O autor Décio Torres Cruz, membro da Academia de Letras da Bahia e da Academia Contemporânea de Letras de São Paulo, lança o livro Histórias roubadas pela Editora Penalux (2022). A obra traz 22 contos de diversos temas, que retratam personagens inusitados e cenários de diferentes cidades do Brasil e do exterior, misturando técnicas de vários gêneros e vertentes – poesia e teatro, literatura pop e cinemática. Tendo como fio condutor o roubo e a escrita de histórias, alguns dos contos se intercalam num interessante jogo intertextual, com citações e referências.
O lançamento será no dia 30/11, no Bar Ernesto, Rua da Lapa 41, Centro, RJ. O livro conta com orelha do escritor Lima Trindade e texto da quarta capa escrito pela premiada escritora portuguesa Teolinda Gersão. Ainda neste ano, o autor participa da Antologia Gueto: Paraty 2023 e da coletânea de contos Off-Flip 2023, que será lançada na programação do Polo Sociocultural Sesc Paraty durante a FLIP.
Sobre o livro
Lima Trindade
No texto da orelha, o escritor Lima Trindade descreve o livro desta maneira:
O que você faria se descobrisse uma parte da sua vida descrita num livro até então desconhecido por você, mas um grande sucesso de vendas e críticas? Se, numa tarde qualquer de domingo, reclinado na poltrona de um cinema, percebesse que o filme rodando na tela à sua frente, um filme premiado, retratasse justamente uma experiência muito particular sua? Ou se a peça de maior destaque no teatro da sua cidade expusesse justamente os seus segredos mais íntimos para o grande público? Ficaria feliz? Sentiria raiva? Consideraria um insulto? Uma homenagem? Essa é apenas uma entre tantas provocações que Décio Torres Cruz nos lança logo na abertura de seu “Histórias Roubadas” e que, invertendo e somando novas perspectivas, cores e ritmos, paira pelos contos que compõem o volume.
Exibindo capacidade criativa e um amplo repertório de referências da cultura de massa contemporânea, o autor coloca em xeque as noções binárias que temos de realidade e ficção, originalidade e cópia, erudito e popular, literário e não literário, apropriação e roubo. Curiosamente, trata-se do mesmo crime orquestrado por Maurício, o médico que decide se tornar escritor no conto “O ladrão de histórias”, e por Ricardo, o diretor de cinema de “Era uma vez uma cidadezinha”. Ambos, personagens e mentores de um jogo de espelhos que ultrapassa o recurso da metalinguagem para revelar o aspecto cômico existente não somente nos palcos, mas também por trás dos panos.
(…) Embora seja um livro de estreia neste gênero, Décio Torres Cruz não decepciona em suas escolhas. Que seus leitores se tornem cúmplices deste seu delito.
Teolinda Gersão
A escritora portuguesa Teolinda Gersão assim apresenta o livro no texto da 4ª. capa:
“Histórias roubadas” é um livro irônico e divertido, em que pequenos absurdos, memórias, acidentes e acasos são tingidos pela imaginação e pelo enorme prazer de efabular. Pelo ritmo acelerado, e a diversidade dos assuntos, pode talvez aproximar-se da crônica: também aqui narrativas múltiplas e diversas, partindo não importa de onde, se desenvolvem, com mão segura, de uma forma breve. Assim, por exemplo, “Sobre ondas e bancos de areia” entrelaça um banho de mar em que há risco de vida, incursões e divagações literárias e uma história breve do Rio de Janeiro; “A avó do Wesley” é a descoberta inesperada do eu e do mundo; encontramos alusões a Borges, e a muitos outros autores e livros; crítica social interna; grandes perguntas sem resposta, por vezes poéticas ou metafísicas; finais felizes – talvez a prazo – e finais abertos, de escolha múltipla; e mesmo uma história sobre o perigo de escrever histórias, (“roubadas” ou não).
