Saudações, pessoas! Hoje é domingo, todo mundo em casa, então eu queria fazer essa conversa semanal com vocês de uma forma bem relax, bem tranquila. Então pus o título de “Botequim Fotográfico”. Agora já podem pedir a cerveja estupidamente gelada e as batatas pra gente começar a conversa.
Semana passada conversei muito por alto com vocês sobre a Carl Zeiss. Na continuação do meu vídeo no Canal Analógico Lógico, no YouTube, faço uma avaliação de uma de suas lentes mais famosas: a Biotar! Até o nome é gostoso de falar. Quando eu me refiro genéricamente a ela, estou querendo me referir ao modelo de 58mm f/2, que considero o mais famoso, não por ser melhor que as outras versões, mas, principalmente por ser menos raro de achar e devido ao fato de haver inúmeras “cópias”, não dele exatamente, mas de seu projeto óptico, pois no decorrer da Segunda Guerra, a indústria alemã foi devastadoramente bombardeada e quando a guerra terminou e houve a divisão da Alemanha, a fábrica da Zeiss, em Jena, ficou do lado oriental e a União Soviética levou todo o maquinário, peças e vidros ópticos da Zeiss para dentro de seu território, onde todos os seus projetos foram molecularmente copiados e reproduzidos em diversas fábricas na Rússia, pela KMZ (Krasnogorsk Mechanical Zavod), na Belarrússia pela MMP (Mincan Mechanical Zavod) e na Ucrânia pela Kiev Arsenal, dentre outras, como Valdai e Vileika…
Então nessa estória, grandes – até então – segredos corporativos foram expropriados e iniciou-se a fabricação em massa de equipamentos fotográficos do lado oriental. Quase todas réplicas de máquinas alemãs, como as Leica, as Contax, Praktiflex… E que vinham equipadas com lentes genéricas que eram tão boas, e as vezes até melhores, que as originais (mas não contem pra ninguém!). E quase toda essa produção era destinada à exportação, como forma de angariar fundos pelas perdas da guerra.
Outro detalhe interessante nesse processo é que esses equipamentos, invariavelmente, eram divididos em dois grupos: o para exportação e o para venda no mercado interno. O primeiro grupo parecia ter um esmero maior na produção e não só em termos de um melhor acabamento mas, também, um melhor refinamento como, por exemplo, lentes com um coating melhorado, que geralmente eram indicados com gravações como um “T” ou um “V” vermelho ou um “MC”ou um “1Q”, no caso das câmeras.
Mas e as Biotar? Vocês devem estar se perguntando. Bom, a resposta é simples! Não, mentira, não é tão simples assim. Mas, resumidamente, elas foram clonadas e se tornaram simplesmente a lente de maior produção da história! Uma produção tão enorme, com tantas variações e modelos feitos por tantas e tantas fábricas, que nem se tem mais ideia de quantos milhões de modelos foram produzidos da famosíssima lente Helios 44, de 58mm f/2, exatamente como sua querida e cara irmãzinha, a Biotar. Legal, né? Tendo sido feita por diversos fabricantes, as vezes simultaneamente, em várias “evoluções”, marcadas por letra e números, como: 44, 44-2, 44-M, 44-K, 44-M-3…
Fato curioso é que a lente se apropriou, inclusive, do nome do design óptico, pois se chamando Helios (sol, em grego), fazia referência direta ao design Sonnar (sonne = sol, em alemão), das Biotar.
Espero que tenham gostado de nossa conversa e aguardo a visita de vocês no Canal Analógico Lógico, para aprofundarmos essa e outras estórias.
Um grande abraço, uma boa, linda e gloriosa semana para todos. Hare, Hare!
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