Costumo usar “lentes” da linguagem contemporânea antes, durante e depois de minhas criações. Mesmo pertencendo a uma escola com uma linguagem mais acadêmica, essa minha estratégia permite imprimir o “ser” com maior liberdade no trabalho. E digo liberdade no sentido literal da palavra: com questionamentos, instigando à reflexão da arte e da sociedade, por exemplo.
Imprimir o “ser” na Dança exige personalidade. Sei que é meio redundante mas, atualmente, imprimir algo “pessoal”, no sentido “original”, exige muito desapego ao que é fruto de uma cultura de massa, onde encontramos uma maior facilidade de troca, transformação e cópia.
“Ser” ou “não ser” em Dança é uma rota contínua de construção e desconstrução. Trocando em miúdos: é uma prática diária de pesquisa, ensaios, desconstrução, mais pesquisa, análise de resultados, troca, construção e, por fim, a desconstrução novamente. Nesse processo, esperamos encontrar o nosso “ser” e a nossa verdadeira criação, para então iniciar outro processo de desconstrução.
É um processo permanente, a obra jamais fica pronta. É viva, é dinâmica, é etérea…
Dá trabalho. Às vezes, é doloroso. Mas, na maioria das vezes, o resultado provoca prazer, orgulho, alegria imensa. É como se cada coreografia fosse um filho, planejado, desejado, esperado e muito, muito amado!
Se você encontrou qualquer semelhança com fatos cotidianos não é mera coincidência. Pois Dança é vida.