O que prevalece, no entanto, do início ao fim é a esperteza de viver por entre os pingos das calamidades, e o atrevimento de fruir o que é possível, com um sorriso irônico e contagiante. Entra-se na leitura como num meio de transporte rápido, e a viagem faz-se em boa companhia. Arrisco vaticinar que este livro pertence ao número dos afortunados, que têm numerosos leitores à sua espera.
Entrevista
O ArteCult conversou com Décio Torres Cruz sobre o lançamento de Histórias roubadas e outros assuntos.
ArteCult: Recentemente, você tomou posse na Academia de Letras da Bahia. Como tem sido a vida de acadêmico?
Décio Torres Cruz: Tem sido uma experiência muito interessante, produtiva e agradável. Tenho me mantido envolvido com vários eventos da Casa, como lançamentos, palestras, reuniões e interações com outras instituições e órgãos históricos, artísticos e culturais. A programação é bastante intensa, o que demonstra a grande atividade da Academia, que, cada vez mais, se preocupa com uma maior interação com a população local.
AC: Na FLIP recém-encerrada, você participou de alguns lançamentos. Fale um pouco sobre eles.
DTC: Foi a minha primeira participação nesta grande festa literária, e é sempre um grande prazer retornar à linda Paraty. Conheci muitas pessoas interessantes, não só escritores, mas também agentes culturais e pessoas comuns que vêm à festa ou moram na cidade. A cidade inteira vira uma grande festa literária e cultural, com muitos shows, palestras, bate-papos, lançamentos, e a gente encontra pessoas de diversas partes do Brasil e do mundo. O mais interessante é que a chuva não atrapalhou muito, as pessoas continuavam andando pelas ruas e participando dos eventos. Tive um conto inédito, “Noite de estreia”, selecionado para a coletânea do Prêmio Off-Flip e pude participar do lançamento desse livro na Casa SESC no dia 24/11.
No dia 25/11, participei da sessão de autógrafos do meu livro Paisagens interiores, na Casa Gueto, e também do lançamento da coletânea Casa Gueto FLIP 2023, que também inclui um poema meu, “Lavrando palavras”.
É uma experiência sensacional participar dessa festa.
AC: No caso específico de Histórias roubadas, de onde veio a inspiração para que você escrevesse o livro?
DTC: A ideia surgiu por acaso quando lembrei do fato de Shakespeare ter se apropriado de enredos de vários autores e ter reescrito histórias em forma de peça que se tornaram muito mais famosas do que os textos originais, como é o caso de Rei Lear, Romeu e Julieta e várias outras. Daí veio a ideia de escrever sobre alguém que descobre essa faceta do autor mais famoso da literatura inglesa e resolve repetir a façanha, recontando histórias que um amigo psicanalista ouvia de seus pacientes. A partir daí, a fabulação tomou conta.
AC: Você já lançou Histórias roubadas em Salvador, Aracaju, São Paulo e Maceió. Qual a sua expectativa para o lançamento no Rio de Janeiro?
DTC: Passei parte de minha adolescência no Rio e depois retornei já adulto. Embora alguns dos contos se passem em diversas cidades do Brasil, muitas das histórias desse livro têm como cenário o Rio ou seu entorno. A nossa memória é sempre articulada como fonte da criação. As lembranças de acontecimentos reais, como uma cena de meu quase afogamento na praia do Leblon, foram usadas para compor o enredo de um conto (“Sobre ondas e bancos de areia”) que dialoga de forma irreverente com a história do bairro. Outra conto, em estilo pop, sobre descoberta adolescente da sexualidade (“A avó do Wesley”) também se passa no Leblon e adjacências. “Margô e seus sonhos postergados” estabelece uma ponte entre Minas-Copacabana-Londres-Amsterdam-Angra-Paraty. “As tias” liga Resende a Nova Iorque. “Maria Hortência com H” é uma história hilária que se passa em Copacabana. Sem falar da história de amor adolescente “A moreninha suburbana em Paquetá”. Acredito que os leitores que moram no Rio irão se identificar muito com o livro.
AC: Planos futuros: o que vem por aí em 2024?
