Para essa postagem de estreia, escolhi um livro muito legal que li ano passado e que, ao mesmo tempo em que me deixou muito reflexiva, me garantiu gostosas gargalhadas.
Trevor Noah é um famoso comediante na Inglaterra. Nascido e criado na África do Sul, sua infância e adolescência se desenrolaram no apagar das luzes do apartheid (regime de segregação racial que vigorou em seu país até 1994). Nesse livro, ele conta histórias de sua vida.
A questão racial é central na narrativa de Noah. Ele tem perspectiva diferente de outras que eu já conhecia. Sendo filho de mãe preta e pai branco, ele cresceu meio sem lugar em uma sociedade racialmente segregada. Por isso mesmo, o livro se intitula “Nascido do crime”.
Nos bairros negros em que morou, era visto como um garoto branco. Aliás, ele escreve de maneira bastante didática e é bem-sucedido ao explicar ao leitor as classificações raciais do apartheid sul-africano. Como é de se supor, elas não fazem o menor sentido, o que reforça um dos principais argumentos de Trevor: a ideia de que racismo não possui qualquer racionalidade. Eu discordo frontalmente dessa concepção dele, mas o livro é uma autobiografia. Não é uma tese de sociologia.
Noah fala de coisas sérias, pesadas e tristes, mas o livro nem de longe é um drama. Muito pelo contrário. É bastante evidente tratar-se de um comediante. Algumas histórias que ele conta são absolutamente inacreditáveis. Uma em específico me fez chorar de tanto de rir.
“Nascido do crime” é uma ótima leitura. É bem escrito, tem um ritmo super fluido, é didático ao explicar como funcionava o Apartheid, expõe as estruturas – e as contradições – do racismo em seu país, te faz rir e te faz chorar.
DICA DA TAIS:
Título: Nascido do crime – histórias da minha infância da África do Sul
Autor: Trevor Noah
Editora: Verus (2020)
Páginas: 311