULLGÁS – ARTES VISUAIS E ANOS 1980 no BRASIL”, trazendo cerca de 300 trabalhos de mais de 200 artistas, como ADRIANA VAREJÃO, LEONILSON e LEDA CATUNDA. Local: CCBB, Rua Primeiro de Março 66, Centro. De quarta à segunda, das 9h às 20h. GRÁTIS.

 

– Dia 14 de fevereiro, às 20h, MÁRCIO THADEU em “SAMBA GUARDADO”, show de aniversário. Local: Teatro Brigitte Blair, Rua Miguel Lemos, 51-h, Copacabana. TODOS LÁ!

 

– ATÉ 27 de fevereiro, “GUANABARA, O ABRAÇO DO MAR”, reunindo mais de 200 obras de artistas de várias gerações, como GLAUCO RODRIGUES, VIK MUNIZ, TARSILA DO AMARAL, BURLE MARX e CILDO MEIRELES. Local: FGVArte, Praia de Botafogo, 190. De terça à sexta, das 10h às 20h; sábado e domingo, das 10h às 18h.

 

 


OUTROS EVENTOS

 

– DIAS 21 e 22 de janeiro, das 14h às 20h, “SEMANA NACIONAL DE COMBATE À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA”. Local: Centro Cultural Justiça Federal, Av. Rio Branco, 24, Centro. Gratuito.

 

 


POEMA CONVIDADO:

 

Lucas Guimaraens integra uma linhagem familiar de múltiplos autores — Foto: Cabinejb

É com muita alegria que o SEXTAS POÉTICAS traz, hoje, como POEMA CONVIDADO, um texto extremamente sensível de um autor que precisa ter maior reconhecimento de sua obra, tal o vigor e força de seu trabalho. Falo de LUCAS GUIMARAENS, de BH, de 45 anos. Poeta, produtor cultural, mestre e Ph.D em Filosofia Política e Estética em Paris, com vários livros publicados, no Brasil e no exterior. Sua biografia é extensa, mas, aqui, o importante é mesmo o poema. Chama-se ROSA DOS VENTOS. Quando o li, através do amigo e grande poeta JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO, ele me tomou de assalto, numa emoção intensa. Simbolicamente, ele indica que cada direção dos pontos cardeais (leste, oeste, norte e sul) sugere uma vivência ou reflexão única, envolvendo liberdade, diversidade, saciedade e resistência. Ao final, a obra propõe uma escolha livre de caminhos, onde qualquer decisão pode conduzir ao significado da vida construída por nossas paixões humanas. Ou seja, o poema propõe uma celebração da existência humana em sua totalidade, valorizando o amor, o pensamento e a palavra como formas de criar sentido fora de qualquer ideal utópico. Com essa leitura, talvez distante da visão do autor, mas que me tocou bastante, decidi convidá-lo e ele aceitou; agora, divido sua beleza com vocês. Portanto, com vocês, o POEMA CONVIDADO de hoje:

 

ROSA DOS VENTOS

Se olha a leste

veja falésias

e o pássaro azul

que pousa

na mão da liberdade.

Se olha a oeste 

beba poeira

das estradas 

douradas

e viva a cor 

das diferenças.

Se olha ao norte

beba um gole d’água

congelada 

angélica

patine sobre a sede

dos homens.

Se olha ao sul (ah o sul)

use olhos leitosos

retire do corpo as dores 

como quem derruba pelourinhos

sacie a felicidade com o garimpo 

dos irmãos e irmãs que entendem

o gesto de uma flor na mão.

Depois escolha qualquer caminho 

qualquer vento leva à porta

da vida fora do Éden 

a que produzimos

por amar a carne 

o pensamento

e as palavras   

(Lucas Guimaraens)

 


NOTA FINAL:

 

Em minhas mãos, o livro de contos “PANDEMÔNIO – Diário da Quarentena de um Sobrevivente à Covid-19”, de LUIZ OTÁVIO OLIANI (Ventura Editora, 2022). Segundo o autor, o livro nasceu durante à pandemia do coronavírus e o isolamento social causado por ela, como uma necessidade artística em meio à sobrevivência naqueles tempos sombrios; e é dedicado às vítimas, aos profissionais de saúde, bem como aos que sobreviveram à Covid 19, como seu irmão Leandro Moreira Oliani.

Luis Otávio Oliani. Foto: Divulgação

LUIZ OTÁVIO OLIANI cursou Letras e Direito. É professor e escritor, com mais de 16 livros publicados, entre poemas, teatro e contos, com mais de 100 prêmios literários e com textos traduzidos para diversos idiomas. Este é o seu quarto livro de contos.

