M3GAN: Novo filme produzido por James Wan é consciente da sua estrutura nada inventiva, por isso mesmo, funciona

 

Resumindo “M3gan” em uma frase, podemos dizer que a nova produção de James Wan (“Jogos Mortais” e “Invocação do Mal”) e dirigido por Gerard Johnstone é um reboot do reboot (“Chucky”) de “Brinquedo Assassino (“Child’s Play”).

Cena de “M3GAN”. Foto: Divulgação Universal Pictures

Para quem já assistiu o reboot lançado em 2016, vai notar as comparações logo de cara, começando com a criança solitária que faz amizade com um boneco de inteligência artificial. O boneco transforma a criança no principal foco e dedicação de sua existência, a ponto de provocar diversas crueldades com quem a machuca, gerando uma onda de assassinatos.

 

Cena de “M3GAN”. Foto: Divulgação Universal Pictures

É bem óbvio que a estrutura básica do roteiro pegou bastante do último filme da franquia “Chucky” dos cinemas para a construção da história de M3gan, entretanto, o filme consegue fugir de ser uma cópia do reboot de  “Brinquedo Assassino”, pelo tratamento de Johnstone com o longa, abordando questões familiares que não são vistas no último filme do “Chucky”.

Cena de “M3GAN”. Foto: Divulgação Universal Pictures

Toda a construção do arco de Cady (Violet McGraw),  desde o acidente que provocou a morte de seus pais, é bem feita, além de ser crucial para a criação de M3gan, ao mostrar que ela é o trabalho principal de Gemma (Allison Williams) com o objetivo de criar um brinquedo definitivo para não somente entreter as crianças, mas também interagir e reconfortá-las quando os pais não tiverem tempo, o que é uma ilustração sobre como distrair as crianças com tecnologia, usando-a como uma ferramenta de aprendizado e entretenimento, para que os pais possam ter mais tempo para si sem estabelecer limites de uso. Mas essa situação pode fugir do controle, o que também o diretor aborda bem, brincando até mesmo com certas ironias, com a protagonista colocando a sobrinha para interagir com outras crianças, e deixar a M3gan de lado por um minuto, enquanto ela fica no celular trabalhando. Isso é algo que é bem estruturado desde o início do filme, ao mostrar como Gemma é bem dependente da tecnologia, a ponto de criar brinquedos tecnológicos para facilitar a vida dos pais, o que de certa forma, a ajuda na criação de M3gan, colocando a boneca para interagir com a sobrinha, enquanto ela foca no lançamento para o público, sem pensar muito nas consequência do que acaba vindo à tona de forma bem violenta.

Cena de “M3GAN”. Foto: Divulgação Universal Pictures

Quando chega a hora do filme ser mais agressivo, colocando M3gan para proteger Cady de forma cruel, inicialmente a direção apela para jump scares gratuitos para a construção da atmosfera, mas nenhum deles representa um perigo real para os personagens, só depois que M3gan persegue suas vítimas é que a tensão começa a crescer por conta da sua movimentação, além de sua aparência que imita o visual de uma menina, mas sem perder os traços artificiais de uma boneca, o que faz seu rosto cair na zona da estranheza, algo que combina bem para o tipo de filme, provocando certo desconforto toda vez que a câmera foca nela, mostrando seu rosto sem emoção. Isso deixa o espectador aflito por não saber o que está pensando, deixando apenas a sugestão óbvia, que ainda assim, causa arrepios.

Cena de “M3GAN”. Foto: Divulgação Universal Pictures

O que talvez distancie “M3gan” com qualquer filme da franquia “Chucky’ é como o diretor não leva o filme tão a sério, em momentos de interação que claramente poderia ficar desleixado e ridículo, a direção assume esses momentos pontuais e os transforma em um momentos cômicos, que ocorrem antes da matança começar, deixando o humor na medida certa para que, quando a violência surgisse, esse tom cômico sumisse sem quebrar o ritmo.

Cena de “M3GAN”. Foto: Divulgação Universal Pictures

O roteiro desenvolve bem as três personagens principais do filme, não só de forma separada, mas de modo complementar uma com a outra, amarrando bem a superação do trauma de Cady com a forma como Gemma a ajuda a passar por isso, junto com a motivação e existência de M3gan que, por um lado, é bem compreensível, mas por outro, aborda todo conceito ético que M3gan acaba ignorando para proteger Cady a qualquer custo, sempre encontrando um jeito de contornar os rastros de morte que deixa pelo caminho.

Confira o trailer:

 

“M3gan” definitivamente não consegue fugir das comparações de outros filmes de bonecos assassinos feitos anteriormente, mas o roteiro e a direção são conscientes disso, o que fax exatamente por isso M3gan funcionar.

NOTA: 7

BRUNO MARTUCI

 

 


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Colaborador de CINEMA & SÉRIES dos sites ARTECULT.com, The Geeks, Bagulhos Sinistros, entre outros.

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