DTC: Um livro infantil, um livro de crônicas de viagem, um livro de poemas e um livro de contos, no qual o mote é o mistério do aparecimento e desaparecimento de um caderno de escritos. Todos estão prontos, aguardando resultados de concursos e de editoras. Além disso, estou traduzindo Histórias roubadas e Paisagens interiores para a língua inglesa. E tentando achar tempo para terminar um romance que comecei a escrever em inglês e, simultaneamente, estou escrevendo sua tradução para o português.
Sobre o autor
Décio Torres Cruz é escritor, crítico literário, poeta, professor e pesquisador da Ufba e da Uneb. Membro da Academia de Letras da Bahia e da Academia Contemporânea de Letras de São Paulo. Ex-bolsista da Fulbright, Capes e CNPq, é Ph.D. em Literatura Comparada pela State University of New York (SUNY) em Buffalo, EUA, mestre em Teoria da Literatura, especialista em Tradução e bacharel em Letras/Língua Estrangeira Inglês pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Fez pesquisa pós-doutoral sobre as adaptações de Shakespeare para o cinema em Londres. Já atuou como tradutor, intérprete, professor e coordenador de cursos e de atividades culturais de vários institutos de idiomas da Bahia e do Rio de Janeiro.
É autor dos livros: Histórias roubadas (Guaratinguetá, SP: Penalux, 2022), contos; Paesaggi interiori (Soresina, Itália, 2022), poemas; Paisagens interiores (São Paulo, Patuá, 2021), poesia; The Cinematic Novel and Postmodern Pop Fiction: The Case of Manuel Puig (Amsterdã; Filadélfia: John Benjamins, 2019), livro que faz parte da série da Fédération Internationale des Langues et Littératures Modernes (FILLM) da Unesco; Literatura (pós-colonial) caribenha de língua inglesa (Salvador: Edufba, 2016); Postmodern Metanarratives: Blade Runner and Literature in the Age of Image (Londres; Nova York: Palgrave Macmillan, 2014); English Online: Inglês instrumental para informática (São Paulo: Disal, 2013); O pop: literatura, mídia & outras artes (Salvador: Quarteto/Uneb, 2003; 2013); Idea Factory: 100 Games and Fun Activities for your English Classes (Salvador: Edufba, 2012; 2013); Inglês para Administração e Economia (São Paulo: Disal, 2007); Inglês para Turismo e Hotelaria (São Paulo: Disal, 2005); e Inglês.com.textos para informática (São Paulo: Disal, 2003). Além desses livros, publicou poemas, contos, crônicas, traduções em antologias e revistas e escreveu diversos artigos e capítulos de livros em português e em inglês em várias áreas.
Foi um dos autores premiados do concurso Um rolé pelo Rio, com a crônica “O jardim do coração partido”, publicado em e-book pela iiLer da PUC-Rio em parceria com a Unesco (2021). Publicou dois poemas traduzidos do espanhol para o português do poeta José García Nieto no livro Às margens do Douro (Salvador: Instituto Cervantes, 2022). Participou da coletânea de poemas Sarau impresso (São Paulo: Patuá, 2022); da Antologia Gueto: Paraty 2022 (São Paulo: Casa Gueto, 2022); e da coletânea de contos Todos os Saramagos (Belo Horizonte, 2022). Este ano, participa da Antologia Gueto: Paraty 2023 e da coletânea de contos Off-Flip 2023, que será lançada em 24 de novembro na programação do Polo Sócio Cultural Sesc Paraty durante a FLIP.
Confira também a entrevista que realizamos com o autor no projeto AC Encontros Literários:
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SERVIÇO
LANÇAMENTO : Histórias roubadas
- Autor: Décio Torres Cruz
- Lançamento: 30 de novembro de 2023.
- Horário: 18h
- Local: Bar Ernesto. Endereço: Largo da Lapa, 41 – Centro, Rio de Janeiro – RJ
- Link de Venda (Editora Penalux): https://www.editorapenalux.com.br/loja/historias-roubadas
- E-mail do autor: deciotc@ufba.br
- Telefones: (71) 991884102 / (71) 3264-0865
- Assessoria de Imprensa: Paula Ramagem