Coluna de ROSE ARAUJO

O PAPA DOS AFETOS
Dia plúmbeo. Segunda-feira pós Páscoa, espremida entre feriados, que em nada se espelha e a nada se assemelha.
Experimento a finitude concreta, envolta em promessa e mistério. Pingos de chuva encharcam a alma, suspendem o tempo em dia cinza-luto. Nuvens embargam o choro em bandeiras a meio mastro, pelos pontos cardeais de toda a Terra.
Francisco, Papa deste e de outros mundos, dialoga e acolhe, semeando vida. Presenteou o mundo com olhar sensível e humano, terno, forte e poético sobre as minorias aflitas e marginalizadas nesse vale de ossos secos, convidando à reflexão e à partilha do pão, enquanto vida. Francisco traz à luz temas, dilemas e chagas sociais, afeta líderes mundiais, dialoga soluções reais: pastoreia em sandálias franciscanas. Sim, Francisco nascido Jorge, pastoreia.
Sua ida é sentida por todos os povos, culturas e dimensões além-mundo, além- credo, além-instituição: Francisco-intuição, que religa o humano a Deus e Deus à toda a sua criação.
Trago à memória o meu despertar nesse dia.
Noite mal dormida, onde palavras disputavam protagonismo em uma manhã que – até então eu não sabia – nos seria singular.
Despertei com versos prontos, pedindo-me para serem anotados. Hoje releio o guardanapo, desconexo, ali disposto no café da manhã:
Missão
Paz
Missão
Paz
Anotei, antes que revoassem e pousassem em outro lugar. E logo compreendi, ao acessar o noticiário.
Então, coloquei-me em palavras, enxugando os olhos, em um choro de quem perde um parente, um amigo, uma esperança, um pai, um tio, um irmão. Organizo pensamentos ao longo do tempo, que elucida e digere, amainando os dias.
A vida distrai-se em mim e em fração de segundos rebobino o filme do Sumo Pontífice, que aguçava a escuta ao poder transformador do amor, da justiça, da tolerância e da fé. O Papa agia, abria os braços encurtando distâncias, credos e culturas, promovendo o diálogo em terras áridas.
Reconheço no Papa Francisco alguns versos do meu poema Afe[s]tividades
“Ele gosta de gente
que gosta de gente
que gosta de bicho
que gosta de livro
que gosta de planta
Gosta de gente que sente…”
E a Praça São Pedro o ama também, tornando-se o coração do mundo em mesclas de sotaques e origens, durante esse período.
Na loja de conveniência percebo um menino de boné azul, com um chocolate na mão e em papo com o espaço, como se falasse com o Pai e indagasse sobre os seus propósitos. O dia segue gris.
Encerra-se um ciclo e Roma amanhece com jeito de despedida. Cumpre-se o ciclo e entregamos seu corpo nos braços de Maria.
Em curso os preparativos para o Conclave, a sete chaves. Aguardamos novo nome a honrar o legado. A fumaça branca anunciará: Habemus Papa.
Que nos chegue em codinome Speranza,
em missão de acolhimento, afeto e paz.
A Deus, Francisco
Adeus, Francisco
: gratidão!


ROSE ARAUJO

Rose Araujo. Foto: Divulgação.












Perfeição de texto!
Obrigada, querido Jamiro.
Foi a minha percepção, transbordante em emoção. Bjs
Que linda inspiração da nossa querida poeta, Rose Araújo. Emocionante e bela!
Muito obrigada, querida Arlete.
Não há como não sermos afetados pelo Papa transbordante em afetos! Bjs
Texto emocionante e emocionado. Tocante, justo, completo. Mais uma poesia em prosa ou prosa feita de poesia dessa artista das almas e das letras. Parabéns!
Muito obrigada, querido amigo e poeta Tanussi. Sim, foi minha homenagem, transbordando emoção…bjs
Realmente maravilhoso seu texto-poema. Sentimentos se desdobram em lágrimas e gestos de eterno afeto.
O dia de hoje será inesquecível, no rumo a eternidade. O Papa líder deixou um legado que seu texto traduz com elegância, fé e emoção. Amém e axé, viva o Papa Francisco, pastor da justiça e jardineiro de amores.
Parabéns!
Obrigada, meu amor!
Viva o Papa dos Afetos. Viva!
Rose, querida!
Muito me encantou sua prosa/poesia. Quanta verdade sobre Francisco e quanta expressão humana, poética, concreta e bela dita por você!
Muito me alegrou e emocionou!
Louvo a Deus por você e pelo dom que Deus te deu e você partilha com a gente!
Beijo e abraço com carinho!
❤️ Marília Schüller
Lindo, Rose! Vc conseguiu colocar em palavras o sentimento de todos os que sentimos dor com a partida de Francisco!
Amém, flor,
que sejamos sempre humanos e atentos…
Bj
Parabéns, Rose! Suas palavras traduziram com emoção e beleza tudo que o Papa Francisco representa e do porquê essa perda nos toca tanto
Sim, flor,
que propaguem o seu pastorado!
Bj
Flor, que lindas palavras.
Sua sensibilidade me emociona.
Parabéns sempre e o meu abraço
e meu beijo de admiração.
Glória Dahia
Amém, flor!l,
irmanados/as em oração!
Bjinho
Que lindo, Rose! Poético, amoroso, emocionado como o homenageado. Parabéns!
Amém, flor…apenas transborde a minha emoção! Bjs
Parabéns também pela sua coluna, sempre uma bela e sensível surpresa…Obrigada. Bj
Que beleza, Rose!
Quando vi essa mensagem aqui interrompi a leitura de um livro e fui conferir. Adorei!.
O livro que estou lendo e recomendo a todos é a biografia do Paulo Leminiski, escrita por Toninho Vaz. O título é “O bandido que sabia latim”. É fundamental pra quem quiser conhecer a obra e a vida atribulada do grande poeta curitibano.
Abraço, Roberto Ferreira
Jornalista
Obrigada, Roberto,
que sejamos mais e mais afetados e afetivos…Evoé! Bj
Quanta sutileza e delicadeza, Rose querida traduzindo toda a tristeza da despedida de um símbolo da humildade, bondade, generosidade e afeto com seu rebanho! Ele ficará para sempre em nossos corações. Que venha a fumaça branca em codinome Speranza!
Amém, querida Denise…amém!
Esperançar! Bj
É muita emoção. Esse entendeu o que significa esperança. Muito amor envolvido. Parabéns, Rose.
Obrigada, amigo poeta, foi uma semana de despedida, emoção e gratidão. Bj
Linda e forte essa prosa poética em homenagem ao Papa Francisco. que nos deixou. Uma sensação de completude, profundo e sincero: o leitor capta a admiração da poeta logo de início e com facilidade.
Rose dominou a respiração, como se fosse um longo poema. E isto não é fácil!
Parabéns, belo trabalho!
Estrela de Matos
Belíssimo e inspirado texto que revela todo o amor e admiração pelo Papa Francisco, que surge nas entrelinhas como um irmão, um ente com quem se compartilha afinidades, intimidades, sintonia, reciprocidade! Sem contar a poesia, sempre presente nos seus escritos, em prosa ou verso.