Princesa Violeta – A Princesa Cor de Bombom

Penso que a leitura de Princesa Violeta – A Princesa Cor de Bombom tem muito a dizer sobre o futuro das mulheres em nossa sociedade, principalmente diante do que estamos atravessando em todo o território brasileiro. Temos que lembrar que essa mulher que sofre violência hoje, um dia foi uma menina, o mesmo pode-se dizer do homem agressor, esse também um dia foi um menino, e pergunto: qual foi a base educacional deles? O que leram? Qual o caminho que os orientaram a seguir um dia?

Embora tenhamos um livro com uma protagonista princesa, a leitura também educa o menino a respeitar os sentimentos de uma mulher. O que deveria acontecer quando muitas de nós, por exemplo, resolve romper uma relação, seja esse o motivo que for, ficando livre para viver a vida, o que sabemos que muitas vezes não acontece. 

Veralinda Menezes é a autora do livro e  como mãe, trouxe aos leitores mirins a primeira princesa negra à literatura brasileira, primeiro conto de fadas com personagens negros e os descrevendo com delicadeza. Quando sua filha não pode ser princesa em uma brincadeira, devido ao seu tom de pele bombom, a autora percebeu a importância dessa comunicação, e o livro chegou em 2008, e volta após 16 anos com uma edição especial, o que merece ser comemorado. 

Interessante é como a autora trouxe a miscigenação brasileira, trazendo tons de pele ligados a doce de leite e chocolate, doces que crianças adoram. 

Sinopse

Conheça as aventuras desta corajosa heroína que ora entre vestidos de sedas e joias, ora entre armaduras e espadas, com reis, rainhas, gênios, fadas e piratas, luta na defesa de seu reino e na conquista do amor e do respeito de seu pai e de seu povo.

SOBRE A OBRA

Princesa Violeta é um belo conto de fadas de muita ação, cujo protagonismo está na força da figura feminina e o toque de encantamento está na mistura de seres humanos, seres mágicos, reis, rainhas, fadas, guerreiros e piratas, heróis e heroínas que se juntam na luta do bem contra o mal. E uma princesa guerreira à frente de um exército é revolucionário e coloca as mulheres no imaginário coletivo desde a infância, em um espaço de poder que pode influenciar a sociedade e suas futuras relações familiares, sociais e econômicas. Focado na diversidade e no resgate de valores, também ensina o cuidado e o respeito à natureza e aos mais velhos. A inovação estética com personagens protagonistas negros, representando a maioria da população de um país nem tão distante, é um grande diferencial que fica por conta do traço naturalista do talentoso ilustrador gaúcho Rogério M. Cardoso.

Criado para ser um clássico da literatura, Princesa Violeta, em suas versões em prosa e em poema, encanta as crianças de todas as cores e de todas as idades do Brasil, na literatura, no teatro e na música.

O livro apresenta músicas da autora que também colam no ouvido, o velho chicletinho. 

Sobre a autora, se sabe que tem presença forte na grande mídia, muitas premiações no currículo, incluindo do Governo Federal , e teses acadêmicas que se debruçaram sobre sua obra, entre elas comparando “Princesa Violeta” com “Negrinha” de Monteiro Lobato”, Veralindá Ménezes vem arrebatando o coração de pequenos e adultos, e colecionando elogios e afetos por seus personagens ao longo desses anos de dedicação à literatura e à arte.

Por que ler para uma criança Princesa Violeta – A Princesa Cor de Bombom? Vivemos em um país de forte patriarcado, o machismo ainda permeia no seio da sociedade, exatamente por isso educar é necessário, tentar romper essa cultura deve ser uma luta de todos. No livro a princesa escuta que o pai dela queria um filho homem, assim ela aprende a lutar. Depois um dos chefes da guarda real entende que a princesa Violeta deveria se casar com ele, por ensinar a protagonista a lutar. São situações que andam na contramão dos dias atuais, aonde nós mulheres fazemos nossas opções, como a princesa do livro fez, no entanto, ainda pagamos um preço alto por nosso posicionamento.

Observei também que no livro não há questões raciais em pauta, apenas protagonistas negros, inclusive príncipes de pele alva que tentam casar-se com a princesa, assim como antagonista negro também, a vida é mesmo assim, está tudo ilustrado, fala através dos desenhos, das ilustrações.

Levar crianças negras a entenderem que podem ser princesas e fadas, é um bom trabalho de autoestima, e merece ser exercitado todo o tempo.  Nesse país não comporta mais somente a história da Cinderela da Disney, embora eu adore, mas confesso que fiquei mais animada quando chegou a  Pocahontas, esse desenho falava muito mais sobre mim.

Observei que a leitura tem mais de um desdobramento, o que penso ser bem diferente, geralmente o conflito é um só, mas Veralinda como mulher sabe que as nossas lutas são diversas. 

Longe da bipolarização hierarquizante em preto e branco, como disse o professor Kabenguele Munanga, antropólogo, a autora entende mesmo do Brasil atual, e seguiu, paralela às estúpidas verdades adultas, trouxe a realidade da vida por meio de uma linguagem infantil apropriada, cheias de fadas e magias!

Música

https://youtu.be/p852dR6pJV8

Sites de compra

https://www.amazon.com.br/Princesa-Violeta-Original-Veralinda-Menezes-ebook/dp/B08PFSHYL3

Site da autora

https://www.veralindamenezes.com/princesa-violeta

 

Paty Lopes

 

 

 

 

Author

Dramaturga, com textos contemplados em editais do governo do estado do Rio de Janeiro, Teatro Prudential e literatura no Sesi Firjan/RJ. Autora do texto Maria Bonita e a Peleja com o Sol apresentado na Funarj e Luz e Fogo, no edital da prefeitura para o projeto Paixão de Ler. Contemplada no edital de literatura Sesi Fiesp/Avenida Paulista, onde conta a História de Maria Felipa par Crianças em 2024. Curadora e idealizadora da Exposição Radio Negro em 2022 no MIS - Museu de Imagem e Som, duas passagens pelo Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com montagem teatral e de dança. Contemplada com o projeto "A Menina Dança" para o público infantil para o SESC e Funarte (Retomada Cultural/2024). Formadora de plateia e incentivadora cultural da cidade.

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