OS IRMÃOS WILLOUGHBY: Uma animação extravagante, trágica e fofa

 

Baseado no livro “The Willoughby”, escrito por Lois Lowry, a história de “OS IRMÃOS WILLOUGHBY” pode lembrar outras obras como “Desventuras em Séries” ou “A Família Addams”, apenas em alguns aspectos, seja na narrativa ou na composição dos personagens, mas mesmo com tal comparação o filme dirigido por Kris Pearn consegue apresentar uma identidade própria, usando como base de referências essas obras citadas e com um enredo que, apesar de não ser original, consegue desconstruir a estrutura padrão desse tipo filme.

Poderíamos estar falando de mais um filme de animação sobre família e crianças se envolvendo em uma situação desesperadora de uma maneira exagerada e entusiasmante para o público, mas um dos acertos do filme é que seu roteiro consegue se esquivar de todos os caminhos óbvios, a ponto de nos surpreender sempre com o rumo que foi tomado devido a escolha dos personagens, o que não é nem um pouco convencional dentro desse gênero, já que o roteiro brinca bastante, misturando o trágico com o cômico, sem deixar que as pequenas desgraças criem um ritmo depressivo. Ao invés disto, o diretor mantém um certo ânimo, mesmo na cena mais trágica da história entre o segundo e terceiro ato.

Cena de “Os Irmãos Willougby”. Foto: Divulgação.

Apesar de acompanharmos a jornada dos irmãos Willoughby, a história deles é narrada por um Gato (Ricky Gervais) que, além de ser o narrador,  também é usado como um “easter egg”, aparecendo em lugares bem inusitados, dando a sensação que está sempre de olho em tudo o que ocorre. Apesar dele ter certo carisma pelo seu tom de voz irônico de narrar o filme, acaba reforçando muitas vezes o que já tinha sido mostrado ou  interfere no caminho dos Willoughby em momentos em que esta intervenção não era totalmente necessária para dar continuidade a história durante o primeiro ato.

O roteiro ainda desconstrói a estrutura clássica dos protagonistas órfãos que perderam os pais em algum acidente ou em alguma tragédia que mais tarde vai voltar para afeta-los, revertendo um pouco essa situação, onde as crianças tentam criar um jeito para eles se tornarem órfãos, já que seus pais são um casal de narcisistas, arrogantes, desnaturados que não dão a mínima para os filhos, o que faz o público torcer para o plano das crianças dar certo. Querem mandar os pais para um lugar remoto e perigoso com o intuito de não conseguirem voltarem ou até acontecer coisa pior, mas trabalhando esse humor negro de forma bem sutil para que não cause reações negativas no público mais infantil, acrescentando recursos exagerados e um tanto surreais para disfarçar a parte sinistra desse plano, embora o caráter horrível da Mãe (Jane Krakowski) e do Pai (Martin Short) já ajudam o espectador a não se importar com eles.

Cena de “Os Irmãos Willougby”. Foto: Divulgação.

Diferente do casal egoísta, os irmãos Willoughby tem uma dinâmica peculiar que funciona bem, tanto juntos quanto separados : Tim (Will Forte), o primogênito que sofreu mais com a negligência dos pais, tem uma personalidade mais conservadora quando o assunto é manter a honra e a tradição da família Willoughby, uma tradição que fora quebrada pelo seus pais, pois sempre o culpam por tudo de ruim que acontece com eles, mesmo ele não tendo nada a ver com o que está sendo acusado, o que faz com que seja muito grande sua desconfiança com outras pessoas que não seja um Willoughby, a ponto de ser quase tão egoísta quanto os seus pais, logo um traço compreensivo de sua personalidade, mesmo tendo boas intenções pois quer proteger seus irmãos. Muito diferente de sua irmã Jane (Alessia Cara), uma garota que, mesmo nem sendo notada pelos seus pais, tenta enxergar o que existe no fim do arco-íris, tendo uma grande imaginação, sendo a dona de várias grandes ideias entre os seus irmãos, além de ter uma alma musical que é mostrada muitas vezes quando tenta cantar fora de hora, mas que é sempre interrompida, para que o ritmo também não fique totalmente maçante pro um número musical desnecessário. Os caçulas, os gêmeos Barnaby A e B (Seán Cullen) são os personagens mais estranhos da história, devido ao modo como um trata o outro de forma como eles estivessem conectados, completando a frase um do outro, dividindo o mesmo e único suéter que possuem, além de terem uma mente criativa, pois criam diversas invenções que ajudaram os quatro a sobreviverem e se entreterem na ausência das figuras paternas.

Cena de “Os Irmãos Willougby”. Foto: Divulgação.

Como em muitas animações, o diretor trabalha ao redor de um tema que vai se desenrolando ao longo da trajetória dos irmãos Willoughby, no caso, essa questão familiar é mostrando que não é preciso que tenha uma grande tradição para ser uma família digna de seu nome. Nesta animação interessante há mais sutileza em seu desenvolvimento que em seu desfecho, pois neste faltou um pouco de dedicação e originalidade, já que expõe essa temática por completo no final, sendo que o filme inteiro fugiu dessa fórmula padrão.

O que também nos chama a atenção é a técnica de animação utilizada, embora seja uma animação que foi desenhada com tecnologia 3D, a estética lembra muito a técnica Stop Motion, por causa da textura dos cenários e dos personagens, com bastante profundidade e dimensão, além da movimentação que parece muito como se o filme fosse feito com várias fotografias em sequências, dando a sensação que parece estar faltando um frame entre os movimentos, dando um charme e elegância para a animação.

CONFIRA O TRAILER:

 

 

 

 

Os Irmãos Willoughby é uma animação extravagante, divertida, que consegue ter um humor Sombrio, mas utilizado de forma bem sutil sob um tema piegas e bem desenvolvido pela direção.

Os Irmão Willoughby é uma produção original da NETFLIX e já está disponível em seu catálogo.

NOTA: 8

BRUNO MARTUCI


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Colaborador de CINEMA & SÉRIES dos sites ARTECULT.com, The Geeks, Bagulhos Sinistros, entre outros.

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