PORTINARI RAROS no CCBB: Na inauguração da Exposição conversamos com o diretor do Projeto Portinari

 

O ArteCult foi convidado para participar do Brunch de lançamento da Exposição Portinari Raros no CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro.

Tivemos então de entrevistar novamente João Cândido Portinari, filho do mestre Candido Portinari e diretor-geral do Projeto Portinari.

Confira aqui nossa entrevista exclusiva com João Cândido sobre a exposição :

 

EXPOSIÇÃO PORTINARI RAROS

“Portinari Raros” apresenta a enorme diversidade da obra deste grande artista múltiplo, que explorou diversas linguagens, revelando uma faceta pouco conhecida de um dos nossos mais reconhecidos artistas. Obras originais, raras, como a única cerâmica produzida pelo artista ao longo de toda a sua vida, estudos de dois cenários produzidos para o “Balé Iara”, da companhia Original Ballet Russe, e um dos estudos para o painel “Guerra”, da ONU, estão na exposição, assim como pinturas e desenhos em diversas técnicas, e figurinos, mostrando um artista eclético, que se aventurou em diversas manifestações artísticas muito além de sua zona de conforto.

“Portinari é o maior pintor da brasilidade, tem um papel chave no modernismo brasileiro e foi um artista bastante multidisciplinar no seu tempo, encontrou caminhos e linguagens, diversidade de estilos e possibilidades. Apesar de ser uma figura muito conhecida no Brasil, muita gente não tem noção da enorme diversidade de linguagens que ele explorou e é isso que a exposição mostra”, afirma o curador Marcello Dantas.

Ocupando o primeiro andar do CCBB RJ, a mostra é dividida em seis núcleos temáticos: “Fauna”, “Paisagens acidentais”, “Desenhos”, “Infância”, “Carajá”, “Balé” e “Flores”, que darão um amplo panorama das diversas facetas e linguagens exploradas por Portinari, revelando um artista eclético, pesquisador, capaz de se arriscar em outras formas de criatividade, como figurino, cenários, ilustrações e novas linguagens, trazendo à tona um Portinari invisível, ousado e pouco conhecido.

Completa a mostra a instalação digital Carrossel Raisonné, que leva o público a uma viagem por mais de cinco mil obras catalogadas de Portinari. Os trabalhos são apresentados em sequência cronológica, em uma projeção com mais de oito horas de duração, mostrando um panorama da enorme diversidade de estilos que é a produção do artista.

CONFIRA ALGUMAS AS IMAGENS

 

EXPOSIÇÃO VIRTUAL

Clique na imagem para realizar um TOUR VIRTUAL pela exposição Portinari Raros no CCBB Rio!

Portinari Raros – Tour Virtual

 

SOBRE PORTINARI

PORTINARI. Foto: Reprodução Site Projeto Portinari

Candido Portinari nasce em 29 de dezembro de 1903, numa fazenda de café perto do pequeno povoado de Brodowski, no estado de São Paulo. Filho de imigrantes italianos, de origem humilde, tem uma infância pobre. Recebe apenas a instrução primária. Desde criança manifesta sua vocação artística. Começa a pintar aos 9 anos. E – do cafezal às Nações Unidas – ele se torna um dos maiores pintores do seu tempo.

Aos quinze anos parte para o Rio de Janeiro. Matricula-se na Escola Nacional de Belas-Artes. Em 1928 conquista o Prêmio de Viagem à Europa, com o Retrato de Olegário Mariano. Esse fato é um marco decisivo na trajetória artística e existencial do jovem pintor. Permanece em Paris durante todo o ano de 1930. A distância, pode ver melhor a sua terra. Decide: Vou pintar aquela gente com aquela roupa e com aquela cor…

Portinari retorna, saudoso de sua pátria, em 1931. Põe em prática a decisão de retratar nas suas telas o Brasil – a história, o povo, a cultura, a flora, a fauna… Seus quadros, gravuras, murais revelam a alma brasileira. Preocupado, também, com aqueles que sofrem, Portinari mostra em cores fortes a pobreza, as dificuldades, a dor. Sua expressão plástica, aos poucos, vai superando o academicismo de sua formação, fundindo a ciência antiga da pintura a uma personalidade experimentalista moderna. Segundo o escritor Antonio Callado, sua obra constitui um monumental livro de arte que ensina os brasileiros a amarem mais sua terra.