O médico e Mestre em Ciências Médicas (UFRJ), Doutor em Bioética e ética Aplicada (FIOCRUZ) e Presidente da Sociedade Brasileira de Bioética RJ, JOÃO ANDRADE L. SALES JR, comenta sobre o livro:

Neste livro, o escritor Luiz Otávio Oliani, enclausurado no isolamento social, observa o mundo, abre janelas, oxigena a alma e nos situa num tempo desafiador. A morte espalhada pelo mundo, nas frestas de nossas casas, nos defronta com a condição humana, finita. (…) Oliani tensiona muitas destas questões, usando de humor inteligente e forte crítica social. (…) seus contos também estão permeados de superação, de esperança. A pandemia como oportunidade para transformarmos o mundo. (…) O que queremos ver além da clausura de cada um? A liberdade vai muito além dos muros de nossas casas. Adentrar os contos é uma bela viagem nesta reflexão.”

Para salientar a beleza, criatividade e oportunidade da leitura desse pequeno grande livro, deixo um conto exemplar para vocês:

 

LUZ NA PASSARELA

Um mendigo todo sujo e fedido aparece no meio da calçada, por onde passavam pedestres, todos de máscara.

– Ô abre-alas, que eu quero passar! Eu sou o Covidão!

Espirrou e, em segundos, a rua ficou vazia.

 

PERGUNTA IMPERTINENTE

Após se sentar na cadeira do dentista, o paciente pergunta ao profissional:

– Doutor, devo tirar a máscara?

 

Assim, fica a dica de nossa NOTA FINAL: “PANDEMÔNIO – Diário da Quarentena de um Sobrevivente à Covid-19”, de LUIZ OTÁVIO OLIANI (Ventura Editora, 2022).  

 

Aqui me despeço de vocês, amigos e amigas.

Até à próxima Sextas Poéticas.

Grande abraço do Tanussi Cardoso

 

 

TANUSSI CARDOSO

www.tanussicardoso.com.br

 

Confira as colunas do Projeto AC Verso & Prosa (@acversoeprosa):


com Ana Lúcia Gosling

com César Manzolillo


com Tanussi Cardoso

 

 

Author

Poeta. Letrista. Crítico literário. Jornalista. Advogado. Em 1995 sua composição “Viver a vida” (c/ Amarildo Silva) foi incluída no CD “Rios Afluentes”, de Amarildo Silva. O mesmo parceiro gravou em 1997 “Barraco vazio”, parceria de ambos, no CD “Estação”, também de Amarildo Silva. Em 1999 o grupo Cambada Mineira regravou “Viver a vida”, parceria com Amarildo Silva, um dos integrantes do grupo. No ano 2000 Rosi Sanga interpretou o poema “Das dores de amor” no CD “Femup 2000”, de música e poesias premiadas no “XXXV Festival de Música e Poesia”, da Fundação Cultural de Paranavaí, do Estado do Paraná. No ano participou do “Concurso Internacional de Poesias Cantinho do Poeta”, tendo seu poema “Sobre o mar”, sido incluído em CD lançado pelo Selo Rickmarc – Publishing, na Inglaterra. Sua composição “Beco com saídas” foi incluída no CD “Gata de rua”, da parceira Sandra Bernardo. Em 2003 sua parceira Delayne Brasil, no CD “Nota no verso”, incluiu “Veredicto” e “Lábios que beijei”, parcerias de ambos. Neste mesmo ano participou, ao lado de Euclides Amaral, Marko Andrade, Zezé Motta e Noca da Portela, do projeto “Conexão Solidária”, no teatro do Sesc da Tijuca. Em 2004, no CD “Virgem Sertão Roseano”, de Amaraildo Silva, o parceiro interpretou “Canção pra Diadorim”, “Cruz do sertão” e a faixa-título, as três, parcerias de ambos. No ano de 2010 lançou o livro “50 poemas escolhidos pelo autor” (Edições Galo Branco & Casa de Cultural Laura Alvim), na Casa de Cultura Laura Alvin, em Ipanema. Participou, com Salgado Maranhão, do programa “Espaço Aberto – Literatura”, de Claufe Rodrigues, na Globo News. Toda sexta-feira, no ArteCult, através da coluna SEXTAS POÉTICAS, publica poemas e dicas culturais no ArteCult. Coluna que integra o projeto AC VERSO & PROSA junto de Ana Lúcia Gosling (crônicas) e César Manzolillo (contos).

One comment

  • Que coluna incrível! Quanta dica boa!
    E esse poema? “Aprender a transformar migalhas em sementes de ninhos”, levei pro coração e pra vida.
    Obrigada por tanta delicadeza.

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