Da Amazônia à Marighella: o ativismo como protagonista do 21º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro

 

A 21ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro  começou em grande estilo com seu coapresentador Silvero Pereira interpretando Sujeito de Sorte de Belchior. O figurino todo espelhado remetia a uma disco ball que refletia feixes de luz e iluminavam o teatro inteiro. Foi uma apresentação de tirar o fôlego! Então, completando a dupla de apresentadores, Camila Pitanga logo acrescentou à letra ano passado eu morri/mas esse ano eu não morro com a frase a gente quer o Lula de novo – puxando da plateia, frisas e camarotes o coro o le o le ole ola Lula Lula! Em seguida, o Prefeito Eduardo Paes fez uma aparição reforçando a importância das artes e garantiu estímulo ao audiovisual durante seu mandato, reforçando que a próxima edição do Prêmio já está garantida e com espaço reservado.

Após anúncios dos apoiadores, começou a aguardada entrega dos prêmios. Na categoria Série Brasileira Animação para TV Paga, o prêmio foi para Angeli the Killer do Canal Brasil, e Transamazônica – Uma Estrada para o Passado foi eleita melhor Série Documental para a HBO. Em Série Brasileira de Ficção, a Amazon Prime recebeu o prêmio para TV Paga com Dom da Amazon Prime, que conta a história do jovem filho de policial que deixa de ser apenas usuário de drogas e se torna um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro. Também se passa na cidade a série Sob Pressão, vencedora da mesma categoria, mas em modalidade de TV Aberta. A produção teve reconhecimento ao longo de suas 5 temporadas retratando os desafios enfrentados por médicos de hospital público e recebeu o prêmio após abordar a pandemia.

Andréa Cursino. Foto: Instagram.

A crítica do Cinema para Sempre, Andréa Cursino, também foi conferir a premiação e comentou:

“A Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais lotou a Cidade das Artes com artistas, técnicos e jornalistas que estavam aguardando os resultados dos premiados das 32 categorias. Os mestres de cerimônia deram um show a parte. A atriz Camila Pitanga e o ator Silvero Pereira. A Atual Presidente da Academia fez um belíssimo discurso e emocionante ao fazer história. É sua primeira vez no palco da premiação exercendo essa função. A produtora Renata Magalhães foi aplaudida e anunciou a homenagem especial para Produtoras Mulheres no audiovisual.  Um show lindo com efeitos de projeção, música, espontaneidade com direito até Camila Pitanga entrevistando o Prefeito Eduardo Paes que deixou a plateia animada em garantir que o Prêmio já está garantido na cidade enquanto seu mandato perdurar. Também falou sobre editais e que o Rio de Janeiro precisa recuperar seus eventos na cidade. Aconteceu um atraso na premiação, mas problemas fazem parte de qualquer evento. Apesar disso, o evento foi um sucesso! Que venham novas obras para concorrer na premiação do ano que vem!” (Andréa Cursino, Crítica de Cinema e admin do Cinema para Sempre – @cinemaparasempre)

Os Curta-metragem ganhadores foram: Mitos Indígenas em Travessia (Animação), Yaõkwa, Imagem e Memória (Documentário) e Ato (Ficção). Ato foi dirigido por Bárbara Paes, que havia vencido na categoria de Longa Documentário por Babenco (2019). Esse ano, quem foi eleito foi A Última Floresta, de Luiz Bolognesi, que também ganhou em Montagem Documentário. O produtor Luiz Bolognesi foi receber o prêmio com seu corroteirista Davi Kopenawa Yanomami – escritor, xamã e líder político – que foi aplaudido de pé ao discursar sobre a importância de lutarmos pela floresta amazônica, os povos indígenas e sua cultura.

Hector Babenco em cena de “Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou” — Foto: Divulgação

Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente recebeu Menção Honrosa como Longa de Animação e venceu Trilha Sonora, Contos do Amanhã teve melhor Efeito Visual, Piedade ganhou melhor Montagem Ficção e Turma da Mônica – Lições foi o melhor Longa Infantil. A produtora Julia Rezende recebeu o prêmio de Longa-metragem Comédia por Depois a Louca Sou Eu e homenageou seu pai, Sérgio Rezende, diretor de Guerra de Canudos (1997). Eleito o melhor Filme Ibero-americano foi Ema de Pablo Larraín, do Chile, e Nomadland de Chloe Zhao foi o melhor Filme Internacional.

O filme escolhido para representar o Brasil no Oscar 2021 – Deserto Particular – recebeu o prêmio em Roteiro Original, enquanto Veneza, de Miguel Falabella, saiu vitorioso nas categorias de Maquiagem e Atriz, para Dira Paes. Em Ator e Atriz Coadjuvantes foram premiados Rodrigo Santoro, por 7 Prisioneiros e Zezé Motta, por Doutor Gama. Nenhum dos dois estava presente, mas o diretor Jeferson De recebeu o prêmio pela atriz repetindo seu nome 13 vezes e foi acompanhado pela audiência. Por outro lado, Daniel Filho estava presente, mas acabou indo embora pouco antes de receber o prêmio de Melhor Direção por O Silêncio da Chuva.

Cena de Mariguella de Wagner Moura. Foto: Divulgação.

Um dos prêmios mais cobiçados da noite, o de Voto Popular, ficou com Auto da Boa Mentira, de José Eduardo Belmonte, mas o grande vencedor do 21º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro foi a estreia de Wagner Moura como diretor – Marighella. Tive a sorte de me sentar duas cadeiras atrás dele durante algumas categorias; ele era bastante discreto e poderia passar imperceptível aos olhos desatentos, mas é quase impossível não reparar na voz potente que ovacionava com empolgação os profissionais envolvidos com seu filme. Marighella teve 18 nomeações e 8 vitórias em Figurino, Direção de Arte, Som, Direção de Fotografia e Roteiro Adaptado, além de ter sido premiado com Melhor Ator para Seu Jorge – que interpretou o personagem título, Primeira Direção de Longa-metragem para Wagner Moura, e a categoria principal de Longa-metragem Ficção. O prêmio de diretor foi recebido ao lado do filho, que disse algumas palavras sob um nervosismo que não foi capaz de mascarar o grande orgulho e apreço pelo pai. Mesmo contando com uma vasta carreira na indústria, Wagner Moura impressiona com o sucesso alcançado em uma primeira experiência na direção; mas não é de se espantar que tal feito seja de um dos brasileiros mais bem sucedidos no audiovisual mundial.

Em falar de aclamação internacional, 2022 marca os 60 anos da Palma de Ouro de O Pagador de Promessas, e o produtor Oswaldo Massaini e o ator Antonio Pitanga foram devidamente homenageados e aplaudidos de pé por todo o teatro. Essa edição do Prêmio também contou com homenagens às produtoras mulheres, como a apresentação da música Maria, Maria de Elis Regina na voz de Silvero Pereira.

 

CONFIRA AS IMAGENS DO TAPETE VERMELHO

(Fotos: Jansen e Studio Bruno Jordão)

 

INDICADOS E VENCEDORES

 

Foi uma honra acompanhar de perto a maior celebração da TV e do cinema brasileiros, uma experiência inesquecível. É reconfortante perceber que tantos indicados e vencedores abordaram temas muito relevantes à atual realidade do país, demonstrando que nossa cultura está em mãos que prezam pelo respeito aos povos, à natureza, às artes, à democracia.

 

CINTHIA SAYURI

 

 

 

 


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