Companheiro de poetas, escritores, jornalistas, diplomatas, Candido Portinari participa da elite intelectual brasileira numa época em que se verifica uma notável mudança na atitude estética e na cultura do País. Este seleto grupo reflete, ainda, sobre os problemas do mundo e da realidade nacional. A escalada do nazifascismo e os horrores da guerra, bem como o contato próximo com as históricas mazelas do Brasil reforçam o caráter trágico da vertente social da obra de Portinari e o conduzem à militância política. Filia-se ao Partido Comunista. Candidata-se a deputado federal, a seguir a senador, não se elegendo porém em nenhuma das duas candidaturas. Mais tarde, com o acirramento da repressão política, exila-se por certo tempo no Uruguai.

O tema essencial da obra de Candido Portinari é o Homem. Seu aspecto mais conhecido do grande público é a força de sua temática social. Embora menos conhecido, há também o Portinari lírico. Essa outra vertente é povoada por elementos das reminiscências de infância na sua terra natal: os meninos de Brodowski com suas brincadeiras, suas danças, seus cantos; o circo; os namorados; os camponeses… o ser humano em situações de ternura, solidariedade, paz.

Pela importância de sua produção estética e pela atuação consciente na vida cultural e política brasileira, Candido Portinari alcança reconhecimento dentro e fora do seu País. Essa afirmação de seu valor se expressa nos diversos convites recebidos de instituições culturais, políticas, religiosas, para realização de exposições e criação de obras; nos prêmios e honrarias obtidos nas mais diferentes partes do mundo; na aura de amizade e respeito construída em torno de sua imagem; no orgulho do povo brasileiro, tão bem representado em sua obra.

Candido Portinari morre no dia 6 de fevereiro de 1962, vítima de intoxicação pelas tintas. Na última década de sua existência cria, para a sede da Organização das Nações Unidas, os painéis Guerra e Paz. Na concepção do diretor do Projeto Portinari, João Candido, essa obra-síntese constitui o trabalho maior de toda a vida do pintor. O mais universal, o mais profundo, também, em seu majestoso diálogo entre o trágico e o lírico, entre a fúria e a ternura, entre o drama e a poesia. Na avaliação do artista Enrico Bianco,  Guerra e Paz são as duas grandes páginas da emocionante comunicação que o filósofo / pintor entrega à humanidade.

 

SOBRE O CURADOR – MARCELLO DANTAS

Marcello Dantas. Foto: Divulgação.

Marcello Dantas é um premiado curador interdisciplinar com ampla atividade no Brasil e no exterior. Trabalha na fronteira entre a arte e a tecnologia, produzindo exposições, museus e múltiplos projetos que buscam proporcionar experiências de imersão por meio dos sentidos e da percepção. Nos últimos anos esteve por trás da concepção de diversos museus, como o Museu da Língua Portuguesa e a Japan House, em São Paulo; Museu da Natureza, na Serra da Capivara, Piauí; Museu da Cidade de Manaus; Museu da Gente Sergipana, em Aracaju; Museu do Caribe e o Museu do Carnaval, em Barranquilla, Colômbia. Realizou exposições individuais de alguns dos mais importantes e influentes nomes da arte contemporânea como Ai Weiwei, Anish Kapoor, Bill Viola, Christian Boltanski, Jenny Holzer, Laurie Anderson, Michelangelo Pistoletto, Rebecca Horn e Tunga. Foi também diretor artístico do Pavilhão do Brasil na Expo Shanghai 2010, do Pavilhão do Brasil na Rio+20, da Estação Pelé, em Berlim, na Copa do Mundo de 2006. Atualmente, é responsável pela curadoria da próxima edição da Bienal do Mercosul que ocorre em 2022, em Porto Alegre, e é curador do SFER IK Museo em Tulum, México. Formado pela New York University, Marcello Dantas é membro do conselho de várias instituições internacionais e mentor de artes visuais do Art Institute of Chicago.

 

SOBRE JOÃO CANDIDO PORTINARI

João Candido Portinari. Foto: Divulgação.

João Candido Portinari é o fundador e diretor-geral do Projeto Portinari, e único filho de Candido Portinari.
É matemático e engenheiro de telecomunicações (Paris 1963), com doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology, o MIT (1966).

Foi premiado com o Prêmio Jabuti, em reconhecimento ao Catálogo Raisonné da obra completa de seu pai, publicado em 2004, e também ganhou o prêmio Prêmio Sérgio Milliet, em 2005, e a Ordem do Mérito Cultural, sendo também eleito pela Associação Brasileira de Críticos de Arte como Personalidade do Ano em 2012, entre outros prêmios.

Também colaborou com vários livros sobre a vida e a obra de Portinari, com destaque para o livro “O Menino de Brodowski” (1979), e “Candido Portinari, o Lavrador de Quadros” (2003), entre outros.

 

 

Não deixe de assistir nossa live com João, quando deu uma verdadeira AULA MAGNA sobre a obra do seu pai:

 

SOBRE O PROJETO PORTINARI

Dezessete anos após a morte de Candido Portinari, o jornal O Globo publicaria:

Portinari, o pintor. Um famoso desconhecido. Mais de 95%  da obra do maior pintor brasileiro contemporâneo hoje é inacessível ao público, guardada em coleções particulares. O que foi feito do trabalho de um homem que, durante toda a sua vida, exprimiu emocionadamente a alma, o povo e a vida brasileira? O escritor Antonio Callado já havia denunciado também:

[…] Candinho se vai tornando invisível. Vai continuar desmembrado o nosso maior pintor, como o Tiradentes que pintou?

Em 1979 nasce o Projeto Portinari (www.portinari.org.br). Seu diretor, João Candido, dirigindo-se ao pai em carta-prefácio póstuma, que introduz a primeira publicação do Projeto Portinari, declara:

[…] é como brasileiro que me sinto no dever de trabalhar para que todos possamos nos reencontrar com tua obra e, através dela, com nós mesmos.

Inicialmente voltado para o resgate sistemático, minucioso e abrangente da vida e da obra de Candido Portinari, bem como da época em que viveu, o Projeto visa também colocar a obra do artista a serviço da tarefa maior de busca da nossa identidade cultural e preservação da memória nacional. Além disso, pretende contribuir para uma ação sociocultural ampla, voltada para melhor compreensão do processo histórico-cultural brasileiro. Empenha-se, ainda, em exercer uma atuação voltada especialmente a crianças e jovens, tomando por base os valores sociais e humanos presentes em todo o universo portinariano, para suscitar uma reflexão sobre a realidade brasileira e mundial. Assim Antonio Callado sente e descreve a iniciativa pioneira do Projeto Portinari:

“Na casa do arquiteto francês Grandjean de Montigny, há um trabalho de amor e técnica que fixa para a posteridade a obra de Portinari… Pessoalmente ainda não vi, no Brasil, um trabalho tão minucioso e tão inteligente para manter viva a memória de um artista… um projeto que constitui um marco histórico: é assim que um país se firma nas suas raízes culturais…”

O resgate pelo Projeto Portinari da memória da vida, da obra e da época de  Portinari se processa por meio do levantamento, organização e pesquisa de informações, bem como da digitalização de imagens. Nessa perspectiva, o Projeto  já apresenta os seguintes resultados: levantamento de 5.300 pinturas, desenhos e gravuras atribuídos ao pintor, assim como de mais de 25 mil documentos sobre sua obra, sua vida e sua época; pesquisa da autenticidade das obras (“Projeto Pincelada”); processamento digital das imagens; organização do arquivo de correspondência (mais de 6 mil cartas) e do acervo de fotografias históricas, filmes e recortes de mais de 10 mil periódicos, livros, monografias, textos e memorabilia; registro de mais de 70 depoimentos de artistas, intelectuais, políticos, amigos e parentes de Portinari, totalizando mais de 130 horas gravadas (“Programa de História Oral”); publicação do Catálogo Raisonné “Candido Portinari – Obra Completa”, primeira publicação dessa natureza em toda a América Latina.

A atuação sociocultural do Projeto Portinari se dá pela disponibilização da obra do artista ao público, a exemplo da produção da primeira exposição retrospectiva da obra de Portinari – mostra realizada em 1997, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP); da edição e/ou participação na edição de publicações alusivas a Portinari; da criação de material para divulgação da vida e da obra de Portinari;  do planejamento e execução do “Projeto Guerra e Paz” – restauração dos painéis em ateliê aberto a estudantes e público em geral, no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, além de exposição ao público do Brasil e do exterior.

No campo socioeducativo o Núcleo de Arte-Educação e Inclusão Social  implementa projetos de ensino-aprendizagem que associam diretamente a obra de Portinari aos princípios de uma Cultura de Paz. Podem ser citados, entre outros, a exposição itinerante “O Brasil de Portinari”; o projeto “Se eu fosse Portinari”; as  exposições “Portinari – Arte e Ciência” e “Tempo Portinari”; o projeto “Portinari – Arte e Meio Ambiente”; o programa educativo do “Projeto Guerra e Paz”; o projeto “Portinari – Bauzinho do pintor”: a primeira edição, dedicada à literatura,  relaciona a obra do artista ao livro Menino de Engenho, de José Lins do Rego; a segunda associa a pintura de Portinari a questões do meio ambiente.

É importante ressaltar, ainda, o fato de que, desde sua criação dentro da área científica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, o Projeto Portinari busca interagir com outros campos do conhecimento, em especial os de ciência e tecnologia, no sentido de criar e adaptar novas metodologias e técnicas que possam ser úteis a pesquisadores e instituições empenhadas em projetos congêneres.

Em reconhecimento ao trabalho que desenvolve, o Projeto Portinari conta atualmente com o patrocínio das empresas Queiroz Galvão Exploração e Produção, Ibope e Megadata; e os apoios do Ministério da Cultura, da PUC-Rio, da Portinari Licenciamentos, do escritório Luís Guilherme Vieira Advogados Associados, da Nauru e da Galeria Dom Quixote.

E do poeta Carlos Drummond de Andrade mereceu as seguintes palavras: “Trabalham discretamente os executantes do Projeto, mas deve cercá-los a confiança e o carinho dos que pensam no Brasil de amanhã nascendo do espírito e das mãos dos brasileiros de hoje.”

É fundamental mencionar que o trabalho do Projeto Portinari não teria chegado aonde chegou sem a colaboração e o empenho dos pesquisadores e profissionais que, com seu trabalho, contribuíram para a criação do acervo do Projeto Portinari e, mais amplamente, para o seu desenvolvimento em suas diversas áreas de atuação. Foram eles: Adriana Kauffman, André Arraes, Angela Lessa, Angela Villela, Angela Maria Mega e Chagas, Antonio Gusmão, Antonio Roberto Neiva Blundi, Carolina Matheus, Celso Alves da Cruz, Christina S. Gabaglia Penna, Ciro Mariano, Claus Meyer, Daniel Benevides, Daniel Menascé, Daniel Schwabe, Enrico Bianco, Fábio Ruiz, Georges Svetlichny, Georgina Staneck, Guilherme Teixeira, Ingrid Beck, Jean Boghici, Jean-Paul Jacob, José Antonio Faria Corrêa, Jussara Celestino, Kátia Nunes Machado Braune, Leonel Kaz, Letícia Brandão, Lúcia Meira Lima, Luís Fernando Diniz Junqueira Barbosa, Luiz Felipe Moraes, Luiz Tucherman, Madalena Diegues, Marcello Dantas, Márcia de Oliveira Castro Lopes, Marcos Leite de Araújo, Marcos Martins, Maria Christina Guido, Maria do Carmo Alves, Maria Helena Magalhães Castro, Maria Lúcia Faria Rodrigues, Maria Pierina Camargo, Maria Rita Gaivão, Marisa Marques, Nicolau Drei, Paula Ypiranga dos Guaranys, Paulo Costa Ribeiro, Peter Schneider, Queiroz, Raul Renteria, Regina Ferraz, Richard Romero, Robson Mattos, Romulo Fialdini, Rosana de Saldanha da Gama Lanzelotte, Rose Ingrid Goldschmidt, Rui Milidiu, Salvador Monteiro, Sidney Paciornik, Simone Diniz Junqueira Barbosa, Solange de Oliveira e Almeida, Sueli Medeiros, Vera Madalena de Lira, Vera Maria de Abreu Alencar e Walter Annibal Etchegarray.

 

SERVIÇO

Exposição Portinari Raros

  • Funcionamento: Segunda, quarta a sábado, das 9h às 21h. Domingo, das 9h às 20h.
  • Fechado às terças-feiras.
  • Classificação indicativa: livre
  • Entrada gratuita.
  • Ingressos disponíveis na bilheteria do CCBB RJ ou pelo site/app  Eventim: bit.ly/ccbbrjeventim
  • Curadoria: Marcello Dantas
  • Produção: Magnetoscópio
  • Patrocínio: Banco do Brasil
  • Apoio: Projeto Portinari
  • Assessoria de Imprensa CCBB RJ: Giselle Sampaio (21) 3808.2346 / gisellesampaio@bb.com.br
  • Informações para a imprensa: Midiarte Comunicação
    Beatriz Caillaux
    beatriz@midiarte.net
  • (21) 98175.9771
  • www.midiarte.net

 

 

Site do Projeto Portinari: www.portinari.org.br

 

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